-se não nessa vida, quem sabe na próxima. Te vejo por aí

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Eu to parada na cozinha, bem aonde seu banquinho costuma ficar. Aquele que eu te obrigava a sentar (nas raras vezes) quando cozinhava porque você NÃO CONSEGUE SE SEGURAR e sempre acabava fazendo tudo. Você sempre fez de tudo. E eu prometi que te daria facas novas pra eu poder te ajudar e agora tem um corredor do mercado que eu desvio os olhos pra passar. Ontem eu pensei em comprar um conjunto, mas daí pensei: pra quê?

Eu to parada e pensando que a última vez que eu te vi nós entramos na ducha gelada e caminhamos 4,5 quilômetros no sol pra pegar economizar em uber, que ouvimos aquela musica do Supercombo e cantamos juntas e eu nunca lembrei de te mandar as fotos que tirei. E pensar que a 1 ano atrás eu estava com medo de te convidar pra entrar porque a casa era simples e não sabia o que ia pensar.

É egoísta que eu não queira te perder?
Eu sei a resposta. Mas prefiro não responder.

A última vez que saí da sua casa, a gente disse que se amava e tava disposta a tentar. E eu pensei se realmente queria perder as sessões de comédia barata ás 23h só pra te ver, e se eu nunca mais pudesse te abraçar enquanto lavava louça, te ouvir reclamando da cortina que nem louca, jogando WAR, te ver sorrir... Era melhor eu ter certeza de partir, de uma vez só, porque eu sabia que iria doer. Era uma faca de dois gumes e eu sabia que iria ser pior pro lado que não soltar.

Eu só quero que você saiba que aqui também tá doendo, que eu também te vejo pelos cantos e tá difícil de dormir. Que se vale de alguma coisa, até a dor a gente dividiu. Que minha mãe também te ama e ela não gostou nadinha de te perder, que você é da família é a casa tá estranha sem você e eu sei que é egoísta tentar me justificar, mas eu acho que sou muito imatura pra tentar.

Eu não estava pronta pra unir minha vida a sua porque ainda tô tentando descobrir quem eu sou, e 19 anos não foram o suficiente pra me preparar eu não sou uma pessoa decidida.

Mas sei que não estou pronta pra encontrar o amor da minha vida.

Então por mais que me doa bastante eu já entendi que preciso te deixar ir, e que as lágrimas que estão descendo agora não são motivos pra insistir.

Você merece distância para se curar de mim.

Então eis o meu último presente ao invés das facas de natal.

Contra todos os meus instintos
Eu to te deixando partir.

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As coisas que escondo do espelhoOnde histórias criam vida. Descubra agora