The Practical Effect

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Assim como prometido, Jesse acompanhou Natalie até em casa naquela noite, para a paz dos pais da garota. Fazia o papel de amigo como ninguém, sendo cuidadoso e generoso.

Pararam diante da cerca branca de portão baixo antecedendo o gramado da frente ainda conversando:

- Só espero que amanhã seja mais calmo. -Disse Jesse.

- Eu não teria tanta certeza. A polícia ainda tá nessa de apontar o dedo e fazer perguntas. Quem sabe talvez podemos perder uma aula ou duas com isso.

- Se não passarmos o dia na sala da diretora, você diz.

- Ainda está preocupado com aquela megera? Ela não vai contar, Jesse. Stella morre de medo da gente. Ela é só papo.

- Eu não sei, vamos ter que esperar pra ver. O jeito que tudo acabou hoje, ela sabe que nós tivemos algo a ver com a inundação e acho que ela vai querer causar.

- Com isso não estou nenhum pouco preocupada.

- Como pode estar tão relaxada?

- Simples. Se ela quer uma treta, ela vai ter uma. E bem a tempo de se arrepender.

Jesse riu de lado:

- Tá bom, então. Eu vou indo antes que a minha mãe surte, ok?

- Obrigada, amigo. -O abraçou com carinho. - Me avisa quando chegar, tá?

- Pode deixar. Boa noite, Nat. -A soltou do abraço entregando-lhe a mochila, seguindo o rumo.

- Tchau! -Abriu o portãozinho branco de madeira, seguindo pelo gramado.


A casa a esperava. As janelas superiores com luzes acesas refletidas eram os olhos que a observaram no momento de entrar. Ao menos não estava sozinha, ou não estaria. Não há lugar como a nossa casa. Segura, aconchegante e assombrosa. O que será que nos faz ter medo do nosso próprio santuário quando neste estamos sozinhos? O medo é definitivamente irracional. Mas tão forte que a par do escuro e da solidão, até mesmo o porto seguro que põe um teto sobre nossas cabeças pode se tornar o combustível de pesadelos infernais.

Natalie, assim como muitas pessoas, tinha um medo de estar sozinha em casa. Os corredores vazios de repente se tornavam assombrados e estalos da geladeira viravam indicação de presença. Sentia-se observada de forma insidiosa em cada cômodo. Só não ocorria quando as vozes do pai ou da mãe e suas silhuetas ocupavam o mesmo espaço que ela.

Adentrou numa sensação de "finalmente". Por mais que usasse de indiferença, sabia que amanhã seria um dia conturbado no colégio. A surpresa ao estar no hall de entrada, foi a de não encontrar ninguém. A casa parecia abandonada, ainda que com as luzes acesas.

- Mãe, Pai?!

Tirou os sapatos na entrada como era regra da casa, ficando de meias. Á esquerda, a sala de estar não apresentava nem a tv ligada como de costume. Á frente, as escadas dando para o andar de cima tinham o carpete cobrindo os degraus com certo desregulamento, com pequenas ondas indicando que passos descuidados foram dados ali. Á direita havia o pequeno corredor levando até a copa cozinha aberta e mais à frente, a lavanderia, com a porta dos fundos também não indicavam sinal de presença.

Sentia fome. Ao que mirou no fogão, nenhuma panela se fazia fazia presente com uma refeição quentinha.

- Ué, foram comer fora e não me avisaram? -Bufou a garota, dirigindo-se as escadas. - Mãe? -Clamou subindo sem realmente esperar resposta, supondo que ambos haviam saído e deixado as luzes acesas por saberem de suas inseguranças. Mesmo com dúvida ao chegar no topo, o fez e virou à direita para investigar o quarto do casal. Era a primeira porta a se mostrar no caminho.

Scream - Survival 3Where stories live. Discover now