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 A dor que sinto ao ter meu peito perfurado por um punhal é gigantesca, porém, ao assimilar de onde o golpe veio, faz com que a pontada fique ainda mais aguda

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A dor que sinto ao ter meu peito perfurado por um punhal é gigantesca, porém, ao assimilar de onde o golpe veio, faz com que a pontada fique ainda mais aguda.

Minhas pálpebras parecem serem as primeiras a sentir o peso do golpe, mas, mesmo assim, ergo meu olhar para encara a Sarah. E choque passa pela minha mente ao reconhecer o sorriso que estampa o seu rosto.

O sorriso que ela sempre mostrava quando se sente verdadeiramente feliz. Aberto, sincero. Ele está aqui presente ao me ver sangrar, com o rosto contorcido de dor. Sendo que foi ela a criadora disso.

Quero abrir a boca, falar com ela, mas minha língua pesa dentro da boca, a saliva se acumula ali dentro densa, queimando ácida demais e deixa um gosto estranho. Não separo os lábios, acredito que se eu fizer isso, vomitarei, gritarei ou pior.

Meus músculos começam a sacudir, contrair, expandir e pulsar, e sem conseguir controlar nada, vou de encontro ao chão.

A saliva acumula e se multiplica, porém não tenho forças nem para engolir, muito menos cuspir, apenas sinto escorrer ao lado do rosto. Meu olhar está focado numa madeira no canto do quarto, e a cada momento a enxergo menos.

Tudo está ficando turvo e dormente.

Minha mente, ainda se recusando a cair na escuridão, me leva de volta a lembranças que compartilhei no começo da amizade com a Sarah. Sinto a garganta apertar, não sei se por aquilo que está acontecendo comigo ou por um choro que quer sair, por recordar das risadas que compartilhamos, de lembrar da menina solícita, envergonhada, porém simpática que conheci quando mais nova.

Não quero pensar que essa lembrança é a mesma pessoa que sempre me recebia com abraços apertados e sorrisos amplos.

Tento puxar algum momento em que ela pudesse ter me dado alguma dica, mas nada.

Eu a admirei por boa parte do nosso crescimento e não me parece certo esse momento atual.

Em algum momento meu corpo é virado e estou olhando para o teto da casa na árvore, e por uma fresta ali, consigo ver um pequeno e embaçado pedaço do céu. Pisco algumas vezes até conseguir focar em uma estrela. Não sei que estrela é aquela, mas me sinto bem de, pelo menos, estar olhando algo bonito.

Não sei se é uma nuvem ou minha visão finalmente desiste de mim, mas tudo o que eu passo a ver é uma névoa.

A temperatura parece descer drasticamente e só queria alguma fonte de calor nesse momento.

Se isso é a morte, com certeza ela é mais pacífica do que imaginei, mas bem mais solitária. Queria sentir algum tipo de contato, queria sentir alguma mão sobre a minha.

Pensei sinceramente que a dor apenas levaria tudo embora, que seria piedosa, mas quando uma dor aguda simplesmente sobe por minha coluna e faz uma morada na base do meu pescoço, sei que ela quer judiar de mim um pouco mais.

Os Oito DomíniosDonde viven las historias. Descúbrelo ahora