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Haviam escolhido uma hamburgueria bem tradicional que Valentina adorava, costumava ir com os pais quando ainda estavam casados. Para a criança aquele lugar trazia boas recordações, então Fabiula passava por cima de qualquer memória ruim pelo bem da filha e por momentos com ela. Talvez pudessem construir novas e boas lembranças agora.

Paolla: Batata rústica? — lendo o cardápio por cima, sentada na mesa ao canto do restaurante, frente à Fabiula — Não te imagino comendo essas coisas... — riu atrevida, vendo como nada que era servido ali chegava perto de ser saudável, como a nova amiga gostava.
Fabiula: Não é meu prato preferido, realmente... — rindo também — Mas olha aquilo ali.

Paolla acompanhou seu olhar e o par de olhos oliva caíram sobre Valentina, que estava no balcão do lugar toda sorridente e se sentindo muito adulta enquanto servia seu copo na máquina de refrigerantes que oferecia a opção refil aos clientes.
Ambas ficaram por um breve momento admirando aquela criança que despertava tanto carinho entre elas.

Fabiula: E você, já sabe o que vai querer? — voltando a atenção para a mesa.
Paolla: Ih... Difícil escolher, viu, eu gosto de tudo. — revelou de um jeito divertido, fazendo Fabiula sorrir junto, sempre afetada por aquele alto astral.

Logo Valentina voltou para junto delas e as três se esbaldaram entre hamgurgueres e batatas fritas. Fabiula era a mais comedida entre elas, sempre cuidava muito bem sua alimentação, mas em dado momento até seus dedos já estavam sujos de gordura e maionese temperada, esquecendo por alguns instantes todas as restrições que impunha em sua vida.
Vez ou outra ela apenas parava e observava como Valentina se dava bem com Paolla e como se entendiam tanto. Tinham piadas internas e riam todo o tempo, o que fazia seu coração ficar em paz por ver como sua filha era tão querida.

Paolla: Assim, ó... — abrindo parte do seu hamburguer e colocando algumas batatas entre os pães, ensinando a menina.
Valentina: Faz no meu? — já de olho gordo na receita.
Fabiula: Valen, você vai passar mal, filha. — parte dela queria ver a filha apenas sendo feliz, mas era mãe e se preocupava com a alimentação da menina.
Valentina: Vou nada. — pegando seu lanche novamente e abocanhando com vontade, ficando com as laterais da boca sujas.
Paolla: Meu Deus. — colocando a mão na boca e rindo alto, vendo a lambança que sua aluna estava fazendo — Já, já sua mãe briga comigo. — fingindo sentir medo, cochichando e arrancando um risinho de Valentina, que estava sentada ao seu lado.
Fabiula: Brigo mesmo! — revelando ter ouvido, entrando na brincadeira — Filha, larga esse lanche e vai lavar o rosto, olha como você tá...

Mesmo contrariada, ela obecedeu a mãe e se dirigiu ao banheiro do estabelecimento, deixando Paolla tentando organizar seu lado na mesa, recolhendo alguns guardanapos espalhados.

Paolla: Posso dizer uma coisa? — um tempinho depois, quando o silêncio caiu sobre a mesa.
Fabiula: O que? — tomava mais um gole em sua água com gás.
Paolla: Você tá linda. — sua feição era terna, carinhosa, mas seu timbre era baixo e mostrava seriedade no que dissera — Deveria usar laranja mais vezes.
Fabiula: Imagina... — encabulada — Achei no fundo do armário e resolvi tentar. — lisonjeada e tímida na mesma proporção.
Paolla: Que bom! — seu olhar era em uma sincera alegria por vê-la reagindo para a vida — Você merece se sentir bem.

Ficaram quietas depois disso. Apenas se olhavam como quem queria dizer muitas coisas mas não se atreviam.
Cada vez mais Fabiula se sentia inquieta perto de Paolla e Paolla a cada novo dia sentia que valia a pena ter paciência com aquela mulher que estava voltando a se abrir e viver. Com outras mulheres geralmente era mais fácil, mais rápido. Com quem já havia se relacionado tudo era mais descarado, mais direto. Ali não. Ela sabia que Fabiula nem mesmo entendia o que poderia estar sentindo. Sabia que ela não lhe era indiferente, sentia isso, mas também não era algo tão explícito assim e estava disposta a ter toda a calma que fosse preciso para que aquela mulher entendesse que merecia ser amada e que não mediria esforços para isso.
Ali era como se Paolla quisesse cuidar das feridas internas de Fabiula até que ela entendesse que a vida poderia ser muito mais leve e amável do que ela conhecera até hoje. Ela poderia sim ser apreciada apenas por estar usando um perfume novo ou elogiada por tentar um novo penteado. Fabiula despertava vontades suntuosas em Paolla não só por sua aparência, mas pela delicadeza e vitalidade que existia dentro de si, mesmo que não visse isso.
Fabiula, por sua vez, nem sequer sabia se de fato se sentia atraída sexualmente por Paolla, mas ela lhe fazia se sentir tão querida e apreciada, que estar em sua companhia a fazia um bem como jamais pensou que pudesse sentir ao lado de alguém que não fosse seu marido. E mais, alguém que não fosse um homem.
Cada vez que seus olhares se cruzavam, se sentiam mais instigadas e com vontade de explorar o que quer que fosse.

Cada vez que seus olhares se cruzavam, se sentiam mais instigadas e com vontade de explorar o que quer que fosse

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⏰ Last updated: May 01, 2021 ⏰

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