Capítulo 19| Nathan e Lucy

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 A garota de madeixas curtas, e de um tom castanho claro, corre desesperadamente pelas ruas de Santa barbara. Seu coração está tão acelerado, mas quem dera se fosse apenas pela corrida. Lágrimas escorrem por seu rosto como cascatas. Lágrimas de dor. De sofrimento. E desespero. A jovem mulher nunca havia passado por algo parecido, todavia sabia que isso poderia acontecer a qualquer momento, e com qualquer um. Ela não pensava que isso nunca iria acontecer com ela, só não sabia quando, assim como todos que estão fadados a passar por essa situação infeliz.

 Lucy olha para trás, antes de virar a esquina, na tentativa de ver se está sendo seguida ou não. Causando um pequeno acidente. Seu pequeno corpo tromba com tudo ao de um homem. Para que ela não caia com tudo no chão, o homem de jaqueta de couro e calça jeans preta, a segura próximo ao seu corpo. Envolvendo-a em seus braços fortes.

 Por um instante, ela esquece completamente do perigo que tinha acabado de passar. Perdida naquele belo par de olhos cor de mel. Porém ela não era a única encantada. Ele também estava fascinado por quem acabou de encontrar. Na verdade, eles sempre foram fascinados um pelo outro, desde a primeira vez que se viram no fundamental. Ela estava com uma câmera pendurada no pescoço, tirando fotos do pequeno jardim que tinha na escola que frequentavam. E ele estava tentando fugir de uma abelha que o perseguia - querendo um pouco do seu suquinho de uva - quando esbarrou sem querer na menina de maria chiquinha, atrapalhando sua fotografia. Mas Lucy sempre foi doce demais para ficar brava com algo tão bobo. Depois desse dia, eles se tornaram grandes amigos, trazendo a aluna nova para o pequeno grupo de amigos.

 A jovem o abraça, aliviada por encontrar um rosto conhecido. Chorando em seu peito, como uma criança perdida. Nathan a abraça forte, na intenção de trazer a segurança que ela precisa. Após longos minutos parados na calçada, o seu amigo de infância decide leva-la para casa em segurança. A garota vai o caminho todo sem pronunciar uma palavra, e nem ele faz questão de perguntar o que havia acontecido. Claro que ele está preocupado com a amiga, mas respeita seu espaço. Sabe que quando ela estiver pronta, irá contar. E ela sabia que ele estaria disposto a ouvi-la.

– Chegamos. – diz destrancando à porta do apartamento, devolvendo à chave a dona logo em seguida.

 Trancam à porta assim que entram no imóvel. Lucy se acomoda no seu fofo sofá amarelo pastel. O garoto logo se senta ao seu lado, a puxando para um abraço. Ele afaga seus cabelos, tranquilizando-a.

 Lucy estava um pouco mais calma. Estar na presença de alguém conhecido que nunca a faria mal, é reconfortante. É tudo o que ela queria, assim como esquecer o que aconteceu naquela tarde, quando vinha do parque.

– Quer conversar? – o seu salvador quebra o silêncio que invadia o pequeno cômodo.

 Ela apenas confirma com a cabeça.

– Então me diz o que aconteceu para você ficar assim. – sua voz era doce. Passava calmaria.

– Eu... – o choro ameaça vir novamente, mas ela segura. Afinal é essencial ela manter a calma para conseguir dizer o que de fato ocorreu.

– Não precisa contar agora, se preferir. – toca em seu rosto angelical, olhando em seus olhos.

– Não. Tá tudo bem. – respira fundo antes de pronunciar suas próximas palavras. – Eu estava no parque, tirando algumas fotos. Fui até lá depois da universidade. No caminho para casa... – uma lágrima escapa, deslizando em sua pele. – Acabei encontrando com dois caras.

 Seu corpo todo se arrepia só de lembrar da cena que a atormentaria para o resto da vida. Que provavelmente ela jogaria para um canto do seu cérebro, na tentativa de fingir que nada aconteceu. Mas aquela memória sempre estará ali, e apareceria nos seus momentos de tristeza só para destruí-la mais ainda.

