EXTRA 1

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[Hyuga Hinata]

Eu não o vejo. Apenas ouço a sua voz. Está diferente, rouca, madura e surpreendentemente alegre. E se sua voz não for a única coisa diferente?

Passamos três anos sem nos falar. No começo, nos dávamos o trabalho de trocar cartas semanalmente e com o tempo, toda a alegria e ansiedade de receber e ler suas cartas foram diminuindo e sua escrita ficando cada vez menor e monótona. Então, passamos a nos corresponder uma ou duas vezes ao mês. As cartas passaram a ter menos páginas e menos "eu te amo". Chegou ao ponto em que essa frase só era usada no final da carta, para se despedir. Depois de um ano, eu não sorria mais ao ver que ele havia enviado algo, lia as palavras com rapidez e respondia com um "sinto sua falta". Até que eu parei de responder. E ele parou de tentar. De cartas românticas, à bilhetes rápidos escritos de qualquer jeito. "estou com saudades", "estou em tal lugar", "o treinamento vai bem".

O nosso último eu te amo foi há dois anos e nossa última troca de correspondências foi há nove meses.

Talvez aquele sentimento que nutriamos um pelo outro foi substituído pela solidão, não sei mais o que eu sinto.

Mas ouvir a sua voz, enquanto me esforço para me esconder atrás dessa mureta, fez meu estômago revirar de ansiedade em vê-lo.

Eu ainda o amo? E se o amo, porque estou hesitando tanto em me aproximar?

[Uzumaki Naruto]

Eu não a vi, nem ouvi, apenas senti. Senti ela se aproximando e se escondendo ali atrás.

Eu só preciso de alguns passos para vê-la, para abraçá-la e matar a saudade.

Mas porque ela se escondeu? Porque não se aproxima?

Estamos há quase um ano sem nos falar e um pouco mais que isso que não temos uma conversa elaborada. Acho que parei de me esforçar quando ela parou de me responder.

Ou talvez ela tenha parado de responder, porque eu não me esforcei o suficiente.

Eu a amo. Amo tanto aquela garota que temo me desabar em lágrimas se ela me rejeitar.

O sentimento ainda está aqui, foi mantido aquecido e aceso enquanto estávamos longe. E por algum motivo, sinto que o dela também.

Me afasto dos dois novos companheiros de equipe dela e ando firmemente até onde ela está escondida. Mas antes que eu me aproxime, ela aparece.

Seus olhos estão fechados e seu cabelo - agora longo - balança com o vento. Vejo um brilho rodear ela e não consigo me conter quando corro até ela e lhe dou um abraço apertado.

Ela não retribui de primeira, mas depois que se livra do susto, seus braços pequenos apertam meu corpo com força, em um abraço que sana todas as nossas dúvidas.

— Eu te amo! — Levo minha mão lentamente até sua bochecha e faço um carinho ali.

Hina– Eu amo você! — Ela abre os olhos e seu olhar perolado brilha com as lágrimas.

Sorrio e levo minha mão até sua nuca, puxando seu rosto contra o meu. Ela não se retrai quando nossos lábios se colam e meu coração bate mais alegre.

Ela joga seus braços sobre meus ombros, nos aproximando ainda mais. Um beijo profundo, longo e apaixonado, não é o suficiente para matar a saudade, mas é do que precisamos agora.

How to Love the Darkness Où les histoires vivent. Découvrez maintenant