| 05 |

398 32 10
                                    

Paolla: E o que você não entendeu agora, Matheus? — sorria de forma meio irônica, algo impaciente.
Matheus: Essa parte aqui, teacher! — o menino se aproximou um pouco mais, indicando uma parte qualquer no livro de atividades.

Paolla Oliveira era uma mulher muito bonita, tinha um corpo voluptuoso e sensual, seus alunos, todos eles, davam em cima dela descaradamente — bem no modo adolescente, ainda que não tivessem chance alguma.
Paolla tratava de lidar com aquilo da melhor forma, já que não chegavam a desrespeita-lá e eram apenas crianças, segundo ela.
Naquele sábado cravava uma semana exata desde que estivera na casa de Fabiula e nunca mais tivera notícias dela. Valentina ter faltado à aula a preocupava também...
Não saberia explicar, mas havia pensado naquela família a semana inteira, queria uma forma de ajudar Fabiula, ela era muito sozinha e estava passando por um momento muito conturbado.
O último aluno da sala se despediu antes de sair mas Paolla só teve o reflexo de dar um tchau breve com a mão, pois seu raciocínio se voltou ao celular, que indicava uma ligação de um número desconhecido.

Paolla: Alô?
Fabiula: Paolla? — sua voz era tão tímida que quase não se ouvia.
Paolla: Sim, é ela. — não reconhecendo a voz — Quem fala?
Fabiula: Oi, é a Fabiula, mãe da...
Paolla: Oiii, tudo bem? — interrompeu simpática, sem precisar de explicações, sabendo bem quem era.
Fabiula: Eu achei seu cartão aqui na bolsa e...

De imediato Paolla sorriu, um sorriso largo e sincero. Então ela havia mesmo guardado o cartão.

Fabiula: Você sugeriu que eu ligasse caso precisasse de algo. — se corrigindo sem jeito — Digo, algo com a Valentina. Queria só avisar que ela viajou com o Diogo ontem, por isso não foi à aula hoje.

De repente o sorriso de Paolla se fez ainda maior. As faltas dos alunos eram todas justificadas na secretaria na escola, mediante atestado ou declaração. Era nítido que aquela ligação tinha qualquer outro objetivo, mas talvez Fabiula fosse tímida demais para dizer.

Paolla: Ah, que bom que tá tudo bem. Ela nunca falta, fiquei preocupada. E você? — fazendo uma breve pausa — Como você tá?
Fabiula: Eu tô bem. — mentindo em automático, mesmo estando com cara de choro, sentada no meio do sofá em completa solidão.

O tom de voz dela sinalizava outra coisa, mas Paolla não iria insistir, apenas tomou a iniciativa, como sempre.

Paolla: Se a Valentina está com pai, que tal sair um pouco e se distrair? Tem uns filmes ótimos em cartaz.

Ah, se Paolla tivesse visto...
Os dentes incisivos de Fabiula, um pouco maiores que os demais, se fizeram visíveis com um sorriso lindo ao ouvir aquele convite.
Era bom, de repente, não estar mais tão sozinha.
Era exatamente isso que queria, que precisava.

Fabiula: Um filme? Claro... Eu aceito sim. — sua resposta era em voz suave, ainda que tivesse vontade de gritar um enorme OBRIGADA!
Paolla: Eu tô saindo da escola agora, tenho umas coisas pra fazer em casa, alimentar Blanch DuBois... — riu com a confissão — Aí mais tarde eu passo na sua casa?

Paolla era realmente muito dada. Fabiula ria por dentro daquele jeito dela, mas sinceramente agradecia, pois não teria coragem nunca de tomar a iniciativa das coisas.

Fabiula: 18:00 pode ser? — por que seu coração começava a acelerar de repente?
Paolla: Tá ótimo! — tão satisfeita quanto.

Se despediram na ligação e, como se muito bem combinado, ambas apoiaram a tela no celular na boca, com um olhar vago em qualquer lugar e um sorriso bobo nos lábios.
Ainda que não soubessem, ainda que não entendessem, ali se iniciava algo.

RECOMEÇAR ⏳Where stories live. Discover now