Capítulo 4

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Adrien estava com insônia — uma raridade, já que seus dias eram tão cansativos que dormia como uma pedra

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Adrien estava com insônia — uma raridade, já que seus dias eram tão cansativos que dormia como uma pedra. Talvez fosse efeito da nova cama, ou o fato de o quarto não ser tão solitário, poderia ser até o ressonar (mais para ronco mediano) de Nino na cama ao lado. Virava para um lado, quase batia a cabeça na parede, jogava as cobertas, enfim, não seria uma noite de sono.

O loiro, então, se levantou e saiu do quarto, indo para o bebedouro mais próximo. "Não posso esquecer de começar a usar minha garrafa, é mais prático". O pátio estava silencioso, iluminado pela luz da lua que entrava nos vitrais — que eram maravilhosos, com cada expressão de arte incrível! Tomou sua água (do sono, tomara) enquanto olhava distraído pelo local; estariam sentindo sua falta em casa? Obviamente que não, mas gostava de pensar positivamente.

A verdade é que estava morrendo de saudade da mãe, a Mansão ainda o mantinha perto das lembranças com ela; porém, agora a quilômetros de distância, sentiu-se só, abatido pela separação.

Sentiu uma ou duas lágrimas escorrerem pela bochecha, sentindo o gosto salgado nos lábios secos. Não queria chorar, só que podia ser inevitável às vezes. "Umas águas não matam, né?" tentava se consolar, enquanto mais gotículas manchavam o rosto; pelo menos, não havia ninguém acordado que pudesse ver seu pranto, seria silencioso como todas as outras noites de sua vida. Bem, foi o que pensara.

Eis que surge uma figura mediana, de cabelos armados, batendo suavemente na porta de seu quarto. Como estava em uma penumbra no banco à frente, a pessoa não o viu; no entanto, Adrien também não reconheceu quem era que estava no seu quarto tão tarde da noite.

Para sua surpresa, Nino receptou a figura, abraçando-a e puxando para dentro. O menino sentiu suas bochechas esquentarem mais ainda, agora sim que não poderia voltar ao quarto! O colega levou a namorada para lá Deus sabe para fazer o que.

Indignado, Adrien serviu-se de mais um copo de água, para esfriar a temperatura corpórea. E se algum inspetor o pegasse para fora, pior, o levasse de volta e, provavelmente, flagrasse Nino em uma situação constrangedora? Já podia ver manchetes: o pianista Agreste  é cúmplice de uma noite de transa na primeira semana de um colégio interno. Céus, poderia estar viajando (e como, seu foguete chegou em Júpiter com essa paranoia), mas era realmente arriscado ficar no pátio, em que a qualquer momento alguém poderia passar por lá.

Resolveu passear pelos corredores, entre cantos de sombra e imperceptíveis sobre a gravação das câmeras de segurança. Tudo parecia tranquilo e calmo, alunos dormindo, sem sinal de vigias, Adrien conseguiria aguentar até que a intrusa saísse do quarto. Por um momento, desejou que aquele compromisso fosse rápido.

— Alya? Alya... Não acredito que ela foi lá mesmo! — os sussurros da azulada procurando a amiga alcançaram os ouvidos de Adrien, que encontrou a menina ainda na porta de seu quarto.

Marinette, assustada por surgir um vulto do além, chutou a canela do menino, que gemeu alto de dor. Ao reconhecer que era Adrien, entrou em pânico pelo som e tapou-lhe a boca em reflexo. O empurrão repentino causou desequilíbrio; na tentativa de se recompor, a menina acabou por complicar mais ainda, levando ambos ao chão do quarto. Por sorte, não fizeram tanto barulho, porém, era extremamente constrangedor ter um menino em cima de si (no quarto, no chão do quarto! Que serelepe).

Nas Partituras do AmorWhere stories live. Discover now