Capítulo Setenta e Oito

72 20 2
                                    

— Lilith? — Ainda não se levanta.

— Áster! — A morena corre até a cadeira onde a amada se encontra se jogando em seu colo. — Foram tantos anos. — Sorri beijando os lábios da ruiva a sua frente.

— Senti sua falta em todos eles. — Khione também está observando a rainha demoníaca, ora olha para mim e ora para ela, deve estar nos comparando assim como fez consigo mesma e com Áster.

— Meliorne! — O híbrido a abraça junto a Áster, é visível o amor que têm um pelos outros.

— Já que todos estão aqui quero dar as boas vindas a Lilith e anunciar que decidimos quando realizar nosso casamento. — Lys diz abraçando Khione que está sentada ao seu lado, chamando a atenção de todos presentes. — Na passagem do verão para o outono realizaremos nosso matrimônio. — Mykal observa a cena remexendo o prato e olhando para o nada, não deve estar muito feliz com a notícia.

— Acha que ela é boa o suficiente para se casar com nossa filha? — Lilith pergunta tão baixo que tenho que me esforçar pra ouvir.

— Sim, Lys é ótima para Khione, não poderíamos pedir uma nora melhor. — Áster responde alto o suficiente para que Mykal ouça e revire os olhos dando um sorriso debochando.

— Tem certeza? — Insiste e entendo sua preocupação.

— Toda, ela fará nossa filha feliz.

— Claro. O quão próximo está a troca de estações?

— Daqui a dois dias.

— Como planejaremos um casamento em dois dias? — Fala se levantando desesperadamente.

— Não será difícil, temos milhares de súditos que adorariam ajudar na preparação, o vestido de Lys está quase pronto e Khione, precisamos saber o que irá vestir. — Kastian se pronuncia.

— Sei o que usar e já está pronto. Não se preocupem com isso. — Diz aturdida.

— Em questão a decoração não temos com o que nos preocupar também, precisaremos ir a terra somente, já que nossos enfeites foram destruídos juntamente com Elphia. — O restante do jantar é constituído por burburinhos, olhares disfarçados e meu aparente incômodo em Khione e Lys.

— Me desculpe por fazer você guardar este segredo. — A princesa élfica se aproxima de mim.

— Não me agradeça, estou a um milésimo de desfazer toda essa rede de mentiras.

— Estella, no casamento contarei a ela.

— E espero que ela lhe conte também. — Falo baixo.

— O que disse?

— Espero que ela fique tão feliz quanto eu fiquei. — Tento engana-la e por sorte consigo.

— Também espero.

— Quatro meses.

— O que?

— Pela minha contagem estou com quatro meses.

— Longos oito meses pela frente.

— Se nada acontecer. Não deveria estar planejando tudo que estou. Sei que talvez me fruste mais uma vez, porém é inevitável. Pensar em uma bela menininha de cabelos ruivos correndo junto a Khione, ambas brincando na areia e no mar, quase como em um sonho, mas sendo real.

— Como tem tanta certeza que será uma menina e ainda por cima de cabelos ruivos como Khione?

— Assim como elfos sabem quem está ou não grávida, fadas conseguem saber o sexo e características físicas do bebê. Então posso afirmar que ela será ruiva e idêntica a mãe, só terei o trabalho de gerá-la. — Sorri. — Porém isso com certeza não é algo que me incomoda, será tão bela quanto a mãe. Por Elphia que dessa vez dê certo, não posso passar por isso outra vez. Não com ela. Sabe qual a pior parte de tudo isso? — Olha para mim com os olhos já encharcados. — Não saber se o que estou vivendo é apenas uma ilusão, não saber ser ela está comigo apenas por que Mykal matou seu avô e ela não é capaz de perdôa-la, achar que sou somente alguém que Khione usa para tentar esquecer a vampira. Ter dúvidas sobre seu amor por mim é algo que me mata um pouco todos os dias. — Diz. Quero contar a ela, preciso contar, mas sei que não posso.

— Lys, se você pensa assim deveria conversar com ela sobre isso, ficar remoendo e escondendo sentimentos não te levará a nada além de incertezas e feridas que talvez não possam ser curadas.

— Não sei se estou pronta para ouvir algo que não desejo sair pelos lábios dela.

— Ela está se casando com você. Então provavelmente deve amá-la, não acha?

— Me dói dizer que não sei. Posso lhe contar mais uma coisa?

— Claro. — Digo direcionado toda minha atenção as suas palavras.

— Na noite passada, quando encontrei vocês duas no salão principal. Sei que Khione não estava somente andando, sei que também não estava sozinha. — Ela sabe. — Ela e Mykal, pude ver as duas juntas, selando os lábios em um beijo. Não quis acreditar, me recusei a crer no que meus olhos viam. Entretanto o que me machuca mais nem tanto é saber que ela esteve com outro alguém e sim não ter sido mulher o suficiente para ser sincera comigo e me contar o que aconteceu em vez de ficar se escondendo atrás de mentiras. Isso é o que mais dói.

— Mesmo sabendo disso ainda assim irá se casar com ela?

— Sim, prefiro pensar que foi apenas um erro que não irá se repetir. Eu a amo Estella, amo mais do que já amei qualquer pessoa em toda minha vida, em todos os meus séculos, ela será a mãe da minha filha e estou disposta a perdoar essa falha, mas não sei se estou disposta a perdoar suas mentiras para tentar encobrir isso.

— Santo inferno.

— Você deve estar cansada, vou deixá-la em paz. Obrigado por me escutar, precisava disso. — Diz saindo em direção ao andar superior.

— A disposição. — Sorrio. Assim que ela some escada acima saio ligeiramente atrás de minha irmã, que está conversando com algumas fadas, provavelmente sobre a arrumação de seu casamento. — Khione, venha comigo.

— Desculpe-me Estella, estou ocupada. Pode ser amanhã?

— Claro, caso você não queira se casar pode ser até semana que vem.

— O que aconteceu? — Ela se distância das fadas.

— Ela sabe, Lys viu você e Mykal se beijando.

— Como? — Pergunta atordoada.

— Pela vidraça do quarto. Disse que está disposta a te perdoar por esse erro, contudo não sabe se está tão disposta assim a te perdoar pelas mentiras que está contando. Então escute sua irmã ao menos uma vez, conte, ela quer ouvir de sua boca.

— Pelos Céus.

— E se fosse você me prepararia para ser deixada no altar.

— Onde ela está? — Sinto o desespero em sua voz.

— No segundo andar do cas... — Corre até os portões sem me deixar concluir a frase.

Seis Mundos: Novas OrigensOnde histórias criam vida. Descubra agora