Há cinco anos atrás eu escrevi uma carta pra mim mesma
ela dizia "fuja, fuja antes que se esqueça de quem é"
cinco meses atrás eu olhei para o papel e para quem o escreveu
Jovem e idealista eu mesma de 13 anos, tinha absoluta certeza de que a vida era uma ilusão, as pessoas eram monstros e a verdade só se via com o coração. Ela quem pixava muros de spray rosa e invadia casas abandonadas só para sentar e pensar, quem fez família nos livros, morreria pelos amigos e só tinha uma certeza no mundo: esse não era o seu lugar. A menina que enlouquecia a mãe, a irmã e a tia, na escola era estranha e não sabia desabafar mas escrevia, que sonhava em fugir e encontrar um lar...
onde essa menina foi parar?
Eu achei que aos 18 saberia o que fazer mas acontece que, nunca me senti tão perdida. Então eu vejo a carta na estante, pegando poeira junto dos meus heróis de livros que um dia me inspiraram e meus poetas mortos culpados pela minha necessidade de declamar. Talvez eu soubesse exatamente quem eu era aos treze quando todos achavam que eu era doida, tá ficando exaustivo fingir ser normal.
Talvez eu devesse me escutar e fugir pra algum lugar onde não saibam meu nome, quem eu sou ou onde deveria estar. Talvez seja exatamente por isso que escrevi a mim mesma a cinco anos atrás.
Pra decidir que tipo de pessoa eu quero ser antes que seja tarde de mais.
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As coisas que escondo do espelho
PoetryDepois de escrever "As coisas que falo com o espelho" (dos 14 aos 17 anos), um livro que foi durante os 3 anos do ensino médio meu porto seguro de poemas e desabafos, cheio de amores platônicos e corações partidos eu decidi continuar com a poesia ne...