𝐓he 𝐂ursed 𝐒cars ✦ 𝐚𝐜𝐨𝐭𝐚𝐫

𝐂apítulo 𝟏

"As cicatrizes lembram-nos onde estivemos, mas não têm de nos ditar para onde vamos."

Skye corria por entre as árvores com Opala na mão cortando o mato que lhe atravessava o caminho. Priscilla havia lhe dado a adaga de presente no seu décimo terceiro aniversário,onde a garota começara oficialmente o seu treinamento.Com certeza os restantes jovens que principiavam no acampamento estariam em desvantagem contra a garota e eles sabiam por isso nenhum deles tentara ser menos que hostil para com Skye.Eles sussurravam coisas odiosas sobre seus cabelos claros demais e o pior de tudo, falavam sobre as suas cicatrizes, alguns dos jovens nem sequer faziam questão de esconder os comentários da garota.Eles falavam sobre como ela era uma aberração com todos as cicatrizes por todo o lado.Sobre como ela só estava onde estava por ser filha de Priscilla.Eles riam e humilhavam Skye xingando com um ódio motivado por motivo nenhum.

Em um noite após um treino, quando Skye voltava para a cabana foi cercada por um grupo de peregrinos e peregrinas.

—Andando sozinha a esta hora pequena aberração da mamãe-disse um dos garotos.Skype não tinha como saber quem eram os seis peregrinos que a rodeavam, podia ser literalmente metade daquele acampamento.

–Me deixem em paz.–Skye disse com os dentes cerrados enquanto apertava com força o cabo de Opala.Ela não a usaria, mas sendo um presente da mãe ela sentia como se a força da sua mãe intesificasse a sua.Skye usava um casaco preto grosso que havia virado a sua marca registrada, a camada de pelo era também uma camada de proteção, contra ataques,contra o frio e contra os olhares sobre as suas imensas cicatrizes. 

–Vamos lá "garota de luz" tire esse casaco, deixe-nos ver o seu corpo ,monstro.–A voz era tão fria e lhe magoou tão intensamente, vê-los rir do apelido que a mãe tão carinhosamente lhe dera era como se estivessem maltratando a sua mãe também. 

– Não. –A garota de cabelos platinados tentou soar firme mas o seu tom estava trêmulo e isso não passou despercebido aos jovens que riram.

–Então a grande guerreira peregrina está com medo-outra voz.

–Jamais.

–Pobre garotinha, sem a mãe por perto é só um lobo solitário indefeso.Sinceramente tenho pena da Senhora Priscilla, tão boa e tão forte e teve uma filha como você, cheia de defeitos e problemas, abandonada pelo próprio pai.–diz um garoto com desdém. 

–Ele não me abandonou–gritou Skye

O garoto à sua frente se aproximou e apertou as suas bochechas com uma força tremenda,ela tentou reagir se soltar mas ela estava maleável atingida pelas palavras cruéis. Não conseguiu fazer nada quando a empurraram ao chão com força e o seu rosto ficou sujo pela relva e terra, ela só se concentrou em não deixar as lágrimas  cair. 

–Quanto tempo você acha que demorará, até seu pai cortar totalmente as relações com você, encontrar uma nova família perfeita bem longe de uma aberração como você, se sua mãe fosse inteligente ela faria o mesmo.Olhe para você, não pertence aqui,não pertence a lugar algum, você é apenas uma desilusão para os poucos que têm fé em você.Nunca será ninguém, jamais será digna de algo, pequena Skye.

Skye tremia com a cabeça perto da terra.Os olhos tão marejados que com um movimento mais brusco toda a barreira contra as lágrimas seria abalada.Ela sentiu um pontapé na cabeça mas isso não foi o suficiente para a deixar inconsciente.Skye foi chutada, beliscada, tapeada, socada, tiraram quase toda a sua roupa e queimaram, mas o golpe fatal foi quando pegaram Opala e começaram a fazer cortes ao longo de seu corpo.

"Mais cicatrizes"

Ela não pode deixar de pensar em como alguns deles tinham razão .Skye sentiu a luz e a sombra batalharem pelo seu corpo uma sensação tão fria quanto quente.Ela queria gritar, pedir ajuda, mas não conseguia, não tinha forças.Quando sentiu um barulho ruidoso roube que eram suas asas ,alguém as tinha torcido.Um de seus bens mais preciosos.A dor cega deixou a inconsciente durante o resto da tarde. Não havia mais frio, mais escuridão, apenas dor, crua e nua.Passaram horas e a luz não tinha voltado a Skye, um interruptor desligado.

Quando a luz voltou Skye abriu seus olhos lentamente sentindo cada pequeno pedaço de seu corpo doer.Ela não se conseguiria levantar, a melhor opção seria arrastar-se até à cabana, mas estava esgotada, o que lhe restara era levantar a cabeça e olhar para a lua que se fazia cheia nessa trágica noite.E agora sozinha, deitada apenas à companhia da lua e das estrelas ela desejou ter paz.Que as coisas fossem diferentes, desejou ser feliz como prometera à sua mãe, sentiu que estava desapontando Pricilla. Fechou os olhos com o resto das forças que lhe restava.Desejou aos Deuses e ao Caldeirão que não tivesse nascido tão defeituosa,com tantas cicatrizes feias por todo o corpo.Quando abriu os olhos tinha menos força do que aquela com que acordou.Ela esperou que sua mãe viesse em seu socorro que a tirasse daquele pesadelo, a transportasse até ao sonho onde vivera anos atrás naquele campo que outrora chamava de lar mas agora não se atrevia a fazê-lo. 

Adormeceu a contar estrelas e a pensar que cada uma delas seria um ano que lhe faltaria para alcançar a felicidade que tanto almejava.

Skye nunca mais teve nenhum pesadelo.Mas também nunca mais sonhou.Era só um sono profundo e seco.De olhos fechados ela podia sentir um abraço apertado,não era sua mãe mas também não era o seu pai,eram braços fortes que a sustiveram no ar e que não a deixariam cair.Naqueles braços moldados inconscientemente ela pode pensar em como era a felicidade,como seria pertencer a algum lugar onde ninguém  a julgaria por suas cicatrizes fisicas e mentais.Um lugar onde aceitariam sua escuridão tão bem quanto aceitariam a sua luz.Uma definição imaterial de lar.

Olá !!Espero que tenham gostado do capítulo.

Este é o trauma 1/59282 da Skye kkkk brincadeira (ou não).

Queria agradecer pelas 100 visualizações em muito pouco tempo, obrigada de verdade!