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"Você não pediu por isso
Ninguém nunca pediria
Apanhado no meio dessa disfunção
É sua triste realidade
É a sua árvore genealógica desarrumada"
Family Tree| Matthew West


"Você não pediu por issoNinguém nunca pediriaApanhado no meio dessa disfunção É sua triste realidadeÉ a sua árvore genealógica desarrumada"Family Tree| Matthew West

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         Evelyn Mackenzie era a minha mãe.

Mas eu não a considero como tal, para mim minha irmã sempre foi mais minha mãe do que Evelyn — mesmo Mave acreditando fielmente que eu idolatro o chão que Evelyn pisa —, foi minha irmã que me matriculou na escola, ela quem se matava de trabalhar para comprar as coisas que eu queria e além de tudo, todas as quartas-feiras ela me trazia um doce da lanchonete que ela trabalhava.

Lembro que a minha irmã sempre me levava em feiras de adoção para adotar bichinhos de estimação e, quando eles morriam, eu não queria nenhum outro porque me sentia culpada. Mas bastava ela aparecer com um coelho, hamster, passarinho, gato ou cachorro, que eu ficava feliz. Mavericks Foster sempre foi a minha maior figura materna.

E mesmo assim, depois de me abandonar e perder muitas coisas da minha vida, Evelyn Mackenzie insiste em bancar a boa mãe. Eu nunca falo da mulher ou sobre ela, porque eu não vejo necessidade. Sigo o meu caminho sem tocar no nome dela, eu não gosto de lembrar que ela nos abandonou e vive como se nada tivesse acontecido. Odeio o fato dela sempre sumir e depois voltar, querendo assumir um papel que ela mesma abdicou. Odeio ainda mais o fato que, ela sempre deixa as coisas como se ela fosse a vítima injustiça da história.

Um bom exemplo era agora, quando a mulher estava no meu apartamento, querendo que eu conheça o filho prodígio e rico de seu atual marido.

Eu era apaixonada pela minha mãe e nunca percebi que ela me abandonou por um cara rico, mas depois de velha eu percebi isso. E toda a paixão que eu sentia, evaporou pelos ares, porque além de tudo, ela nunca teve a pretensão de me levar com ela — eu tinha quatorze anos quando tudo aconteceu. A mulher apenas me deixou aos cuidados do meu padrasto que até meus treze anos, eu acreditava ser meu pai. Mas apesar dos pesares, Paul cuidou de mim.

— Você ainda cursa medicina, filha? — perguntou, dando um sorriso falso.

Outro ponto que me irritava profundamente. Em nosso último contato ela pediu, não, ela exigiu que eu fizesse medicina e me mudasse para a Itália, onde ela mora com o marido rico.

Medicina nunca foi uma hipótese para mim.


— Não — respondi a contragosto. — Nunca pensei em medicina.

— Mas querida, achei que tivéssemos combinado que você cursaria medicina e depois mudaria para a Itália.

Respirei fundo, buscando minha paciência que estava no final.

— Não, mãe — ao contrário de Mave que trata a nossa mãe como Evelyn, eu ainda a chamo de mãe. — Você queria que eu cursasse medicina. Eu nunca quis isso.

DOSES DE INTENSIDADEWhere stories live. Discover now