Parte 1 - Síndrome de Estocolmo?: Introdução

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Ricardo Zenotti era um homem de sucesso. Sócio majoritário de uma das maiores redes de hotéis de luxo do mundo, sempre figurava nas listas de homens mais ricos do Brasil.

Sucesso profissional era algo que Ricardo realmente não tinha do que reclamar. Sua rede de hotéis começou com um pequeno hotel, herdado de seu pai há mais de 30 anos. Ele transformou um pequeno prédio de oito andares em uma rede que se encontrava em mais de 40 países, com mais de 150 unidades.

Quanto a empreendedorismo, visão de negócio, satisfação de funcionários, Ricardo era um case de sucesso, um exemplo a ser seguido, um profissional a ser admirado. Com 65 anos, ele possuía tudo o que nem sonhara em querer possuir quando mais jovem.

Mas todos sabem que a vida de ninguém, de ninguém mesmo, é 100 por cento feliz. O calcanhar de Aquiles na vida de Ricardo Zenotti era sua vida familiar.

Viúvo, se casou tarde, aos 40 anos de idade com Odete, o grande amor de sua vida. Depois do falecimento dela, oito anos após o mais feliz casamento que ele pudera sonhar, se viu sozinho com dois filhos, um menino de sete anos e uma menina de seis.

Tocar uma rede de hotéis que estava em expanção internacional e cuidar sozinho dos filhos, não era uma missão fácil. Mesmo assim, como tudo em sua vida, ele desempenhara um ótimo papel, ao menos era o que ele achava.

Ricardo jamais vai esquecer aquela tarde de sábado em que a família tinha acabado de se mudar para uma pequena mansão (pequena comparada com os futuros imóveis que o empresário iria adquirir) e comemoravam juntos a nova aquisição com um churrasco.

As crianças estavam empolgadas porque agora tinham piscina em casa, os dois estavam fazendo, segundo eles, a "Olimpíada dos Pulos". Ricardo estava na churrasqueira e Odete fazia drinques para os dois. Um atrás do outro. Ela tinha comprado uma revistinha ensinando a fazer coquetéis e ele tinha comprado todas as bebidas citadas na revistinha e abastecido o bar da casa, para que a esposa pudesse se divertir fazendo as mais variadas bebidas.

Após beberem e comerem muito, Odete decidiu tomar um banho, ela estava ansiosa e nunca tinha usado uma banheira de hidromassagem na vida. As crianças estavam de barriga cheia e brincavam com uma bola de vôlei próximo a piscina. Ricardo ficou ali, vendo os filhos brincarem e se sentindo um homem vitorioso.

Meia hora após Odete sair para o banho, seu filho, muito apegado a ela, decidiu ir atrás da mãe. Ricardo tomava o último gole do Negroni, uma bebida horrível que Odete fizera, quando seu filho veio calmamente até ele e disse.

- A mamãe está dormindo no chão e não quer acordar!

Ricardo se levantou rapidamente e foi em direção ao quarto do casal. Ele não estava tenso, nem nada, acreditava que a esposa devia estar muito bêbada. Porém o que ele viu foi a segunda pior coisa que ele veria em toda a sua existência.

Aparentemente, Odete escorregou ao sair da banheira e com a queda bateu a nunca na própria banheira morrendo na hora.

Ricardo gritou, gritou muito alto, um grito cheio de desespero. O amor de sua vida tinha acabado de morrer de uma maneira altamente aleatória. Suas pernas fraquejaram e ele se sentia sem chão. Como se um buraco negro engolisse toda a felicidade que ele sentia com suas recentes conquistas financeiras. Ele não chorou abraçado ao corpo inerte de sua esposa, ele urrou. Um urro que tinha tanta dor, que sua filha do lado de fora da casa ouviu e instantaneamente começou a chorar.

Se ele pudesse voltar no tempo, ele abria mão de todo o dinheiro para ter Odete de volta. Ele xingou Deus por ter feito aquilo com ele. Se culpou por ter comprado bebidas e incentivado a esposa a fazer drinques para os dois. Odete se fora e ele nunca mais ouviria aquela voz que conseguia ser firme e suave ao mesmo tempo.

'Os Provocadores' (Thriller Gay)Where stories live. Discover now