vinte e oito

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CAPÍTULO 28

Faltavam quase dois meses para o baile.

Consequentemente faltava um pouco mais de dois meses para as aulas acabarem e eu finalmente me graduar no ensino médio.

Pensar naquilo me deixou desesperada, mais do que eu pensei que deixaria. Eu havia feito a minha inscrição nas faculdades que eu queria, mas não sabia como iria pagar. Meu pai estava cada vez mais certo de que eu não merecia o seu dinheiro e teria que conseguir sair de casa sozinha.

Ou seja, o namoro falso com Cole foi um erro.

Mas naquele momento, eu nem sabia mais o que era falso ou não. Então, não tinha muito o que fazer. Eu teria que conseguir uma bolsa de estudos ou não poderia sair de casa. Teria que trabalhar em algum lugar nessa cidade, sendo que eu não tinha experiências com nada e era um desastre em qualquer coisa que envolvia trabalho braçal.

Eu estava fodida. Não tinha outra jeito de explicar. Fodida, fodida, fodida.

Pensava nisso enquanto pegava o meu material para sair da aula de química avançada após o sinal tocar. Eu estava cansada. Havia estudado tanto para a prova que achei que o meu cérebro apenas processava coisas que envolvessem eletrodos.

- Lydia, posso falar com você? - ouvi a voz da minha professora e fechei os olhos.

Esperei que não fosse sobre uma nota ruim. Eu me dediquei demais para ir bem, mesmo sabendo que não tinha mais futuro algum. Me virei com um sorriso para a senhora Parker.

Eu adorava ela. Costumava me elogiar sempre, falando como eu era a sua melhor aluna e tinha grandes conquistas pela frente. Como ela deveria estar decepcionada comigo naquele momento...

- Claro. O que foi?

- Eu soube que você se inscreveu para alguns faculdades de engenharia - ela falou e eu assenti.

- Sim, mas eu não vou conseguir pagar - admiti.

A senhora Parker franziu o cenho e tirou os óculos, me encarando com confusão.

- Como assim? - indagou. - Achei que os seus pais...

- Nós brigamos - respondi rapidamente porque não queria mais tocar no assunto. - Eles não vão pagar.

- Ah, Lydia... por que você não me disse antes? - sua voz saiu tão terna e sincera que eu pensei ter escutado errado.

- Eu não achei que teria algo para fazer - dei uma risada nervosa. - Eu preciso de uma bolsa.

- Sim e você consegue! - exclamou e eu estreitei o olhar. - Você se inscreveu para o Instituto de Tecnologia da Geórgia, certo?

Sorri um pouco. O que aquilo significava?

- Sim, eles tem ótimas opções de curso.

- Então, ótimo! - exclamou com tanta animação que eu tive que rir. - Eu consigo uma carta de recomendação para você e uma prova para conseguir a bolsa!

- Você tá zoando? - perguntei quase imediatamente, soltando uma risada incrédula.

Talvez não deveria perguntar para minha professora de química se ela estava me zoando, mas estava muito chocada para me importar com boas maneiras.

- Claro que não! - ela deu uma risada e depois ficou séria, me lançando uma piscadela. - Eu não brinco com o futuro dos meus alunos.

Senti que meus olhos começariam a marejar de felicidade e apenas pulei em seu pescoço para um abraço. E talvez fosse inadequado ser tão íntima da sua professora, mas ela estava literalmente concretizando o meu maior sonho e eu não poderia estar mais agradecida.

Só FingindoOnde histórias criam vida. Descubra agora