(25) Meu primeiro amor.

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                         JUNGKOOK

Posso dizer que em minha vida eu nunca fui muito de ter sonhos.

Quando eu tinha 12 anos, minha mãe havia perguntado pra mim qual era o meu sonho. Eu estava jantando, meu pai havia ligado o rádio num som alto, minha mãe sempre gritava com ele pra abaixar o som e deixar nós conversamos.

— Qual é o seu sonho, filho? — Lembro que ela me olhou com aqueles olhos grandes dela, e com o seu sorriso lindo. No caso, ela estava gritando por causa do som.

Antes da minha mãe falecer, aqui em casa sempre foi um caos, mas não o ruim, era o nosso caos, o nosso jeito de conviver.

Eu olhei nos olhos dela naquele dia, e disse que queria tocar as músicas que o meu pai houve.

Eu nunca vi ela sorrir tanto.

Mas a conversa não se estendeu, pelo o que eu lembro. Acho que ela não ficou muito surpresa, mas saber da minha resposta tão singela vindo de uma criança apaixonada pelo o pai, com certeza foi arte pros seus ouvidos.

Minha mãe sempre foi muito única... quando eu entrei no fundamental, eu tinha feito alguns amigos antes do Yoongi. Eles não eram lá os melhores, mas a gente conversa sobre várias coisas, porque éramos crianças, e nessa idade a nossa única preocupação é ir pra escola e sei lá... brincar? Ir na casa dos amigos? Pra mim sempre foi isso.

Eu fui na casa de um deles, um dia. Seus pais brigavam muito, e o mais surpreendente é que esse meu amigo não fazia nada e não tinha nenhum tipo de reação. Enquanto nós jogávamos um jogo de tabuleiro, eu questionei o porquê dos seus pais brigarem tanto, até quando eu estou aqui, e ele simplesmente disse que não sabia, e que eles estavam até "tranquilos" naquele dia.

E foi aí que minha mente foi tomando forma e vendo como realmente é o mundo. Percebi que não era todo amigo meu que tinha pais incríveis também, e que cada pessoa passa por diversas coisas que talvez com 12 anos eu nunca iria passar.

E com 13 anos, minha vida foi tomando forma, e percebi que talvez minha família também tivesse alguns problemas.

Foi uma época triste, e muito, mas muito estranha. Primeiro: eu senti medo do mundo pela a primeira vez, segundo: tinha pelo crescendo por todo lugar.

Nossa que horror, essa idade me perturba até hoje.

Mas o real motivo foi quando eu entrei no quarto dos meus pais para pedir o gel de cabelo que minha mãe usava muito por conta de ser comissária, e vi ela penteado os seus cabelos se tremendo toda.

A minha primeira reação foi fazer uma careta.

Tipo? Mãe? Por que a senhora está tremendo?

Foi só mais algumas situações e previ que ela estava usando drogas (mais ou menos uns 3 meses pra eu começar a suspeitar). Até hoje não sei quais foram, e não quero saber mesmo, mas sei que ela usou o bastante pra ter um ataque cardíaco.

"1, 2, 3... afasta!"

"Vamos de novo! 1, 2, 3... afasta!"

Havia duas enfermeiras tampando a minha visão com as mãos, mas eu consegui ver o seu peito se chocando contra o aparelho, indo pra cima e pra baixo várias vezes.

Até que o aparelho fez um barulho que não parecia muito legal. Um barulho de para, de nenhuma reação.

Naquele instante, senti como se tivesse perdido uma parte de mim. Olhei pra minha irmã, com sete anos de idade, e vi lágrimas e lágrimas saindo dos seus olhos.

Além do Preto e Branco. • PJM + JJKWhere stories live. Discover now