Roxanne não estava preparada para o que sua vida se tornou - ou melhor, sua morte. Ser transformada em vampira porque quase morreu tentando estupidamente salvar uma vampira com certeza não estava em seus planos. Uma boa ação a levou à morte e uma bo...
— Eu realmente não gosto de estar mal com alguém — começo e ela suspira, provavelmente sabendo o que está por vir — então quero me resolver com você. Aquele dia... Eu não entendi nada.
— Eu fui uma cadela aquele dia, eu sei — diz.
— Por que diabos você sentiria ciúmes de mim? Inveja ou raiva? Somos família — falo — quer dizer, eu posso entender que você não se sinta assim em relação a mim mas...
— É estúpido — ela me interrompe — o motivo é estúpido.
— Você disse "Edward consegue demonstrar mais afeto a uma garota que conheceu há duas semanas que a própria esposa grávida". Você insinuou algo sério e maldoso em um momento muito delicado — lembro.
— Eu só queria magoar. Seja ele ou você.
Isso é horrível.
— Você não pensou que poderia atingir Bella? — questiono.
— Não. Eu não estava ligando para ela naquele momento, apesar de usá-la como desculpa — Rosalie parece envergonhada — eu só queria descontar o que estava sentindo.
— E de onde vem tudo isso?
— Eu já gostei do Edward — admite e eu fico chocada. Eu não imaginaria isso nem em um milhão de anos. Edward simplesmente não parece o tipo dela.
Rosalie então conta sua história de vida, como se tornou vampira e como esperavam que ela e Edward formassem um par, mas ele nunca gostou dela. Isso mexeu com seu defeito mortal: o ego. Rosalie sempre foi a mais desejada do recinto, então saber que Edward não gostava dela e nem a cogitava como parceira foi um baque para sua mente já fragilizada. O tempo passou, mas as emoções mais feias dela pareciam vir a tona de tempos em tempos, como quando Edward se interessou por Bella ou seu vínculo instantâneo comigo foi criado. Rosalie não vê Edward além de um irmão, mas às vezes seu ressentimento fala mais alto que seu bom senso.
— Eu sinto muito — digo, sem saber mais o que dizer.
Ela da uma risada sarcástica.
— Não sinta. Eu preciso de terapia, como diz Jasper.
— E talvez uma boa surra pra deixar de ser nojenta — repito o que já ouvi Carmen dizer a Tanya.
— Você bateria em mim? — Rosalie me olha com malícia e isso me surpreende um pouco. Então ela curte essas coisas e ela curte garotas. Interessante...
— Eu sou contra a violência — falo com cautela — mas se você pedir... — dou de ombros.
— Vou manter isso em mente até meu aniversário de casamento — ela pisca sedutora — se bem que Emmett te vê como uma irmãzinha...
— Ew — faço uma careta — desculpa aí bonitona, mas eu não faria nada com ele envolvido. Seria estranho. Aliás, nem com a esposa dele.
— Se você diz — ela dá de ombros, não parecendo levar muito a sério.
Continuamos a conversar, dessa vez sobre tópico menos sensíveis. Quando chegamos ao salão de beleza que Rosalie escolheu, não demorou nem cinco minutos para ela convencer eles a nos atenderem mesmo sem marcar horário e com prioridade. Talvez seja o cartão de crédito preto chique dela ou seu olhar mortal...
Nos divertimos ouvindo fofocas alheias e depois passeamos pelo shopping, comprando alguns presentinhos para todos. Minha respiração fica presa o tempo todo e eu ignoro o máximo que posso meus sentidos sensíveis as reações dos corpos, focando sempre em Rosalie. Ela é divertida e sabe como distrair alguém. Desde fazer comentários esnobes até contar histórias vergonhosas da família, ela se esforça para me fazer passar pela experiência com excelência. Só me permito relaxar quando todas as compras estão guardadas e estamos seguras no carro.
— É tão legal ser rica! — comento animada.
— Eu sei! — Rosalie concorda, sua expressão satisfeita.
— Preciso aprender a ganhar uma graninha já que vou viver para sempre — comento, respirando fundo agora que estou segura.
— Ela e Jasper são magníficos na arte de lucrar. Conversa com eles — ela me aconselha, dando partida no carro.
Quando chegamos na mansão distribuímos os presentes, dando até para Jacob. Claro que compramos uma coisinha extra para pertuba-lo.
— Há, há. Muito engraçado — ele exibe sua nova coleira, fazendo a maioria darem risada. Alguns são educados e tentam disfarçar.
— É para quando Renesmee levar você para passear — sorrio.
— Deus nos livre você se perder e acharem que você é um cachorro de rua — completa Rosalie.
— Vocês são péssimas — ele revira os olhos e nós trocamos olhares satisfeitos.
Quando vou até a cozinha buscar a mamadaira de Renesmee, Edward me segue.
— Parece que a paz foi selada nesse passeio — comenta.
— Nada como uma ida ao cabeleireiro para unir duas pessoas — brinco.
— Posso ver que está muito melhor assim. Apesar de toda a bobagem com Jacob — diz, dando a entender que sabe bastante, mesmo que eu não tenha falado nada. Provavelmente Seth pensou sobre nossa conversa perto dele...
— Eu estou — assinto — o que aconteceu... — suspiro — vai passar. Não foi a primeira vez e não vai ser a última. Eu só preciso seguir em frente.
— Se quiser conversar sobre isso...
— Cadê Edward? — a voz de Bella se destaca entre a conversa na sala de estar.
— Vai lá — sorrio, entregando a ele a mamadeira da sua filha — aproveite.
Ele sorri se desculpando e pega a mamadeira, sumindo em um piscar de olhos. Fico uns minutos apenas ouvindo a conversa animada dos Cullen e os lobos, até mesmo Leah envolvida. Como me atazana de vez em quando, a sensação de que eu não me encaixo me atinge, me deixando chateada comigo mesma. Por que eu não posso aproveitar algo sem pensar que eu não mereço estar ali? Acontece com os Cullen, acontece com os Denali e até mesmo quando eu era humana... Era até pior naquela época. Eu me mudava muito e com isso sempre era a novata, sempre com a sensação de estar perdendo algo, de estar me intrometendo, de estar incomodando, de não pertencer ao grupo já que não cresci com eles. Não importa o quanto me apreciassem... Algo dentro de mim duvidava.
