Capítulo III

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Paulo Guerra

— EU NÃO AGUENTO MAIS EMPATAR COM VOCÊ, PAULO! — Alicia grita brava, quando o jogo se encerra com placar de 3x3.

— Calma, amiga! É só um jogo! — Valéria diz, chegando perto da garota e passando a mão no seu ombro.

— Isso, Aliciazinha, é só um jogo. Não precisa ficar estressada! — Eu digo, provocando-a.

— Tu vai ver quem tá estressada, Paulinho! — Ela diz com um olhar assustador. Merda, acho que vou apanhar.

A garota começa a se aproximar de mim e eu começo a correr, com ela no meu encalço me ameaçando. Saio rápido do ginásio e percebo que já estava anoitecendo, mas mesmo assim continuo correndo o mais rápido que eu posso. Não quero morrer hoje.

— EU VOU TE MATAR, PAULO GUERRA! — Ela grita ainda me seguindo. No desespero, fugindo da morte, eu pulo no lago e ela vem atrás.

Nado um pouco, mas me canso e paro bem distante da margem, em um lugar onde eu quase não conseguia encostar os pés no chão. Alicia para em minha frente, mas ela não dava pé no lugar, então parecia estar fazendo muito esforço para não submergir na água.

Com a chance de ter as duas mãos cortadas pela garota furiosa na minha frente, posiciono-as na sua cintura, mantendo sua cabeça fora da água.

— Você tá maluco? — Ela diz, mas não tenta sair da posição. Eu sinto sua pele arrepiar embaixo dos meus dedos, então abro um sorriso de canto. — Eu acho que tu tá roubando na nossa competição!

— Como eu estaria roubando, lindinha? — Eu pergunto, encarando seus olhos profundos. Eu não fiquei bravo com a acusação, pelo contrário, estava achando engraçado.

— Eu não sei! Você que é o Rei das Travessuras, Paulinho, não eu!— Ela fala e eu abro um grande sorriso, fazendo a garota ficar um pouco confusa e sorrir também.

Ficamos um tempo ali só nos encarando, até que comecei a sentir a garota tremer de frio e resolvemos sair da água. Eu acompanho ela até o dormitório feminino.

— Vai rápido tomar um banho pra não pegar um hipotermia! — Ela diz, abrindo a porta.

Eu assinto com a cabeça, contente que ela se preocupou comigo. Começo a andar na direção do dormitório masculino.

— Paulo! — Ouço-a me chamar, então viro em sua direção e volto para perto da garota. — Obrigada por hoje, foi... divertido.

— Eu quem agradeço, lindinha. — Eu digo, colocando uma mecha do seu cabelo atrás da orelha e depositando um beijo em sua bochecha.

Que porra tá acontecendo comigo? Por que eu to assim com a Alicia? A gente sempre foi meio amigos e tal, mas eu nunca senti essa coisa estranha tão forte. Será que ela sente também? Mas sentir o quê, Paulo? Eu não to sentindo nada! A Alicia é só uma amiga muito querida. E muito gostosa também. Pera, quê?

Eu continuo absorto em meus pensamentos até chegar no dormitório masculino, onde todos os garotos se encontravam.

— E aí, cara! Conseguiu fugir da Alicia? — Daniel pergunta, quando eu saio do banho.

— A gente acabou no lago. — Eu falo e ele me lança um olhar malicioso. — Foi só isso, Daniel!

— Você e ela estão namorando? — O tal de Nicholas pergunta, me fazendo olhá-lo com uma sobrancelha arqueada.

— Não, somos apenas amigos. — Eu respondo seco.

— Ainda bem, achei ela uma gostosa! — O garoto diz, fazendo meu sangue ferver. Levanto-o pelo colarinho, com a raiva estampada em meus olhos.

— Como é que é? — Eu pergunto, assustando o garoto.

— Calma, cara. Porra, vai arrumar briga por uma mina que nem é sua? — O Mário fala, me afastando do garoto.

— Mas bem que queria que fosse, né amigão? — O Koki fala, com um sorriso sapeca.

— Tá querendo apanhar também, japonês? — Eu pergunto e ele nega com a cabeça, levantando as mãos em rendição. Eu olho para todos os garotos, sério. — Um aviso pra vocês: NINGUÉM tenta NADA com a Alicia, ta entendido?

— Ou o que? — O Nicholas se levanta de sua cama e começa a andar em minha direção.

— Ou vai ter que se ver comigo. — Eu falo, mas antes que eu pudesse fazer mais qualquer coisa, o Mário me puxa pra fora do quarto.

— Cara a Alicia não vai gostar se souber que tu anda falando essas coisas pros garotos. — O Ayala fala, enquanto andávamos em direção ao refeitório. — Ela é toda feminista, tu sabe.

— É só ela não ficar sabendo. — Eu digo, dando de ombros. — Duvido que alguém vai ter coragem de contar.

— Não sei não, ein.— Mário fala, mas desiste do assunto. — Ahn Paulo, eu queria te perguntar um negócio...

— Fala aí, mané! — Eu digo, enquanto sentamos em uma das mesas vazias do refeitório.

— É que... é que, tipo, eu to meio afim... meio afim da Marcelina. E... e queria saber se... se tu teria algum problema com isso... — O garoto fala meio que gaguejando. Eu olho pra ele em choque. Uma coisa é a minha irmã ter um crush no meu amigo, mas o contrário...

— COMO É QUE É? — Eu falo, tentando não deixar a raiva me consumir. — Tu tá falando da minha IRMÃZINHA, seu babaca!

— Calma, Paulo! É que ela é tão legal, bonita, querida e carismática que, sei lá, aconteceu! — Mário diz e eu me acalmo um pouco, ele parecia realmente estar gostando dela.

— Se você OUSAR machucar a Marcelina eu juro que acabo com você com as minhas próprias mãos, OUVIU? — Eu pergunto e ele concorda com a cabeça, abrindo um sorriso de felicidade genuína.

— Valeu, cara! Eu juro que não vou machucar ela. — Ele diz e depois de um tempo muda de assunto.

Depois de cerca de meia hora o refeitório começa a se encher. A nossa mesa já estava cheia com os garotos da nossa turma e a das garotas, ao lado da nossa, também já estava completa.

Davi e Valéria estavam conversando em um canto e, não sei porque, senti que aquilo ali não era boa coisa. Os dois namoravam já faziam 7 anos, mas eu tinha quase certeza que aquela conversa tinha a ver comigo e não era algo bom.

Tentei tirar isso da minha cabeça e fiquei conversando com Koki e Mário sobre qual seria a primeira brincadeirinha que faríamos no acampamento.

Comemos o jantar, que por sinal estava uma delícia, e quando estávamos começando a nos retirar do refeitório, sou parado por uma morena extremamente furiosa.

— QUAL É A PORRA DO SEU PROBLEMA, GAROTO? — Alicia grita e me dá um tapa na cara. Doeu.

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Eaí, gente? O que estão achando?
Será que agora o nosso amado Paulicia vai ter problemas no paraíso?

Com carinho, R.

Maybe it's love - Paulicia Where stories live. Discover now