Paixonite Infantil

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[Hyuga Hinata]

Enquanto conversamos, ele continua desviando o olhar para longe de mim e por algum motivo isso está me tirando do sério. Bato as mãos na mesa, descontando minha frustração à sua indiferença.

— Você exige uma resposta e sequer tem coragem de olhar para minha cara? — Minha paciência se esvai quando ele suspira — Acho que eu não deveria ter vindo. Eu devo estar atrapalhando seu treinamento. Acho que devemos apenas esquecer todo esse drama de paixonite infantil e seguir em frente — Desço do banco, mas me detenho quando sinto sua mão segurar a minha, me puxando de volta para a cadeira.

Ele me olha diretamente nos olhos dessa vez e me deixo levar pelo oceano profundo que seus olhos azuis parecem ser.

Nar— Não consigo olhar para você, porque sei que vou ignorar todos os meus princípios assim que eu ver seus lindos olhos perolados me encararem com ternura. Seus olhos são o meu ponto fraco, Hina.

Ele não desvia o olhar enquanto falo e não me atrevo a desviar também. É um tipo de imã que me puxa para seu oceano particular. Acho que nós dois temos o mesmo ponto fraco.

Nar– Eu gosto de você, Hina. E não acho que seja só uma paixonite infantil, acho que é muito mais do que isso — Agora ele segura minhas duas mãos — Mas eu não vou lutar por alguém que não sente o mesmo, então se você quiser ir embora e rejeitar meus sentimentos... tudo bem, por mim.

Aperto mais a sua mão quando ele ameaça soltar e sorrio.

— Eu também gosto de você, Naruto-kun. Gosto de verdade — Seus olhos brilham e vejo as lágrimas se formarem.

Nar– Você não deveria. Não deveria me amar — Acho que minha cara de confusão entrega tudo, ele paga a conta e me leva até o topo do monte hokage e nós sentamos sobre o monumento do yondaime — Há um demônio dentro de mim, Hina. Um demônio perigoso colocado aqui por ele — Ele aponta para a estátua.

— Um... monstro?

Nar– Eu sou a personificação do ódio, da destruição e do sofrimento. Eu não sou alguém que merece ser amado.

— Isso não é verdade. Eu não entendi muito bem, mas ter um monstro dentro de você não te torna um também. Você é dono do próprio destino, Naruto. Das próprias escolhas, das próprias ações. O Uzumaki Naruto que eu conheço, merece ser amado.

As lágrimas escorrem lentamente pelas bochechas dele e em pouco tempo me vejo chorando também. O aninho entre meus braços e acaricio seus cabelos enquanto ambos choramos baixinho. Nos apoiando um no outro.

— E já que estamos falando sobre tragédias da vida pessoal... — Seco minhas lágrimas com as costas da mão — Eu sou a filha mais velha do lider do clã Hyuga, mas perdi o lugar de herdeira para minha irmã mais nova.

Nar– O que aconteceu? — Sua voz é abafada pelas minhas roupas.

— Meu pai me julgou fraca e nos fez lutar. Eu não queria machucá-la, não queria lutar contra a minha irmãzinha, então eu não o fiz. Não encostei um dedo nela, apenas deixei que ela ganhasse. Então ele a tornou herdeira do clã e me colocou na academia.

Nar– Você foi gentil.

— É. Mas ele não enxerga assim. Eu não me importo com a liderança do clã, eu só queria que ele me reconhecesse, que me amasse, que me aceitasse como eu sou — Ele sai do abraço.

Nar– Bem, uma kunoichi sábia me disse uma vez que você é dono do próprio destino, das próprias escolhas e das próprias ações — Sorrio — Você não precisa implorar pelo reconhecimento do seu pai, ele não é uma variável importante aqui, você é. Lute pelo seu próprio reconhecimento, pela sua própria aceitação, pelo seu próprio amor. Lute por você, Hina.

O puxo para um abraço novamente. Sem lágrimas dessa vez, apenas duas pessoas que se gostam e que compartilham das suas dores.

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