(24) As três palavras que me perseguem.

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Eu estou de volta pra dança.

É muito estranho dizer isso depois de ter ficado sem ela por muito tempo, é como se eu fosse fazer algo perigoso, e estivesse me arriscando muito.

Talvez sim, sempre na verdade. Sempre nos arriscamos, já percebeu? Quando dançamos e erramos, buscamos o nosso melhor, e quando nos elogiam, fazemos até nossas pernas doerem pra nos notarem novamente.

É um ciclo muito longo, e doloroso.

Já faz uma semana que estou ensaiando "igual" antes, minha dificuldade pra fazer coisas que eram fáceis pra mim se tornaram muito complicadas. Ainda mais que a coreografia são cheias de saltos.

E tem algo, Yerin está perfeita! Perfeita mesmo.

Sempre quando eu vinha nos ensaios, e olhava ela dançar... ela melhorou em níveis absurdos. Foi até bom pra ela eu ter me machucado, pois ela teve toda a atenção voltada pra ela nos ensaios que era pra ser nós dois.

E sabe, não podia estar mais feliz pela a minha amiga.

Ela poderia tacar tudo pra cima, brigar comigo, brigar com nossos professores, e dizer o quanto é injusto ficar sem o seu parceiro de dança. Mas ela não fez nada.

A gente brigou? Ok, brigamos. E muito, voltamos a nos falar igual antes a pouco tempo.

O doutor me disse para evitar coisas com muito impacto, e sim estou evitando no meu máximo, o que eu vejo que consigo fazer eu faço, e com muito cuidado.

E ah! Daniela ficou muito feliz com a minha recuperação, disse que eu sou muito guerreiro por isso, e que sempre devo agradecer Yerin por não ter desistido de tudo.

E depois? Depois tudo está normal, no caso agora. Daniela está com a atenção toda voltada pra mim nos ensaios, sempre identificando cada detalhe, e cada erro, sempre me dizendo o que devo fazer e o que eu não devo. E nossa, eu nunca fiquei tão feliz quando ela me pediu pra esticar o meu joelho.

Me senti em casa, eu juro!

Sim, isso foi completamente estranho, mas eu tenho saudade dessa dor "gostosa" que o ballet traz pra gente. Me senti vivo por alguns segundos e soube que o eu estava fazendo era o certo.

É como se você estivesse fazendo algo simples e pensa "eu nasci pra isso" e parece que todas as peças se encaixam.

Desde quando Daniela nos deu essa oportunidade de ser professor com a formação dela, minha vida virou de cabeça pra baixo, percebeu? Mas não me arrependo de nada, se eu estou aqui, é por esses erros.

— Jimin? Descanse um pouco. — Quando eu acabo o último movimento da dança, ajoelhado no chão enquanto Yerin se apoia no meu ombro com as mãos de pé, Daniela me alerta, vendo o meu cansaço. — Yerin também.

Fecho os olhos por alguns segundos, e respiro fundo. A visão fica até turva.

Minha professora apoia o cotovelo na barra e me vê bebendo água junto com Yerin.

— Uma correção, pros dois. — Ela suspira. — Jimin você precisa cravar seus ombros pra trás quando a Yerin se apoia em você, pensa nisso. E Yerin, você precisa olhar para o Jimin como se estivesse apaixonada. — Ela sorri. — É uma coreografia sobre dois camponeses que se apaixonam, façam isso acontecer.

Daniela fica de frente para o espelho, e abre os braços em segunda posição.

— Está vendo Jimin? — Ela coloca os ombros pra trás e faz o movimento que faço na coreografia. — Precisa se mostrar leve mas se encostarem em você, irão se surpreender em como está bem posicionado e firme igual uma pedra.

Além do Preto e Branco. • PJM + JJKOnde histórias criam vida. Descubra agora