quarenta e seis

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CAPÍTULO 46

Cheguei em casa sentindo o peso de um muro de concreto nas minhas costas.

Só conseguia pensar em quanto havia sido tão estúpida em confiar tanto nas palavras de Sawyer. Eu acreditei até quando ele disse que amava, mas claramente não era verdade. Se ele me amasse não teria mentido para mim. Não omitiria algo tão sério assim. Eu dei tudo de mim para alguém que não estava disposto a dar o mesmo.

Eu fui, como sempre, muito patética.

Aquele deveria ser o ponto final de uma história caótica que eu mesmo decidi criar, mas descobri logo após ver meus pais na sala que estava enganada.

Aquela história não estava terminada.

Meu pai estava segurando um jornal na mão e abaixou os óculos quando me viu, dando um sorriso caloroso.

- Como foi a viagem, querida? - perguntou e eu franzi o cenho.

Ele não deveria estar sendo gentil assim. Algo estava errado.

- Boa - murmurei, já prestes a me virar e ir até o meu quarto. Mas, após um pensamento estranho passar na minha cabeça, me virei para ele novamente. - Pai, você sabe onde Cole está?

Meu pai abaixou o jornal e me encarou.

- Seu namoradinho? - Sorriu novamente e eu senti um calafrio subindo pela minha espinha. - Não faço ideia.

Comprimi uma exclamação entalada na minha garganta. Ah, não. Ele estava mentindo.

Se eu não consegui ler os olhos de Sawyer na delegacia, conseguia decifrar completamente os pensamentos de Owen Carpenter quando proferiu aquelas palavras. Ele sabia sim algo de Sawyer. Sabia e muito.

- Hum, ok, obrigada - murmurei, já subindo correndo até o meu quarto.

Ah, não. Não. Não. Não.

Ele deveria ter algo a ver com a prisão de Sawyer. Como eu iria descobrir isso? Ele nunca iria admitir.

Pensei na única coisa que poderia fazer e não achei nada que fizesse com que esse quebra-cabeças ficasse mais lógico na minha mente. Se Cole não era o culpado, quem saberia? Ele não estava com Caroline na hora e não falaria com ninguém se fosse verdade.

Mas talvez o dono do carro soubesse.

Pesquisei o número da oficina de carros do Timmy e liguei no mesmo instante, escutando a voz do homem na linha.

Subitamente lembrei do dia que consegui o emprego para Sawyer o vi sorrindo pela primeira vez para mim. Meu coração apertou só de pensar naquilo.

- Alô?

- Oi, Timmy, sou eu - falei. - Lydia Carpenter.

- Ah, oi, Lyds - disse. - Como está Cole? Está com ele aí?

Engoli seco, não conseguia respirar direito.

- Na verdade, não - afirmei. - Ele foi preso.

- O quê?! - indagou, elevando a voz. - Quando?

- Hoje de manhã - disse. - Acharam drogas no carro dele... Seu carro.

- Drogas no meu carro?! - gritou outra vez e eu tirei um pouco o telefone do ouvido. - Não são minhas as drogas. O carro está com ele desde sexta.

- Desde... sexta? - repeti.

Fiz as contas na cabeça. Eu havia viajado sexta de noite para chegar de manhã na Califórnia. Não havia visto os meus pais antes de sair de casa.

Só FingindoKde žijí příběhy. Začni objevovat