Minha vó diz que muita da sabedoria que a gente tem, vem de outra vida. A sabedoria que adquirimos errando pra não errar de novo na próxima.
Ela sempre me tratou como se me conhecesse a muito tempo, mesmo quando era criança. Mesmo não sendo seu sangue, ela dizia:
"Sangue é muito pouco, quase nada. Eu te conheço desde antes de nascer minha filha, o que nos conecta sempre foi o amor"
Então me parte o coração quando penso que ela é o tipo de alma que vai sempre voltar pra esse mundo pra torna-lo melhor. Mas fiz minha escolha a muito tempo e eu não volto mais, e acho que isso faz com que a vida seja muito mais assustadora.
Quando partir, estarei morta para o mundo e também para os deuses. Morrerei até para mim mesma, nunca tive medo do fim, não tenho a necessidade de existir. Tenho medo da vida! Essa sim me apavora, me dá calafrios, pra mim estar viva sempre foi a maior loucura que cometi.
É por isso que digo que ninguém jamais terá vivido como vivi. Eu morro de medo todos os dias e ainda escolho me levantar, eu amo as pessoas hoje por que sei que é a última vez que vou as amar, eu sonho tão alto quanto posso e luto com toda a força que tenho pra dar. Esse planeta terá o melhor de mim antes que o tempo consiga me levar.
Não deixo a ideia de um céu me conformar com o inferno do mundo, não busco redenção divina tampouco busco perdão. Queimem os livros sagrados e seus mártires e vejam as pessoas pelo que são, minha humanidade é uma escolha não uma ordem, minha liberdade não foi um presente a vida não é uma obrigação.
O paraíso faço aqui
O inferno vivo aqui
Meus pecados pago aqui
A vida não me espera partirDeus e o Diabo só existem
Se você espera os encontrar
E se você conhecesse meus demônios veria que
Eu nunca fui de esperarEntre viver a vida com medo e encontrar conforto nas palavras de um réu. Escolho o pavor do desconhecido que só a morte pode me mostrar.
Seus joelhos calejados por imagens de cerâmica ocas, minha mente machucada por ideias impossíveis tolas, eu vivo minhas farsas também.
Mas entre viver pela metade e sofrer, eu choro e torço para que minhas lágrimas me ajudem a enxergar. Sigo vendo tudo com o olhar doído de poeta e repetindo para quem quiser escutar:"Não deixe que os Santos amorteçam você, em ordem de estar vivo, você precisa morrer"
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As coisas que escondo do espelho
PoetryDepois de escrever "As coisas que falo com o espelho" (dos 14 aos 17 anos), um livro que foi durante os 3 anos do ensino médio meu porto seguro de poemas e desabafos, cheio de amores platônicos e corações partidos eu decidi continuar com a poesia ne...