-para todas as musas que já pintei

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O que me dói
É que transformo cada corte
Em linha
Cada gota
Em tinta
Cada palavra em sina
E me obrigo a reler

O que me dói
É que minhas dores viram livros
Minha arte de corações partidos
De modelos que não mereciam se ver

Espelhados na minha vida
Em pedestais de prata fina
Museu mórbido após a chacina
Da minha mente quando precisa escrever

O que me dói é que você
Pode abrir meus livros e entender
Destrinchar cada estrofe em busca de si mesmo e como me fez sofrer, você pode rasgar meus poemas mal interpretados gritar para o mundo que também foi machucado você pode se enxergar na minha mente e se ver como te vi.

Eu sou cada linha dos meus textos e transformei em personagens principais aqueles que não mereciam me ler. E se transformasse meus poemas em livros eles seriam cartas fúnebres em memória dos que me fizeram sangrar.

Então cravo na capa uma mensagem a todos aqueles que podem se ver aqui.

Cada gota que caiu
É minha, nenhuma única lágrima
pertence a você
Não ouse se vangloriar de ser uma obra de arte quando quem pintou fui eu.
Porque quando coloco fogo nos meus quadros eles queimam quando tiro a rima dessas estrofes elas deixam de existir. E se eu decidir que não vejo mais beleza no que senti...

Não haverão registros de que você sequer esteve aqui.

Essa poesia é minha e os golpes que você desferiu também.

E sua memória está a um milímetro do botão de deletar... A história é contada pelos vencedores e eu nunca deixei o passado ganhar.

-Vocês foram as obras mas eu sou o museu.

As coisas que escondo do espelhoWhere stories live. Discover now