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Maio de 2019

- Aimée, onde você está? - Mabelle questionou assim que a filha atendeu a ligação. - Não estou vendo seu carro aqui na rua.

- Eu estou no elevador, mamãe. Saí do trabalho mais tarde e estou atrasada, sei disso. - ajeitou a bolsa em seu ombro.

- Só queria conferir. Você tem nos evitado desde que... - Aimée rolou os olhos já sabendo o que viria a seguir. - Bem, desde que o Thierry terminou com você.

- Mãe, eu não tenho evitado vocês. Tanto que mesmo sem estar animada eu estou indo a esse jantar na casa da madrinha.

- Tudo bem. Dirija com cuidado.

- Pode deixar. - desligou, guardou o celular de volta na bolsa e entrou no carro.

No fundo ela sabia que estava sim evitando não só os pais mas qualquer companhia desde o fim do namoro. Nos primeiros dias sentiu uma tristeza avassaladora, não tinha percebido nenhum indício de que o fim do relacionamento se aproximava e só conseguia se questionar sobre o que ela tinha feito de errado. Depois, com seus sentimentos em ordem, conseguiu enxergar toda a situação com racionalidade e percebeu que ela não tinha culpa alguma. Mesmo assim ainda doía e ela não queria encontrar com pessoas que a encheriam de perguntas sobre aquilo.

Não demorou muito a estacionar na rua da casa dos Gasly. Pelos outros carros estacionados, além do carro dos pais dela, imaginou que alguns dos filhos deveriam estar lá também. Desceu, ajeitando o cabelo e o macacão listrado. Caminhou até a entrada da casa e tocou a campainha.

- Oi, Marie. - sorriu para a criança que tinha aberto a porta.

- Filha, quantas vezes vou ter que te dizer para não abrir a porta sem saber quem é? - Paul repreendeu a filha.

- Mas é a Aimée. - ela se justificou, abraçando a mais velha.

- Mas você não sabia disso, espertinha. - ele bagunçou os cabelos dela.

- Zoe, a Aimée chegou! - saiu correndo pela casa.

- Como você está? - Paul perguntou abraçando a recém-chegada.

- Tudo ótimo e vocês?

- Estamos bem. - deu passagem e Aimée entrou, notando mais rostos do que ela esperava na sala de jantar.

- Aimée, querida! Que bom que chegou! Como você está? - Pascal abraçou a afilhada.

- Oi, madrinha. Tudo ótimo. - repetiu o que tinha dito ao primogênito dela, era mais fácil manter a pose de tudo ótimo.

- Mée! - Zoe apareceu a agarrando pelas pernas. - Você vai brincar de boneca com a gente hoje? Igual aquela vez? - Aimée abraçou a outra neta de Pascal.

- Se der tempo depois do jantar, que tal? - ela assentiu.

Seguiu a ordem da mesa, cumprimentando o padrinho, depois os próprios pais, Gabrielle, a esposa de Paul, Pierre, Philippe e a esposa dele, Cécile. Sentou-se ao lado da última que lhe contou sobre o pequeno Valentin, que estava dormindo no segundo andar e explicou porque Petrus e Paco não tinham ido.

Jean-Jaques e Pascal Gasly eram a típica família francesa rica, com diversos funcionários na enorme casa, mesmo que nenhum filho morasse lá permanentemente. Aimée foi servida com uma taça de vinho e pouco tempo depois o jantar foi servido. Paul e Gabrielle serviram a filha e a sobrinha e para o restante da mesa o assunto era o mesmo de todos os encontros. O kartódromo de Yohan e as corridas de Pierre na Fórmula 1.

- E você, Aimée? Seu pai estava nos contando que você está num novo cargo na empresa. - o padrinho tentou incluí-la na conversa.

- Ah sim. - sorriu, olhando em sua direção. - Eu assumi uma obra que está no fim, porque o engenheiro de lá mudou de seguimento. E quando acabar eu vou coordenar todo o departamento pós-obra.

Léger et Inattendu || Pierre GaslyWo Geschichten leben. Entdecke jetzt