Depois de escrever "As coisas que falo com o espelho" (dos 14 aos 17 anos), um livro que foi durante os 3 anos do ensino médio meu porto seguro de poemas e desabafos, cheio de amores platônicos e corações partidos eu decidi continuar com a poesia ne...
Acorda, esquece de comer e estuda pro vestibular, a prova foi adiada mas tenta não surtar, lida com a ansiedade e vai trabalhar, respira, não pira, eles não podem notar. O aluno diz que não é obrigado a fazer a lição, respira, você também não queria ser obrigada a lidar com falta de educação. Trinta minutos de intervalo e mal dá tempo de comer, mas tem que sorrir no próximo período, ninguém tem culpa que você ser você. Trabalha, trabalha, trabalha, chega em casa as dez e já é hora de dormir, mas então o dia não valeria a pena pois não teve nada que te fez sorrir, vai ver uma série desestressar, falar com seus amigos, mesmo que não possa os abraçar, a falta deles te mata um pouco todo dia e amaldiçoa mais uma vez a porra da pandemia. Vai dormir com a cabeça pesada pensado que deveria estudar, você é pobre e pobre se não tiver faculdade só serve pra atender celular. Pensa mais uma vez em tudo o que quer fazer, quer mudar o mundo e dar voz para aqueles que foram impedidos de vencer, o sono bate e pensa mais uma vez antes de dormir: se eu não acordasse amanhã, o que teria deixado aqui? E em parte, queria não acordar, a vida é dura pra quem não tem espaço pra voar.
Com o coração na mão acorda mais uma vez, a ansiedade batendo a porta e você sabe que vai atacar, mais não tem jeito tu precisa do salario então vai trabalhar, sexta feira chega, respira, as contas não vão fechar, mais uma vez! Que novidade, nada rende nesse mercado. Manda o governo tomar no cu, professor é muito desvalorizado, como é que eu vou ser independente nesse país de merda? Nada muda, nada muda, quem tá por baixo não ganha na mega. E só queria ter nascido um pouquinho mais privilegiada, não ter que se preocupar com trabalhar tanto e não ter quase nada, se ao menos eu fosse um pouco mais inteligente, mas nasci poeta, e o que faço? Se a poesia não ajuda a gente, derramo tudo no papel, cada suor, lágrimas de verdade. As vezes queria nem ter nascido, Freddie Mercury eu entendo a realidade.
Hoje olhei pela janela e gritei sem sair som, em cinco minutos ou menos começou o trovão. Uma parte pequena de mim ficou feliz que o céu chorasse comigo, uma tempestade repentina fez da minha própria confusão abrigo. Senti como se o universo falasse comigo, dizendo "não desiste menina, é só o inicio". Só mais um dia, só mais cinco minutos, não canso de repetir.
Lutando todos os dias contra a vontade de sumir.
Hoppla! Dieses Bild entspricht nicht unseren inhaltlichen Richtlinien. Um mit dem Veröffentlichen fortfahren zu können, entferne es bitte oder lade ein anderes Bild hoch.
