(07) Cicatrizes abertas.

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ATENÇÃO!
Esse capítulo pode ser gatilho para algumas pessoas, fala sobre transtorno alimentar que o Ji tem, então se você acha que não deve ler, não leia.

Usem a nossa # no Twitter, digam lá o que vocês acharam do capítulo! #DançandoPelaAvida

                                           🎸

Sempre há algo que queremos mudar em nossas vidas, há sempre algo que nós nunca ficamos confortáveis, ou felizes de como a situação está. Eu queria poder mudar o passado, concertar coisas que nunca deveriam ter acontecido, ou simplesmente mudar algo que eu disse. Tudo seria diferente.

Mas pense bem, se eu mudasse algo no passado, eu poderia facilmente não ter feito várias coisas em hoje em dia no presente. Pensar nisso é insano, poderia ficar facilmente pensando no meu passado, e no que iria mudar nos dias de hoje se eu tivesse feito algo diferente lá trás. Temos complicações hoje em dia, ah sim, temos muitas. Problemas que poderiam ter sido facilmente resolvidos e não foram, ou coisas simples, que de repente mudaram tudo. Insano, não é?

Quando você tá quase lá, mas algo sempre vem antes pra literalmente te deixar confuso, inseguro, e receoso.

Vamos pensar no que está a vendo ultimamente, tive mudanças grandes na faculdade, uma rotina diferente começou, que felizmente já consegui me adaptar. Ganhei novas amizades, como se elas só estivessem esperando a hora certa para aparecer. Queria saber o por quê deles entrarem em minha vida tão "atrasados" porque queria eles ali sempre, e queria que tivessem participado do meu passado.

Um garoto com 14 anos de idade, se questionando sobre sua sexualidade diariamente e deixando sempre os problemas da dança lhe afetarem. Esse era eu, meu eu do passado.

Na época eu me importei tanto da dança, a ponto de fazer sacrifícios, que meu corpo não poderia executar. Afinal precisava e preciso sempre ser melhor. Sobre minha sexualidade, minha mãe me levou ao psicólogo depois de me ver trocar mensagens em meu celular com um menino, ela nunca me perguntou, só queria estabelecer as coisas em minha cabeça, para eu ter certeza das minhas preferências.

Na primeira consulta eu fiquei estranhamente desconfortável, se abrir com um homem alto de jaleco branco, totalmente desconhecido por mim, não era uma coisa fácil. A sala tinha um ar de conforto, mas eu não me sentia confortável.

Em casa, mamãe não me perguntava quase nada sobre a consulta, só perguntava algumas vezes se tinha gostado ou se estava tudo bem. E mesmo se ela me questionasse, querendo que eu dissesse algo sobre as coisas que eu falei na consulta, eu não iria conseguir dizer, porque literalmente não sabia nem o que dizia, eu só vivia.

Um mês se passou, digamos que tudo estava mais calmo e fácil, Dr. Minjun sempre foi muito simpático e tentava fazer tudo se tornar mais leve e fácil. Esses 30 dias foram calmos e eu consegui falar mais nas consultas.

Mas o Espetáculo do Ballet estava chegando, todos os meus professores sempre foram muito diretos e severos, fazendo eu ter mais motivação para praticar e buscar a perfeição. Mas tem uma hora que cansa, os comentários que não passam mais despercebidos, ou os falatórios pelo o estúdio.

Depois de analisar e conversar com o meu psicólogo, eu fui diagnosticado com Transtorno alimentar. Amigos meus daquela época perceberam que eu recusava diariamente comer qualquer coisa que poderia afetar meu corpo, sempre recusando as porções que a escola oferecia para eu comer ou até mesmo dando para alguém minhas frutas, que mamãe preparava especialmente pra mim, eu só tomava água, ou as vezes nem tomava

Mamãe tinha uma balança eu seu quarto, aquilo fez eu entrar em desespero. Pegar a balança, e colocá-la no banheiro do meu quarto, foi algo fácil. Mas aquilo me viciou, todos os dias acordava e via o peso que eu tinha, tomava café da manhã, e dizia a mamãe para esperar pois eu tinha esquecido algo em meu quarto, mas a verdade, era que eu fazia o caminho do meu quarto novamente para ver o tanto de gramas que eu tinha desenvolvido só naquele café da manhã, oh, aquilo me aterrorizava.

Além do Preto e Branco. • PJM + JJKOnde histórias criam vida. Descubra agora