– Fiquei um pouco nervosa pela rua estar vazia, mas passei normalmente. Até que eles começaram a mexer comigo. Assoviando e falando umas coisas que prefiro não repetir.

 Nathan fecha os olhos assim que ela termina a frase. Uma enorme raiva cresce em seu peito. Sua vontade é de voltar naquele lugar para dar a surra que aqueles miseráveis merecem. Só que ele não queria deixar a garota por quem é apaixonado, sozinha. O mais importante era estar com ela. Então apenas volta a ouvir tudo atentamente.

– Apressei o passo. Mas um deles me alcançou, segurando meu braço. – leva a mão até o local. – Ele tentou me agarrar à força. – suas lágrimas voltam a escorrer. Falar sobre aquilo é doloroso demais. – Consegui pegar o spray de pimenta que a Ana me deu mês passado, da minha bolsa, e espirrei nos olhos dele. – ela agradece mentalmente por ter ganhado aquele presente da melhor amiga. – Aproveitei que o amigo dele foi tentar ajuda-lo, para poder correr. – suspira aliviada por ter acabado.

– Meu Deus, Lucy. Eu nem sei o que dizer. – o garoto que ouvira tudo com atenção, está completamente perdido por não saber o que dizer para sua amada. Tudo o que ele quer é tirar essa dor do seu peito. É voltar no tempo e impedir que ela passasse por isso. – A minha vontade é de matar esses dois desgraçados! – soca o estofado. Essa é uma das suas maiores vontades.

– Nathan. Não faça isso. – segura à mão do amigo para tranquilizá-lo. – Não quero que arrume confusão por minha causa. – seus olhos brilham por conta das lágrimas, o que a deixa ainda mais linda.

– Eu não vou, porque o mais importante agora é você. – acaricia a lateral do seu rosto.

 Sua carícia faz Lucy fechar os olhos involuntariamente. Aquilo a relaxa. A acalma.

 Ambos sabiam que estavam completamente apaixonados, todavia não sabiam que o sentimento é mútuo. Eles têm medo de serem rejeitados, e acabarem pior do que já estão. De sofrerem mais. E principalmente acabar estragando a amizade.

– Obrigada. – sussurra com um pequeno sorriso. – Só de você estar aqui, já me ajuda muito. – abre olhos, encarando o jovem a sua frente.

– Eu sempre estarei aqui... – realmente, Nathan faria qualquer coisa por ela, e ela por ele.

– Eu só quero tomar um banho, e tentar esquecer tudo isso. – relaxa os ombros.

 Nathan ajuda a amiga no banho. Lucy está fraca demais para isso. Fraca demais para fazer qualquer movimento. Então ele a ajuda.

 O homem sentado no banquinho, passa a bucha delicadamente nas costas nuas da moça sentada na banheira branca. Seus cabelos estão presos no alto por uma presilha preta, para não molhar. Se fosse qualquer outro, já teria se aproveitado da situação, mas ele não. Nathan é diferente, quer cuidar a qualquer custa da pequena mulher a sua frente. Não pensou em algo indecente nem por um segundo.

 Após o banho, Nathan ajudou-a se vestir. A colocou na cama, e deitou ao seu lado, cariciando seu rosto o tempo inteiro.

 Eles haviam combinado em não contar nada para o grupo. Lucy queria esquecer daquele dia, e ficar contando sobre ele só iria piorar. Então tornaram aquilo um segredo só deles. Não é um segredo de se vangloriar. É um segredo sombrio e doloroso, que precisa ficar guardado para o resto da vida.

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Trouxe mais um cap, e como eu disse, ele é sobre a Lucy e o Nathan. É a primeira vez que escrevo em 3ª pessoa, e confesso que estou satisfeita com o resultado. O que acharam?
Obrigada por chegar até aqui, e até o próximo cap. Deixem uma estrelinha e se possível diga o que está achando sobre a história.
Bjs ❤️

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