Do You Speak Korean? | minsung

Haven

À medida que as coisas se acumulam mais e mais, você vai ficando exausto, você vai querer escapar, se perguntando se você deveria apenas desistir de tudo. - Haven - StrayKids.

†

10h da noite e Jisung estava no jardim de sua casa. Seus pais estavam na sala assistindo alguma novela japonesa e lá estava ele, no jardim, sozinho e com um chapéu de aniversário em sua cabeça, sentado nos degraus que davam da grama até a porta que se encontrava fechada, observava as estrelas lembrando do passado.

Lembrou do seu aniversário de sete anos, quando Hyunjin o deu a boneca que sempre quis ter, mesmo com os seus tios e semelhantes familiares dizendo que homens não podiam brincar de boneca. Os pais de Jisung não costumavam dar brinquedos aos filhos, pois os tios, avós, avôs e primos, sempre os presenteavam com muitos brinquedos, então os pais do garoto não viam lógica em entupir os garotos de brinquedos que muita das vezes nem iriam usar; e Jisung e Hyunjin sempre preferiram usar a imaginação do que usar brinquedos, quase não usavam os mesmos. E assim, os pais de Jisung nunca souberam da vontade imensa que o mesmo possuía em ter um boneca. Ele tinha tantos bonecos, queria apenas uma boneca para diversificar sua belíssima coleção. O garoto ficou demasiadamente feliz quando recebeu o presente do irmão, ele nunca esqueceu daquilo.

Também lembrou de quando o Hwang se ofereceu para ser sua cobaia de maquiagem quando Jisung estava aprendendo. Ele lembrava dos bons momentos que teve com o seu irmão mais velho, mas isso até Hyunjin estragar tudo com aquele orgulho e ego gritante. Hyunjin sempre quis ser filho único, uma hora ou outra ele não iria mais aguentar fingir estar tudo bem com a presença de um segundo filho. Contudo, o tempo passou e Jeongin nasceu, depois do nascimento do irmão caçula, Hyunjin pareceu deixar de lado o seu ódio suprimido e começou a tratar Jisung como um irmão novamente, mas para a inveja e frustração de Jisung, começou também a tratar Jeongin como se ele fosse a pessoa mais importante do mundo. Entretanto, o ruim nem era isso, mas sim o fato de Hyunjin ser, totalmente e completamente, distante. Ele fazia Jeongin se sentir o ser mais aclamado e adorado do mundo mas nunca estava lá para ele. E em vista disso, aconteceu o que Jisung mais temia, a infância e adolescência de Jeongin foram igualzinhas a dele. Mesmo Jeongin tendo Jisung para si, Hyunjin ainda lhe faltava, e Jisung podia sentir esse sentimento de falta e vazio no irmãozinho.

Perdido em pensamentos, Jisung ficou por um bom tempo, todavia, foi tirado de sua profundidade do passado quando seu celular tocou.

— Vejo que não mudou de número. — falou, descaradamente, a voz na outra linha. Perplexo, Jisung permaneceu, não conseguindo dizer nada ao ouvir aquele tom de voz afiado que tanto conhecia e que com o passar dos anos o começou a irritar. — Eu não sabia se te ligava ou não, mas resolvi te parabenizar, maninho... — dizia embargado e arrastado, pela sua voz parecia que estava alterado por alguma bebida forte. — Feliz aniversário, Jisung. Espero que não esteja com raiva de mim. — falava claramente, mas por sua voz pesada ainda havia algum empecilho.

Estático, Jisung permaneceu. Sua boca entre aberta, suas mãos suando frio, seu coração a mil por hora e sua respiração falha tentando encontrar o ritmo.

Com a finalidade de se acalmar, Jisung se pôs de pé suspirando pesadamente.

— Por que me ligou? — indagou tentando entender o porquê da ligação repentina.

— Não deixei óbvio? — ponderou, mesmo que um pouco alterado, rindo embargado. — Pensei que fosse mais esperto. — em escárnio riu mais ainda.

— Por quê? — questionou suspirando, seus olhos marejados e seu coração doendo, as lembranças eram o que mais machucavam. Estar vivo e poder se lembrar, era algo doloroso. — Por que, Hyunjin? — o garoto mais velho apenas ria com dificuldade, pigarreando vez ou outra. — Me responde! — já irritado com a indiferença grotesca do irmão, ralhou.