Como É Amar Um Monstro?

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[Hyuga Hinata]

Ele me encara com um olhar sofrego e me assusto quando lentamente seus olhos mudam de cor. O azul-oceano profundo de antes, deu lugar à um vermelho denso, como sangue. Dentes afiados saem de seus caninos e garras aparecem em seus dedos. Esse não é mais o Naruto, é um...

— Demônio! — Ele rosna assim que escuta a palavra.

Eu posso ver, mergulhado no ódio e na dor do vermelho dos seus olhos, está ele, o Naruto que eu amo. Preso pelas garras cruéis do sofrimento e perdido no mar da solidão, está ele, o Naruto de sorriso brilhante e coração gentil que eu amo.

Volto a realidade quando ele rosna e se põe de quatro. A cauda de chakra balança atrás de si e seu olhar se dirige para o meu pai. Ele vai matá-lo.

Me ponho na frente do meu pai e ativo meu byakugan. Ele capita um chakra diferente dentro do Naruto. O seu chakra está lutando contra o chakra do demônio. O Naruto ainda está ali, está resistindo.

Desativo meu byakugan e me ajoelho em sua frente.

Pai– Hinata... — O mando calar a boca e me aproximo lentamente do Naruto.

Ele não reage, sequer se mexe quando erguo a minha mão e ultrapasso a barreira de chakra, a colocando gentilmente sobre sua bochecha. Dou o mais sincero dos sorrisos que consigo e deixo as lágrimas caírem.

— Há tanto sofrimento no seu olhar — A minha voz sai com pesar — Tanta dor, solidão, ódio e rancor. Você é tão forte, Naruto, suportou por todo esse tempo essa imensidão de sentimentos, sozinho. Mas você não precisa mais. Não está mais sozinho. Eu vou ficar ao seu lado, Naruto. Nos momentos bons e ruins, na dor e escuridão. Vou ficar ao seu lado, porque eu te amo.

Ele pisca e o ardor na minha mão - causado pelo chakra venenoso - diminui, até alguém gritar.

Não consigo ver quem é, a concentração dele se desfaz e ele ruge. Tento me afastar, mas já é tarde, uma das três caudas que ele tem agora me lança para longe.

O lado direito do meu corpo dói e minha cabeça gira, aperto o braço e sinto a queimadura feia que está ali. Tento não fechar os olhos, provavelmente estou com uma concussão.

Ele está lá, de pé, me encarando seus olhos estão azuis novamente e alguém mantém seu selo controlado. Ele sorri para mim e tenta caminhar na minha direção.

Nar– Hina... Hinata, me diz, qual é a sensação? — Ele tropeça e apoia o corpo com as mãos, ergue a cabeça para mim e sorri — Como é amar um monstro?

Seus olhos se fecham e ele desmaia no chão, logo a minha frente. E depois de alguns segundos raciocinando a sua pergunta, a escuridão chega e eu apago também.

[Uzumaki Naruto]

Kakashi– Ela está bem, não se preocupe — Ele diz assim que abro os olhos.

Olho ao redor e minha cabeça dói com a tonelada de memórias ruins que veem à tona. Eu enlouqueci, deixei o demônio escapar e machucá-la. Ele me avisou, disse que isso aconteceria e mesmo assim eu o ignorei.

— A culpa é toda minha. Eu podia... podia tê-la matado.

Kakashi– Sim. Poderia. Mas isso é mesmo importante agora? — O olho — O que vai fazer? Vai abandoná-la de novo?

Arregalo os olhos e erguo as sobrancelhas.

Kakashi– Você não acha que ela já sofreu demais? Perdeu a mãe, foi ignorada pelo pai, e agora vai ser abandonada por você também? Que egoísta, Naruto.

— Onde você quer chegar?

Kakashi– Você se lembra do que ela disse para você? — Afirmo — Você não está mais sozinho, Naruto. Você tem à ela, tem à mim também. Eu vou ficar ao seu lado, vou ajudar você. Mas não a deixa outra vez.

Ele se levanta e sai, me deixando perdido em meus pensamentos. O que eu deveria fazer? 

How to Love the Darkness Where stories live. Discover now