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E o passar dos dias não foi muito diferente do que vinha sendo para Fabiula. Suas pesquisas iam de vento em polpa. Estava demasiado empolgada na retomada de seu antigo hobby. As coisas com Diogo não iam melhores, ao contrário, encontrá-lo parecia pior a cada dia, mas ela se esforçava ao máximo pela filha, detestaria vê-la sofrer nesse tipo de situação. Talvez a única coisa que o ex marido sabia fazer bem era pagar rigorosamente a pensão da filha, o que ajudava a manter a casa, já que Fabiula recebia uma pensão bem mediana do pai já falecido que fora militar. Talvez agora ia com menos frequência ao salão de beleza, mas, no todo, sua vida mantinha o mesmo padrão de conforto, talvez apenas com menos luxo.
Suas idas à escola de inglês da filha vinham sendo bem sucintas; Deixava e buscava Valentina na porta sem grandes cerimônias, ainda que, vez ou outra, demorasse um pouco mais em sair com o carro na esperança de ver alguém em especial. Motivo? Nem ela sabia, mas também não se prendia muito à esse pensamento.
Aquele sábado teria sido como outro qualquer, se Fabiula não tivesse visto algo em particular pelo retrovisor do carro quando estava dando ré para sair, assim que Valentina terminou a aula.
Paolla conversava de forma bem intimista com uma mulher alta, esguia, de meia idade, cabelo cacheado castanho claro, pele alva, sorridente — ainda que contida. Valentina, sempre no mundo virtual, nem sequer notara, mas Fabiula ficou por longos segundos naquela mesma posição, olhando pelo retrovisor interno a tal cena.
Paolla parecia rir de algo que a moça falava, rir bastante, aliás. Em dado momento a moça se aproximou e lhe tocou as mãos, como quem daria um beijo na boca, mas Paolla desviou delicada, recebendo o beijo na bochecha.
Então aquela era a namorada de Paolla? Será que Paolla nunca havia dado em cima de Fabiula? Já que era comprometida... Ou será que Paolla tinha a intenção de trair-la com Fabiula? Ela já nem sabia mais o que pensar, mas também não conseguia parar de olhar para as duas. A linguagem corporal de ambas deixava claro o quanto tinham intimidade e se davam bem.
Terminou depertando do transe e saiu dali o quanto antes, detestaria ser vista naquela situação. Francamente, era uma pouca vergonha, duas mulheres daquela forma tão... Explícita.

Paolla: Alô, Fabiula? Boa tarde, é a Teacher Paolla... — se idenificando, assim que sua ligação foi atendida.
Fabiula: Boa tarde. Paolla? — estranhando aquela ligação tão repentina em plena quarta feira — Aconteceu uma coisa?
Paolla: Me desculpe ligar assim, do nada, mas eu gostaria de conversar com a senhora sobre a Valentina.

Fora estranho ouvi-la a chamar de senhora. Não haviam passado dessa fase formal? Ou será que haviam retornado à ela?

Fabiula: Aconteceu alguma coisa com a Valentina na escola? — confusa com aquilo, a menina parecia tão bem.
Paolla: Nada de grave. — tratando de tranquiliza-la logo — Mas eu preferia que essa conversa fosse pessoalmente, pode ser? Amanhã eu fico aqui na escola pela manhã, tenho reposição de aula do intermediário, posso te esperar depois das 8h?
Fabiula: Tudo bem... — ainda sem entender do que se trataria aquela conversa — Às 8h.
Paolla: Se quiser chamar o Sr. Diogo também, seria ótimo poder falar com os dois.
Fabiula: O Diogo tá viajando. — como se respirasse fundo para continuar — Tá fora do Brasil com a nova família.

Aquela confidência não cabia ali, não havia necessidade, mas Paolla sempre fazia Fabiula ter vontade de desabafar a vida toda, mesmo aquela situação não ser nada adequada para isso.

Paolla: Sem problemas. — não o diria, mas era capaz de ver os sentimentos daquela mulher através de suas poucas — Fico te aguardando, então.

Fabiula desligou a chamada e ficou parada no mesmo lugar pensando... O que havia de errado com a filha pra uma reunião fora de hora assim?
Ela não fazia ideia, mas já já descobriria.
A quinta feira chegou rápido e, após levar Valentina para o colégio, Fabiula se dirigiu à instituição de inglês.
Por que é que estava nervosa, mesmo?

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