Prólogo

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A chuva batia violentamente na janela de um quarto frio da Mansão Agreste, mas não encobria a melodia farta de Beethoven que ecoava do mesmo

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A chuva batia violentamente na janela de um quarto frio da Mansão Agreste, mas não encobria a melodia farta de Beethoven que ecoava do mesmo. Entre "dós" e "sóis", os dedos do pequeno Adrien percorriam cada centímetro do mármore do piano, compondo aquele doce som.

Embora os olhos estivessem cerrados, em posição de total conexão com a música, o loiro só pensava se estava agradando ao pai — que, depois de longas ausências, pôde comparecer para ouvir seu treino.

"Isso é suficiente? Deveria misturar partituras mais quentes e vorazes? Quem sabe aumentar o grau de complexidade, para agradá-lo..."

Havia aprendido com a mãe que, quando os dedos tocam as teclas frias do instrumento, a mente se limpa e se concentra apenas nas notas cadentes. Entretanto, aquela situação era totalmente contrária do esperado; não tardaria para escorregar na sua ansiedade.

E o tombo foi grande, afinal, entre e , há uma grande distância. Gabriel Agreste abriu os olhos de imediato com a nota aguda atingindo os tímpanos, assumindo a expressão de desgosto. Levantou-se da cadeira e saiu do quarto, sem dizer uma palavra.

Adrien bateu forte a tampa do piano, que já estava molhada de lágrimas amargas de desgosto. Sim, não conseguiria se levantar da queda; sem sua mãe, não era ninguém.

Desejava queimar aquele pedaço de madeira que lhe atormentava, mas seria como queimar a si mesmo. Não existiria Adrien Agreste se não tivesse um piano, ele nasceu grudado a isso. Contentou-se em afogar mais uma vez suas lágrimas no travesseiro e dormir para fingir estar bem. Amanhã é um outro dia.

Sim, o amanhã é outro dia... Mas todo dia era cópia do anterior para Adrien. A monotonia daquela vida tingiu o garoto de cinza, e o jogou num abismo sem saída.

Entregou-se ao sono, almejando estar pronto para o concurso do amanhã.

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