(14) É demais para aguentar.

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"Nunca estrague seu presente, por um passado que não tem futuro".

Senti minha cabeça pesar, não por causa do pé, mas sim porque eu enxerguei a situação que está aqui comigo. Não sabia o que fazer, e também não tinha ninguém.

Inspirei fundo e tirei a sapatilha do meu pé com cuidado, em minha testa escorreu um pingo de suor, lento como se eu tivesse todo o tempo do mundo, mas não tinha. Não tenho. Não mais.

Meu pé começou a doer, uma dor insuportável, e com isso eu só fechei meus olhos, e permiti que as lágrimas viessem lentamente, igual a dor.

Peguei no meu pé e comecei a analisar o mesmo, não parecia ter nada fora do lugar, mas quando olhei meu calcanhar, eu senti meus olhos se encherem de lágrimas novamente. Minha panturrilha estava latejando, como se alguém tivesse acabado de dar um soco bem forte nela.

Comecei a me arrastar no chão até a minha caixa de som onde está meu celular, do outro lado da sala, sentindo meu calcanhar implorar por descanso, mas não parei pois poderia ligar pra alguém ou pegar algumas coisas no armário que poderiam me ajudar.

Chorando ainda mais quando chego na caixa de som, eu desligo a música, que ainda tocava, e então eu ouço os gritos dentro da minha própria cabeça. Eu não conseguia respirar.

Pego o meu celular e vou até as minhas mensagens minhas e da minha mãe, e logo começo a ligar pra ela, ouvindo seu celular tocar lá na sala.

Será que ela está no banho?

Quando vejo a ligação ser atendida eu suspiro, e digo rapidamente antes mesmo de eu processar sobre o que dizer.

—Por favor, mãe. Me ajuda... — Não me preocupo nem de desligar a chamada, só deixo o meu celular cair no chão, enquanto ouço passos rápidos em direção a sala de dança.

Mas não é minha mãe quem abre a porta.

É meu pai.

Ele passa pela porta,e me olha dali de cima com os olhos arregalados cheio de preocupação, eu riria se eu não estivesse em um estado tão deplorável. Nem pensei nisso na verdade, eu só preciso de ajuda.

Os seus passos em minha direção foram como se estivessem em câmera lenta, tudo se passando tão devagar a ponto de eu implorar e chorar mais ainda quando ele chegou perto de mim, se agachando.

—O que houve? — Ele pega o celular ao meu lado, colocando-o na minha mão, depois passa um braço por baixo das minhas pernas com cuidado, e o outro embaixo do meu braço. — Você caiu?

A pergunta não foi respondida até meu pai me colocar no sofá da sala enquanto gritava algo para minha mãe. Mas não consegui identificar, eu não consigo pensar em nada.

Apenas em uma coisa.

Eu quero ficar bem.

Coloco as minhas mãos no meu rosto e choro, não me importando com o meu pai me assistindo. Quando ouço passos rápidos descendo a escada e só consegui pensar em uma coisa de novo. Eu estraguei tudo.

—Mãe... — E choro ainda mais, parece que quando finalmente encontramos alguém que saiba como ajudar, você chora ainda mais, porque ela sabe como você se sente, e sente junto com você. Sente tudo.

—Príncipe... — Ela diz baixinho, com preocupação na voz e chegando perto de mim. — Vamos pro médico, ok?

Senti meu pai me pegar no colo de novo, não tive coragem de olhar pra ninguém ali. E nem sei se irei ter.

Doeu demais quando ele me colocou no carro, não consegui achar uma posição boa o suficiente que não fizesse eu sentir dor. Não consegui. E me senti um merda por causa disso.

Além do Preto e Branco. • PJM + JJKWhere stories live. Discover now