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Martin

Assim que eu vi as veias dela sendo preenchidas por aquela coloração negra, entendi e percebi o que realmente tinha acontecido com ela.

Não bastasse o ferimento ter sido feito num lugar bem complicado por si só, a lâmina ainda estava imbuída desse veneno maldito e assassino.

É uma benção eu saber como o veneno atua, porém uma maldição que com apenas a minha magia de guardião as minhas opções estejam limitadas a uma. Não posso colocar essa responsabilidade em mais ninguém, eu mais uma vez falhei com a Megan.

Pelo menos eu posso usar a ligação que tenho com ela para fazer isso. Será minha última escolha, e fico feliz que no final eu consegui fazer algo.

Mas tenho que agir rápido agora.

— Adam! — digo o mais calmo possível para o jovem que está transbordando de ódio a poucos passos de mim. — Já sei o que tenho de fazer, você confia em mim?

— Peça-me algo mais fácil Martin! Eu confiava na Sarah e...

— Mas ela não é nem nunca foi o guardião da Megan. Quanto mais tempo demoramos aqui, maior é chance dela não sobreviver e-

— Não precisa terminar a frase. Apenas, faça o que tem de fazer. Sei que de algum jeito ela vai ficar bem — ele diz com um tom de voz tão baixo e falho, que me faz ter ainda a convicção de que eu tenho de fazer isso.

Vai dar tudo certo. O meu ato final.

— Preciso que nada me atrapalhe nesse momento, você consegue fazer isso? — pergunto e vejo quando ele afirma com a cabeça.

Seu olhar se afasta do meu e vejo quando recai na prisão de elementos que ele criou. Seu olhar agora fica duro, raivoso, porém cheio de certeza ele vira para mim e concorda mais uma vez. Quando tenho certeza que não vou ser interrompido, busco na memória com clareza os meus próximos passos.

Quando nos ensinaram isso, torceram para que nunca precisasse chegar o dia em que necessitássemos utilizar de fato essa magia. Aprendemos essas palavras com tanto medo, com tanto cuidado que elas ficaram marcadas em minha mente como tatuagem.

Marcadas de um jeito, que nem se quiséssemos esquecê-las, conseguiríamos.

Sei que é seguro remover essa adaga do peito dela, então faço isso, mas ainda sim com cuidado. O sangue não jorra, respinga ou faz nada, apenas fica um líquido coagulado preso na lâmina.

Ela não demonstra nenhuma reação de dor ou resposta, e fico preocupado, mas quando vejo a evolução das veias negras, sei que ainda tenho um pouco de tempo.

Aperto a lâmina com o sangue dela e o veneno contra as palmas de minhas mãos. Deixo que o seu sangue entre em contato com a minha corrente sanguínea, e aperto minhas mãos ensanguentadas em seu ferimento, para que o meu sangue também entre em contato com o dela.

É simples, mas já posso começar.

As palavras começam a sair de minha boca como uma súplica, e falei cada sílaba com o dobro de cuidado, não quero e não vou errar agora.

— Blut gemischt ohne anfang, mitte oder ende. Ein Leben mit dem anderen verbunden. Ein Opfer aus eigenem freien Willen. Und erst dann, wenn würdig, wird die Wunde einer die Wunde des anderen geworden. Nur die physische, weil die Liebe und Magie ist einzigartig und unüberwindbar. Lass es geschehen und so sei es.*

* Sangue misturado sem começo, meio ou fim. Uma vida conectada a outra. Uma vítima por sua própria vontade. E só então, quando dignos, a ferida de um se tornará a do outro. Apenas o físico, pois o amor e magia são únicos e intransponíveis. Que seja feita e que assim seja.

Os Oito DomíniosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora