(12) Deixe a verdade doer.

17.5K 2K 4.6K
                                    



"Às vezes o coração precisa de mais um tempo para aceitar o que a mente já sabe" — Desconhecido.

— Jimin, filho. — Ela tira os seus olhos dos meus, os levando para o chão, suas mãos estão segurando um copo de água. — Tome um banho, para conversarmos, tudo bem?

O recado foi dado. Eu já sabia do que se tratava, percebi que tinha um tempo desde que minha mãe não tinha essa conversa comigo.

Subo as escadas sentindo a palma das minhas mãos serem apertadas contra minhas unhas. Frustração, e no fundo uma decepção preenchendo meu coração. Em minha mente a frase típica se repetia:

"Não, por favor, de novo não".

Eu tomei banho. Não sei exatamente se eu quero demorar mais um pouco e fugir de tudo isso, ou se eu quero ir logo mergulhar de cabeça nisso tudo. É muito, muito frustrante.

Descendo as escadas, o olhar de minha mãe vai até o meu, ela sorri pequeno, eu não retribuo o gesto.

Me sento em sua frente, com as mãos trêmulas, torcendo o meu dedão do pé com o dedo do lado, assim ela não pode ver o tanto que eu estou entrando em mais uma fase de pânico. Ela cruza os dedos em cima da sua perna, me olha com dúvida.

—Oliver me ligou.

Oliver ligou para ela, ok. Já sei exatamente o que está por vir. Respiro fundo, e cruzo as minhas pernas, esperando.

—Ele está certo, filho. — Diz.

Não. Por favor.

Empurro a vontade de chorar pela a minha garganta, o meu dia já sendo se levado pela a tristeza e pergunto:

—O que ele disse, mãe?

Ela coça a nuca, e toma um gole de água. Tudo parece lento demais. Uma droga que eu nunca quis usar.

—Na primeira fase do concurso da Daniela, você passou, certo? Mas foi por pouco, ele disse que se você fizesse algo, os jurados não teriam dúvida em te escolher logo de primeira. — Diz, meus olhos já estão marejados. Não era para eu passar? O que a Yuna disse é realmente verdade?

—O que ele quer que eu f-faça? — Pergunto com estranheza na voz. Mas no fundo já sabendo do que eu teria que fazer.  — Mãe...

—Pode tomar água, por favor? — Empurra o copo de água pra mim, eu rejeito e cruzo os braços, me apoiando completamente no sofá, eu já não conseguia enxergar nada por conta das lágrimas. — Mantenha a calma, príncipe...

—Calma?! — Grito pra ela, no meio de lágrimas de frustração.  — Está realmente me dizendo que se eu emagrecesse mais, os jurados não teriam dúvidas em me escolher?!

Então eu desabo, coloco as pernas contra o meu corpo, e afundo minha cabeça. Choro. Choro. E choro. Não sei por quanto tempo eu chorei, mas respirar está sendo difícil e meu olhos estão inchados o suficiente para eu não conseguir enxergar direito. Minha mãe ficou me olhando o tempo todo, em seus olhos havia culpa, e medo.

Pego o copo de água na minha frente, e bebo a água, depois de ter chorado, eu acho, toda a água do meu corpo. De novo isso? De novo o pensamento que se eu fosse mais magro iria ser tudo mais fácil?

E sabe a verdade que dói? É mais fácil. Nos mundos de hoje sim.

—Mãe... — A chamo, baixo. — Você realmente concorda com isso?

Ela solta um riso, e nega.

—Claro que não. Mas pense, se você fizer uma dieta do jeito certo, talvez dê certo... — Existe delicadeza em sua escolha de palavras. Ela tem medo de me machucar novamente, igual uma vez no passado.

Além do Preto e Branco. • PJM + JJKWhere stories live. Discover now