'Os Provocadores' (Thriller Gay)

Capítulo 18: Michel

Obs: Esse capítulo é mais dezoito também.

Os Provocadores Dia 07: 8h28 – Divinópolis – MG:

 

Após tomarem café e fazerem o checkout no hotel, Michel e Dimitri seguiam para Vitória. A viagem teria mais de nove horas e seria a maior desde que saíram de casa. Michel estava muito inseguro com o Dimitri querer continuar com os provocadores mesmo estando com o braço engessado. Era um grau a mais de dificuldade para o que quer que fosse acontecer.

O clima estava um pouco ruim desde a discussão que tiveram na noite passada. Dimitri ficou claramente ofendido porque ele não quis assistir ao vídeo dele matando Ivan Caprioni, mas isso não era uma opção, Michel não gosta de ficar assistindo a esse tipo de coisa da forma que Dimitri assistia e reassistia. O parceiro que engolisse isso.

Após pouco mais de uma hora de viagem Dimitri quebrou o silêncio.

– Não está curioso para saber quem é nossa próxima vítima e como ele matou?

– Na verdade não muito, não consigo parar de pensar em como você foi injusto ontem à noite. – Michel soltou. Por mais interesse que tivesse em saber quem era o gay que mata gays, a briguinha da noite anterior era mais importante naquele momento. Dimitri bufou e disse:

– Você realmente quer fazer uma DR? – Seu tom de voz era de incredulidade. – Você não acha que é uma perda de tempo ficarmos de briguinha como um casal normal quando estamos muito, muito acima disso?

– Quando você deixar de agir como uma criança mimada e parar de se importar e entender que eu não quero assistir aos vídeos que me custa muito filmar, eu paro com as DRs, você se acha muito superior que todos à sua volta, mas age como um menino mimado quando contrariado. Já fique sabendo disso: eu não vou assistir nenhum desses vídeos, já basta filmar e eu faço isso como uma obrigação para algo maior. Não é como se eu sentisse prazer no que fazemos, eu sei que faço parte de algo importante e isso tem que bastar para você. Essa parceira, como você gosta bem de falar, é uma via de mão dupla e eu estou abrindo mão de muita coisa para que continuemos juntos, viajando pelo país cometendo assassinatos, então eu quero que você aceite que eu não sou você e que eu não vou de maneira alguma curtir os vídeos que você faz! – Enquanto falava, Michel não tirava os olhos da direção, assim que terminou de desabafar, olhou para Dimitri e viu que este estava com um sorriso no rosto.

– Tudo bem! – Ele disse. – Vou respeitar sua decisão. Você é meu namorado, eu te amo e sei que isso não é fácil para você. Não irei mais me chatear quando você disser que não quer assistir ao vídeo. – Michel se sentiu aliviado com a resposta de Dimitri, estava preparado para uma briga que duraria as mais de nove horas de viagem que teriam pela frente. Isso o deixou mais tranquilo.

–Tá vendo! Fazer DR é importante às vezes. Resolvemos nosso problema! – Michel disse enquanto reduzia a velocidade do carro e parava no acostamento.

– O que foi? – Perguntou Dimitri sem entender a parada repentina.

– Me mostre quem é nosso novo trabalho. – Pediu Michel. Dimitri sorriu e abriu a pasta que estava em seu colo, se lia dois nomes nela "Mário Santana" e "Rodney Brandão" – Serão dois? – Perguntou curioso.

– Não. Mario Santana é mais um filhinho de papai, rico para caralho, de São Paulo, que mantinha uma vida dupla, namorava uma mulher e um cara. – Respondeu Dimitri, enquanto entregava uma foto do rapaz para Michel. - Obviamente ele vivia aquela história clichê e imbecil de esconder para sociedade que estava com um homem e usava uma mulher para não ser julgado. – Michel viu a foto de um rapaz bonitinho, devia ter uns vinte e tantos anos, pele clara, olhos castanhos, cabelo preto, tudo normal. – As coisas seguiram o ritmo normal e o namorado, Julio Telles, cansado da situação, disse que iria contar para a namorada de Mario que dividiam o mesmo namorado. Sem pestanejar Mario deu nove facadas na jugular de Júlio. Eles estavam em um motel, o negócio foi tão violento que... acho melhor você ver. – Dimitri entregou a Michel uma foto de um rapaz morto em cima de uma cama, muito sangue por toda parte, a cabeça estava colada ao pescoço somente por alguns centímetros. Parecia uma versão macabra de Nick Quase Sem Cabeça [1].