Capítulo XV

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Paulo Guerra

— PAULO! — Marcelina grita. Eu estava junto com Alicia na barraca fazia um pouco mais de duas horas. Nós nos beijamos, conversamos e nos beijamos mais um pouco, mas minha querida irmã tinha que acabar com o momento. — Vai pra tua barraca, vai! Já tá tarde.

— Empata foda do caralho. — Eu digo antes de me despedir da Alicia com um beijo. — Se tiver sem sono, sabe onde me encontrar.

Quando saio da barraca, Marcelina já vai entrando, começando uma conversa com Alicia e tenho quase certeza de que chamou a garota de "cunhadinha". 

— Quase três horas ali dentro, ein Paulo? E olha que eu achei que você era precoce! — Adriano fala e eu caio na gargalhada.

— Não fizemos nada demais, cara. Acho que ela ainda é virgem. — Eu digo e ele arqueia uma sobrancelha.

— Sei não, ein! Teve uns boatos na escola ano passado... — O garoto fala e eu fico bravo de repente. A ideia de ver Alicia com outra pessoa me fez borbulhar de raiva.

— Ah, cala boca, Adriano!  Você não sabe nada desse caralho, não duvido que tenha sido só mais uma mentira daqueles garotos mais velhos! — Eu digo e Adriano levanta os braços em rendição ao notar a raiva em minha voz.

— Beleza, cara. Tu que sabe! — Ele diz dando de ombros. — Vamos logo pra barraca, amanhã vai ser um longo dia. E nem vem deixar a tua namoradinha ganhar, beleza?

— Parece que nem me conhece, Adriano! Parece que nem me conhece... — Eu digo entrando na barraca. Posso estar o quão apaixonado que for, mas NUNCA vou deixar ninguém me vencer de propósito.

Quando deito de barriga pra cima e fecho meus olhos, pronto para descansar, não vejo nada além dos olhos escuros e profundos da garota que estou 100% do tempo pensando. Até que, não sei quando, peguei no sono.

— Paulo! — Alicia diz em um sussurro e eu acordo. A garota tinha enfiado a cabeça para dentro da minha barraca e tinha uma expressão lotada de expectativa.

— Oi, lindinha. Aconteceu alguma coisa? — Eu pergunto me sentando, esfregando os olhos com as mãos.

— Meu sono sumiu e você tinha dito que eu podia te chamar, então aqui estou! — Ela fala enquanto eu saio da barraca.

— Fico feliz por ter me chamado antes da grande competição começar. — Eu digo colocando um braço em volta dos ombros da garota.

O vento gélido da noite de floresta estava presente e era claro que Alicia sentia frio. Tiro o meu casaco de moletom e coloco ao redor dos ombros da garota.

— Não precisa, Paulo! Você vai passar frio.

— Melhor eu passar frio do que você.

Ela me lança um pequeno sorriso. Sentamos em uma pedra na beira do riacho, bem juntos um do outro. Abraço ela de lado, que encosta a cabeça no meu peito.

— Você está me deixando doida, Paulo. — A garota diz suspirando.

— Por que?

— Por que você é tão... tão você! Você é tão engraçado e tão querido. Tão incrível, tão perfeito! Como eu posso evitar me apaixonar por alguém como você? — Ela fala encarando no fundo dos meus olhos.

— E por que evitar se apaixonar por alguém que já se apaixonou por você? Você é a pessoa mais maravilhosa que eu já conheci e não consigo mais viver sem você, Alicia. — Eu falo e a garota me encara. Por um instante, pensei que ela fosse chorar, mas tudo que ela fez foi me dar um abraço apertado, o qual eu retribuí.

Alicia Gusman

Que merda, que merda, que merda. Eu amo o Paulo. Amo o Paulo mais do que já amei qualquer pessoa que conheci. Eu amo tanto o Paulo que dói. E quando ele me disse que também estava apaixonado por mim, pensei que ia chorar. Chorar de felicidade, de alívio, de tranquilidade e de amor. E no nosso abraço eu me senti tão segura que até meu coração começou a bater mais forte, no mesmo ritmo do de Paulo.

No dia seguinte, acordo com um berro da Marcelina. Estava deitada no colo de Paulo, ainda na beira do riacho. Ele tinha um cobertor ao seu redor e um travesseiro atrás de sua cabeça.

— ALICIA, POR QUE CARALHOS TU NÃO DORMIU NA PORRA DA BARRACA? — Marcelina grita novamente, batendo o pé.

— Eu peguei no sono só, sua coisinha. — Eu digo ainda com sono. Paulo acorda com os gritos da irmã e a olha com cara feia, mas logo começa a me fazer cafuné, já que eu ainda estava deitada em seu colo.

— Pegou no sono, sei. Paulo tu não pode roubar a minha melhor amiga assim, seu vagabundo. — Marcelina fala pegando em minhas mãos e me puxando para cima.

Paulo dá um salto ao perceber que nós duas já estávamos desfazendo a barraca. Ele entra na sua e acorda Adriano, que sai reclamando lá de dentro.

Aliciazinha do meu coração, como desmonta esse treco? — Paulo pergunta, me abraçando por trás enquanto eu guardava as coisas na mochila da equipe roxa.

— Te vira, Paulinho! — Eu digo, me soltando dos seus braços. Dou um selinho no garoto antes de sair pela floresta acompanhada de Marcelina. Me viro para trás e me despeço: — A gente se vê quando vocês estiverem perdendo!

— Vocês estão ficando sério mesmo, né? — Marcelina me pergunta, no meio do caminho.

— Eu acho que sim, Marce. Mas sendo totalmente sincera, não sei! Eu e Paulo nunca conversamos sobre isso. — Eu digo, ficando pensativa.

— Ele gosta de ti de verdade, Alicia. Isso você pode ter certeza. — Marcelina diz e um sorriso involuntário se abre no meu rosto.

— Eu também gosto dele, Marcelina. Gosto dele mesmo. — Eu respondo.

— Ótimo saber disso, Aliciazinha! — Diz Paulo, passando correndo pelo nosso lado, acompanhado de Adriano.

— Vamos, Marce! Eles não podem ganhar da gente! — Eu grito, correndo atrás dos garotos.

Corremos por quase 20 minutos e parecia que a linha de chegada nunca se aproximava. Em alguns momentos eu e Marce estávamos na frente, enquanto em outros, Paulo e Adriano estavam ganhando.

— EMPATE! — Grita meu avô, quando eu e Paulo atravessamos a linha de chegada exatamente no mesmo segundo.

— Paulo, você sempre me rouba! — Eu digo, chegando perto dele que arqueia uma sobrancelha.

— Eu nunca roubei em nada na minha vida! — Ele responde, em um tom sarcástico, se aproximando ainda mais de mim.

Olho no fundo dos olhos do garoto e ele sustenta meu olhar. Quando estávamos prestes a chegar, os outros grupos começaram a chegar.

— Bando de empata foda! — Paulo fala baixinho. Assim, ficamos olhando para o placar das equipes, aguardando pelo resultado da prova.

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Juro que estou quase de chorando
de felicidade com os comentários de vocês! Muito, muito obrigada por todo o carinho e por estarem lendo a história até aqui!

Com carinho, R.

Maybe it's love - Paulicia Where stories live. Discover now