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"Antes de dormir, se olhe no espelho e tente ver a mulher incrível que eu vejo, você vai se encantar... Ela é linda! 😘"

Fabiula sorria de um jeito bobo com o celular na mão e aquela mensagem aberta. Há quanto tempo não ficava feliz assim com uma mensagem inesperada, nossa.
Já havia tomado um longo banho e estava deitada na cama de casal, sobre os lençóis grafite. Apenas o abajur estava aceso e seus olhos observavam parte da lua que começava a baixar frente à sua janela.
Aquela noite estava maravilhosa! Ou quem se sentia assim era ela, sei lá.
Em dado momento, Fabiula chegou a contorcer as pernas dentro da camisola longa azul marino, deixando que suas lembranças trouxessem à tona o olhar instigante de Paolla. Algo dentro dela podia jurar tê-la visto contornar seus lábios com os olhos.
Será que Paolla estava mesmo interessada nela?
"Mas uma mulher tão bonita assim? Jamais.", pensou por um breve momento, já deixando seu lado derrotista ganhar vida. Talvez fosse só o jeito despojado dela que gostava de brincar, sempre com um ar sedutor. Imagina, como ela, sem graça assim, despertaria interesse em alguém tão viva e vibrante?
O sono já parecia querer tomar conta então enviou um "❤️" para Paolla e desligou o celular, se acomodando no travesseiro.

Paolla: Sophia, na próxima aula eu quero a lição completa, combinado? — corrigindo a tarefa pela metade da aluna, entregando o livro para a mesma logo em seguida.
Valentina: Teacher, você pode me ajudar? — a menina se aproximou da mesa dela, aproveitando que já estava no final da aula e agora estavam só as duas na sala.
Paolla: Claro, o que houve? — a loira guardava algumas coisas na bolsa.
Valentina: Meu professor da escola passou essa atividade e eu não entendi...

A pequena sempre aproveitava que Paolla era atenciosa e explicava muito bem para tirar suas dúvidas. Entregou as folhas grampeadas e logo Paolla tratou de explicar o que os exercícios pediam.
Pouco a pouco a menina ia entendendo e agora parecia muito mais fácil, realmente.

Paolla: Entendeu? O verbo nessa parte aqui sempre muda.
Valentina: Aham. — satisfeita por ter de fato entendido — Valeu, teacher!
Paolla: Depois me fala quanto tirou, hein?! — riu da menina que estava mesmo mais empolgada.
Valentina: Aquele dia foi legal, né? — mudando o assunto do nada, guardando o material na mochila agora.
Paolla: Foi sim. — sorriu ao lembrar — E sua mãe, como está?

Perguntou apenas para ter um outro ponto de vista, afinal vinha falando com Fabiula todos os dias por mensagem, mesmo que fosses um "Oi, como você tá?".
Valentina teria respondido muito bem, mas não fora preciso. Segundos após a pergunta, as duas ouviram leves batidas na porta e logo um novo alguém se fez presente ali.

Valentina: Mãe!!! — exclamou assim que a viu entrar.
Fabiula: Oi pequena. Você tava demorando, fiquei preocupada... Espero não estar atrapalhando. — disse sem jeito, olhando para Paolla.

A professora levou um tempo até responder, absorta no encantamento de ver Fabiula com uma blusa de linho coral e uma pantalona salmão de estampas geométricas.
Ela estava usando cor! E estava linda!
Jurou sentir suas maçãs corarem ao se ver tão sob o olhar de Paolla, que ainda a encarava quase que deslumbrada.

Paolla: Imagina, não atrapalha nada. Tudo bem? — levantando e indo até ela.
Fabiula: Essa pestinha tá de castigo, é? — brincou, revelando seu claro bom humor naquele dia.
Valentina: Ah tá... — indignada com aquilo — Claro que não!
Paolla: Hoje só boas avaliações por aqui, pelo visto todo mundo fez a lição de casa. — céus, como ela sorria olhando para Fabiula, notando a maquiagem leve em seu rosto.
Valentina: Olha, mãe. — mostrando um broche do Harry Potter que todos os alunos haviam ganhado na aula, após a exibição de uma cena no projetor da sala de vídeo.

A menina falava qualquer coisa sobre a sessão cinema que a professora havia feito, mas elas pouco ouviam. Fabiula se sentia bem naquela amanhã e ainda mais por estar sendo tão apreciada por Paolla, que ainda a olhava de um jeito encantador. Aquela mulher havia conseguido ficar ainda mais linda. E mais, pelo visto a havia escutado, havia levado seus conselhos em consideração. Parecia outra! E ela havia gostado ainda mais.

Valentina: Vamos, mãe? Tô com fome! — já com a mochilinha Kippling nas costas.
Fabiula: Vamos, filha. — despertando do transe — Hoje eu prometi um hambúrguer, aí já viu... — como se cochichasse para Paolla, ainda que a menina a ouvisse perfeitamente bem.
Valentina: Vem com a gente, teacher! — surpreendendo as duas — Ela pode, mãe?

Paolla e Fabiula se olharam de um jeito sem graça com o pedido inesperado.

Fabiula: Claro. — ainda sem jeito — Se você quiser, será um prazer.
Paolla: Melhor não... — de repente olhando para a aluna de um jeito terno — Não quero atrapalhar esse momento mãe e filha, mas bom lanche!
Fabiula: Você nunca atrapalha. — seu tom fora tão sério que fez Paolla se virar para olhá-la de imediato.

A criança ali presente logo se animou com a nova companhia mas elas ainda se fitaram por alguns segundos até que tomassem qualquer atitude.
Será que Fabiula entendia seu interesse por ela? Será que ela, não só entendia, como estaria correspondendo? Será que estariam falando a mesma língua?
Fabiula parecia um enigma que Paolla já estava cada vez mais interessada em desvendar.

RECOMEÇAR ⏳Where stories live. Discover now