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CAPÍTULO 10

O Inferno até que não era um lugar tão deplorável quanto eu imaginei. O som era alto demais e cheirava a suor acumulado, mas tinha uma boa acústica e era espaçoso. Além disso, a música era boa.

Mas definitivamente parecia mais uma rave do que uma simples festa.

Quando chegamos, achei que não iria conseguir ficar bem. Mas Sugar e Jackson até que foram legais – eu sei, chocante –, então me permiti não ficar emburrada cem por cento do tempo. Apenas noventa por cento.

Estava sentada numa das mesas, ouvindo a música alta e mexendo no celular, enquanto os amigos de Cole falaram que iriam até o bar conseguir bebidas. Saíram pelo mar de pessoas e eu duvidei se iriam voltar vivos.

Tinha que admitir que o DJ era bom, porque quando começou a tocar uma versão remixada de "Love Will Tear Us Apart" nem fiquei incomodada por não terem colocado a versão original de uma das minhas músicas favoritas.

- Joy Division - ouvi Cole sussurrar no meu ouvido, o que me fez virar meu rosto para ele com um sorriso.

Apreciava sua tentativa ao se esforçar para me animar, mas era inútil. Aquela noite estava fadada ao fracasso se dependesse do meu humor.

- Não sabia que punks ouviam Joy Division - brinquei.

Ele revirou os olhos, com uma risada. Eu nunca o havia visto tão descontraído. Combinava com ele.

- Eu não sou punk - falou, fingindo estar bravo. Arregalei os olhos. - Sou eclético.

Assenti, rindo. A multidão dançava desenfreada quando eu vi Sugar e Jackson abrindo espaço entre eles.

- Não vou ficar surpresa quando você falar que escuta Selena Gomez, então - falei.

Ele soltou uma risada bem no momento em que os amigos voltaram com quatro garrafas de água. Franzi o cenho. Onde estava o álcool?

- Cara, está selvagem lá - falou Sugar, suspirando de alívio. - Ainda bem que conseguimos bala para todo mundo.

Virei para Cole, sem entender.

- Bala? - indaguei.

- É, ecstasy... - explicou, dando de ombros. - Você não precisa usar se não quiser. É só algo que fazemos sempre que vamos para cá.

Assenti, processando sua fala. Eles deixaram as garrafas em cima da mesa e entregaram um pequeno comprimido para cada um. Sugar passou um para mim e piscou.

- Vai te animar, se você quiser - falou. - Só precisa beber muita água e nada de álcool.

Fiquei curiosa ao vê-los colocando a droga na boca e dando goles nas águas. A música alta estava atrapalhando os meus sensos, porque o meu primeiro pensamento foi me dar essa oportunidade.

Queria apenas esquecer o quanto meu pai havia me magoado e o quanto eu estava quebrada por dentro, e se isso significava usar drogas e me jogar no desconhecido, teria que tentar.

Coloquei na minha língua e engoli sem dó, virando a garrafa de água. Vi que Cole me olhava meio preocupado e dei um sorriso. Ele não tinha com o que se preocupar. Era só uma droga, nada demais. Certo?

Como não aconteceu nada nos primeiros cinco minutos, achei que nem faria efeito. Bom, pelo menos eu havia tentado afogar minhas mágoas.

Nunca havia usado nenhuma droga, apenas muito álcool entrava no meu corpo, então não deveria ser uma experiência tão diferente assim.

Só FingindoWhere stories live. Discover now