Olhos de Águia

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Já fazia alguns dias que eu estava com o pensamento em qual faculdade eu cursaria, e não chegava em nenhuma decisão, minha mãe insiste que tenho que fazer algo que envolva gerenciamento de negócios para que eu assuma a empresa da família, Soares Corporation. O que ela era contra quando meu pai dizia que eu assumiria as rédeas da empresa, e minhas ideias seriam as melhores, que fariam eu crescer e ser conhecida no mundo todo. Iludida e criança eu acreditava.

Não que eu me importe de assumir tudo que meu pai deixou pra mim, é exatamente o que eu quero, deixar o nome dele no mundo como o homem que ele foi.

Sempre tão dedicado e amoroso com a família, diferente da minha mãe, depois que ele morreu se afundou no trabalho passando mais de 24 horas seguidas na empresa e voltando pra casa de madrugada.

Imagino que tenha sido a forma que ela encontrou de lidar com o luto. De uma família unida que eramos sempre, nos tornamos uma família comum onde há a perda de um ente ou separação. Eu sendo a única filha carrego o fardo de assumir os negócios da família, papai sempre deixou claro que não queria que assumisse todos os seus negócios que queria que dirigisse apenas a empresa o que nunca entendi, o que seria essa outra parte que ele não queria que eu assumisse?

Meu pai morreu de infarto, dirigindo para festa de 17 anos de casados dele e de minha mãe, há exatamente 3 anos, era uma data muito importante e hoje a casa inteira fica no luto. No primeiro ano minha mãe ficou trancada o dia inteiro, o que achei meio estranho pelo fato de um dia após a cerimonia, ela ficar mais de 28 horas fora de casa, acho que quando deu um ano ela realmente acreditou que ele tinha ido.

Hoje dia 3 de março, que antes sempre tinha umas bodas para comemorar, o dia está em silêncio total, três anos sem o meu pai. Eu ia completar 16 em outubro e meu pai estava muito animado, quando fiz 15 fomos comprar meu carro mas ele deixou claro que só colocaria a mão quando completasse 16 e depois de suas aulas de direção e minha carta com autorização. Uma frase que ele sempre me dizia era que "A pressa é inimiga da perfeição" e nunca esquecerei, ficava indo na garagem olhar o carro, um Impala 67, sempre fui apaixonada por carros antigos, e o meu impala era meu bem mais precioso.

Minha ficha caiu no meu aniversario de 16, quando eu desci pela última vez ver meu carro e ele não estava, ele realmente não viria e eu nunca mais ia vê-lo. E esse pensamento foi o suficiente para que eu cresse que nunca seria a mesma novamente.

Era algo que eu dividia com ele, e quando ele se foi eu deixei de ir na garagem ficar admirando o brilho da lataria preta, não sei se algum dia tirarei ele de junto aos outros carros da garagem.

-Bom dia filha.-diz dona Priscilla ao entrar no meu quarto.-Vim te fazer um convite.-Convite? Hoje? Isso é novidade.

Começando com o fato dela sair do quarto no dia de hoje, não que eu seja fria e sem coração, mas eu tive meu momento de luto, afinal cada um tem um processo de cura diferente nesse tipo de situação.

-Bom dia, convite?-respondo mostrando minha surpresa.

-Sim, te mostrar a empresa. Assim você pode ver de perto como as coisas funcionam, você precisa conhecer seu lugar de trabalho, você assumirá tudo um dia.-diz com meio sorriso e retribuo o mesmo, contudo mesmo não querendo sair de casa por causa da preguiça, aceitar o seu convite ajudaria ela a sair da fossa que é o dia de hoje, minha mãe é uma mulher de 43 anos, mas parece ter seus 35, seus cabelos e olhos castanhos da cor do meu. Não tão alta, com a pele mais clara que a minha, o seu cabelo com o meu, é que diferente dela, eu não sou muito de ficar alisando meus cachos, apenas quando quero dar uma mudada.

-Claro, vou só tomar um banho.-digo me levantando da poltrona e colocando meu livro fechado onde estava sentada.-Vamos antes ou depois do almoço.-pergunto quando olho o relógio marcando 9:10 da manhã.

Herdeira de uma Vingança-Antes da morteWhere stories live. Discover now