Capítulo Treze

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O sono de fato não se lembra mais de vir a mim, depois de alguns minutos de conversa com Meliorne, Estella e eu retornamos ao palácio, e aqui estou eu, virando de um lado a outro da cama repetidas vezes, pensando em quais destinos Áster pode ter tomado. O que pode ter ocorrido a ela e Lilith? Se fugiram ou se foram mortas como forma de silenciar seu amor. Viro-me para a janela e fecho os olhos tentando adormecer, mas diferentemente das vezes anteriores agora ouço uma voz. Abro os olhos procurando alguém no recinto, porém só avisto Estella dormindo profundamente. Volto ao estado anterior e novamente a voz vem a meus ouvidos, contudo desta vez não a procuro só a sinto. Momentos depois a reconheço, o mesmo timbre que ouvi nos céus em contato com a estátua, mais clara, mais vibrante e escuto com perfeição as frases ditas.

"Khione, espero que me escute. Venho tentando contatá-la a muito tempo, mas creio que os demônios tenham lançado algum tipo feitiço de bloqueio me impedindo de falar com você até que buscasse por sua verdadeira indentidade. Sei que já me ouviu uma vez, e espero que tenha seguido meu conselho procurando Uriel, encontrá-lo nos céus será fácil, provavelmente ainda é de alto posto. Se estiver me ouvindo por favor, tente, tente como puder me responder, você precisa de mim e eu preciso de você."

Meus olhos se abrem instantaneamente após esses breves segundos, minha mente está atordoada e mais confusa que antes. Como pode? De onde vem?

Chamo o Sys que se desloca até nosso quarto, esse sistema com toda certeza é muito eficiente. Procuro sobre feitiços de bloqueio e descubro que podem ser feitos em apenas suas ocasiões, as quais são: quando um ser é aprisionado no corpo de outro, e quando duas almas são ligadas por outro feitiço. Continuo lendo sobre até que a porta abre delicadamente.

- Imaginei que estaria acordada. - Psyche diz sorrindo. Retribuo o sorriso e espero até que ela se sente na ponta da cama. - O que está fazendo a essa hora? - Penso em contar a ela sobre a voz, mas provavelmente me acharia louca como até eu mesma me acho.

- Somente lendo alguns feitiços.

- Feitiços de bloqueio? Só demônios são capazes de fazê-los. Quero dizer, eram capazes de fazê-los.

- Sim, é o que diz aqui.

- Imagino que a pesquisa de madrugada sobre esse assunto tenha algum objetivo. Tem ouvido vozes? - Pergunta lançando-me um olhar preocupado.

- Sim. - Digo ainda que relutante.

- Há quanto tempo?

- Desde os céus. Ouvi a primeira vez e agora pouco ouvi pela segunda. Você deve me achar louca não é?

- Não, pelo contrário, minha mãe também ouvia a voz de meu pai depois que um demônio o baniu do reino, porém com a brilhante ideia de aprisioná-lo nela, a levando a loucura e depois ao suicídio. - Diz com tristeza.

- Eu não fazia ideia.

- Não teria como você saber. - Ela dá um sorriso de canto.

- Acha que eu fui enfeitiçada?

- É a única explicação.

- Preciso do Arwen, preciso tirá-lo de lá. Ele e o Demir.

- Isso é a busca da morte Khione, Yaza deve ter colocado soldados em cada canto do inferno.

- Temos que tentar!

- Nós tentaremos, mas se quisermos ter o mínimo de chance temos que dormir algumas horas. Se importa de dividir a cama comigo?

- Ah, claro que não. - Digo com um sorriso nervoso no rosto.

- Ótimo, agora Sys pode se retirar. - A tela desapareceu no mesmo instante. - Tem preferência de lado?
Aliás a cama é sua, então te dou esse benefício. - Diz piscando e sorrindo de canto.

Seis Mundos: Novas OrigensWhere stories live. Discover now