Onze

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— Eu não acredito! — Aimée disse e a empolgação na sua voz era perceptível. — Vamos patinar no gelo? — Pierre concordou com a cabeça, estacionando praticamente na entrada do ringue. — Por isso você insistiu tanto para que eu trouxesse uma roupa mais quente.

— Exatamente. Você sabe patinar no gelo, não sabe? — Foi a vez de ela concordar com um aceno. — Eu tinha uma leve lembrança de quando nossas famílias viajaram para os alpes.

— Nossa! Eu nem lembrava disso, Pie! Mas sabe que isso me deu uma ideia.

— Qual?

— Nós podíamos organizar uma viagem para os nossos pais, tipo um presente surpresa para o Natal. — Falou a primeira coisa que veio à sua mente.

— Isso seria bom. Vamos pensar melhor nisso depois.

— Vai ser ótimo.


O ringue não estava muito cheio. Tinham calçado os patins e colocado luvas, joelheiras, cotoveleiras e capacete e estavam apenas esperando duas crianças saírem para que eles pudessem entrar.

Aimée tinha patinado frequentemente quando era mais nova, mas já tinha um tempo que não calçava um patins e o mesmo servia para Pierre. As exigências sobre um piloto de Fórmula 1 não davam tempo para a prática de outro esporte e quando ele tinha a oportunidade ele jogava futebol. Mas quando viu o ringue de patinação na semana anterior, ele sabia que seria um bom programa para ele e Aimée.

Com algumas voltas ambos já sentiam que não estavam tão enferrujados e começaram a colocar mais velocidade e até mesmo a fazer algumas manobras mais ousadas, não sem escorregar. Quase caíram mais de uma vez e algumas crianças estavam adorando.

À medida que o tempo passava, patinadores mais experientes surgiam ali, executando manobras realmente difíceis e algumas até perigosas. Isso pareceu inspirar Pierre, que decidiu tentar dar uma volta inteira no ringue de costas.

Um casal ensaiava em um lado da pista e Aimée já tinha reparado neles, achava incrível a patinação artística desde que era criança. Estava olhando para eles novamente e viu que o rapaz vinha também de costas e rápido e estava prestes a se chocar com Pierre.


— Pierre, cuidado! — Aimée gritou, puxando-o por impulso para que ele não se machucasse, mas ao fazer isso ela tinha se desequilibrado e caído no gelo.

— Aimée, se machucou? — Pierre perguntou sem saber o que fazer ao ver a expressão de dor no rosto dela.

— Me desculpe, eu não prestei atenção em vocês. — O patinador se desculpou.

— Está tudo bem. — Ela tentou sorrir, mas ao apoiar a mão no chão para tentar se levantar, sentiu uma dor forte que a fez fechar os olhos.

— Onde dói, Aimée? — Pierre perguntou preocupado.

— Meu punho. — Ela segurou o lugar com a outra mão. — Acho que tentei amenizar o impacto com as mãos. — Pierre ajudou-a a se levantar e só de pé ela viu que algumas pessoas tinham se aproximado deles para ver o que tinha acontecido, mas se dispersaram assim que ela se levantou.


Pierre tirou a luva dela, tirando as próprias em seguida. Apertou o punho dela em vários lugares.


— Dói?

— Dói, mas é suportável.

— Por que você fez isso, Aimée? — Ele balançou a cabeça.

— Porque o cara ia te derrubar. Imagina se fosse você agora com o punho assim? Você tem um carro para pilotar essa semana, Pierre. — Ele queria rebater, mas não tinha argumentos. Ele não podia sonhar em se machucar, não na situação que ele se encontrava.

Léger et Inattendu || Pierre GaslyWhere stories live. Discover now