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 Já faz dois dias que estou aqui, do lado de sua cama, lhe fazendo companhia

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Já faz dois dias que estou aqui, do lado de sua cama, lhe fazendo companhia.

E mesmo ainda não tendo despertado, Adam me passa uma tranquilidade que me energiza. Não quero chamar de coma, afinal, acho essa palavra muito pesada, mas ele não abre desde que minha avó retirou o veneno de dentro dele.

Seus sinais vitais estão estáveis, os exames que o submeteram deram normais, não sabiam o que tinha de errado com ele para que não despertasse.

Eu só saí do quarto um par de vezes para tomar banho, me trocar, esse tipo de coisa. Em algum momento durante esses dias que fiquei aqui com ele, se apiedaram de mim, e trouxeram uma espécie de sofá um pouco mais largo e confortável, já que estou dormindo aqui.

Logo nas primeiras horas que chegamos aqui, um bilhete selado e escrito pelo pai de Adam chegou, agradecendo por minha avó ter salvado a vida do seu filho, e que por mais que ele quisesse vir correndo para perto do filho, não poderia, pois sabia que tinha muitos olhos em cima dele e não poderia correr o risco de denunciar os esconderijos. Mas que para manter as aparências tinha mobilizado uma força tarefa para fingir que estava buscando o paradeiro do filho. Pediu que se possível mandassem notícias de Adam para a província, e mais uma vez agradeceu por salvar a vida do Adam.

Não estou dormindo muito, afinal, as poucas horas que consegui fechar os olhos foram conturbadas por movimentos e pesadelos.

O corte que minha avó fez no braço dele agora é algo do passado, e tudo o que tinha sobrado disso era apenas uma marca suave e clara no comprimento da sua pele. Ela me tranquilizou muito, explicou o que sabia sobre aquele veneno, e me garantiu que ele está fora de perigo, porém, só vou me sentir completamente tranquila quando ele acordar.

Mas uma coisa não me saia da cabeça, e quando compartilhei minhas ideias com dona Edith, ela disse que averiguaria aquilo.

De onde veio aquele veneno na lança?

Já tinha me garantido que ninguém do nosso lado usava aquele veneno, nem em situações extremas, então pela lógica, só poderia ter vindo do lado de lá...

O pensamento mais lógico é que alguém reconheceu o Adam quando ele estava correndo em minha direção e resolveu aproveitar a chance para eliminar uma ameaça. E até então não acho que isso seja uma ideia absurda.

O problema é que mais ninguém do nosso lado foi afetado por esse problema, e bem que gostaria de pensar que tivemos sorte, porém não consigo aceitar aquilo. Isso parece suspeito demais para pensar na simplicidade.

Estou quase cochilando sentada, quando batidas na porta me chama a atenção.

— Oi querida — o sorriso que minha avó abre ao entrar no quarto me faz sorrir também. — Como você está?

— Acho que consegui dormir um pouco mais — minto para ela, e vejo sua boca comprimir um pouco, não acreditando.

— Será que posso dar uma palavrinha com você? — concordo com a cabeça e ela senta ao meu lado. — Querida, nem sei como começar a explicar isso.

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