Capítulo XX

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Paulo Guerra

Apenas depois de mais de duas horas Sr. Campos e Alicia saem do meio das árvores. Meu coração alivia de preocupação, mas ver a garota fez ele acelerar.

E ela simplesmente passa por mim. Sem nem me olhar, como se eu não existisse. Foi como um tiro no peito e eu tive que me segurar para não sair correndo atrás dela.

— Paulo, você sabe que até amanhã vai ficar tudo certo entre vocês dois! Meus planos nunca falham. — Valéria fala ao notar minha expressão chateada.

— Não sei se aguento até amanhã! Acho que vou morrer de dor no coração. Eu sou cardíaco, sabia?

— Sempre inventando essas desculpas, né, Paulo? — A garota fala após soltar algumas risadas. — Hoje a noite você já sabe o que fazer, fica tranquilo que vai dar tudo certo.

— Puta merda, Valéria. Tá me deixando nervoso!

Revisamos o plano e eu fui conversar com os garotos, que estavam perto da tirolesa.

Descemos de tirolesa algumas vezes e nos divertimos por ali, quase esqueci de tudo que aconteceu ontem. Eu disse QUASE, por que isso não sai da minha cabeça.

— Japonês, preciso da sua ajuda. — Eu digo para o Koki.

— Problemas no paraíso, Paulão? — Ele responde brincando, mas eu engulo em seco. — O que rolou?

— A minha ex Clarisse, lembra? Ela é enfermeira estagiária e me deu um beijo a força, mas Alicia viu o que ocorreu e você já sabe, né? — Eu explico e o garoto arregalou os olhos.

— Você tá fodido. Mal começou a namorar direito e já perdeu a garota! — Koki fala, fazendo eu trancar o maxilar. Como ele se atreve em dizer que eu perdi Alicia? Tudo bem que é a verdade, mas poxa ele não pode simplesmente jogar isso na minha cara.

— Eu preciso que você me ajude a encontrar dentes-de-leão! — Eu digo, ignorando a frustração que senti quando ele fez aquele comentário.

— Paulo, eu sei que você tá apaixonado por ela e tal, mas você vai mesmo lutar com um leão pra roubar os dentes dele? Não sei se isso é uma boa ideia... — Koki fala sério e eu reviro os olhos.

— Oh que japa burro! — Eu falo e ele me dá um tapa no braço. — São aqueles anjinhos que a gente sopra e faz um pedido, sabe? E aquela florzinha amarela que sempre tá perto deles.

— Ah, porque não disse logo? Coisa de mulherzinha, mas o que a gente não faz por um amigo, né?

— Nossa, Koki! Desenterrou o 'coisa de mulherzinha', ein? Não ouvia isso desde o terceiro ano! — Eu digo, lembrando daquela época feliz. — Vamos!

Ficamos três horas no meio do mato catando florzinha. TRÊS HORAS. NO MATO. CATANDO FLORZINHA. Pelo menos achamos várias e bem bonitas, mas TRÊS HORAS.

Quando saímos da floresta já estava anoitecendo, então Kokimoto foi entregar as flores para Valéria, enquanto eu fui tomar um banho e colocar uma roupa bonita.

Modéstia parte, eu fiquei um gato! E ainda por cima estava cheiroso.

— Nossa, Paulo! Pra onde você vai tão arrumado assim? — Jaime pergunta, entrando no dormitório.

— Reconquistar a minha garota.

Alicia Gusman

— Eu não acredito que ele fez isso com você, amiga! — Valéria disso, abraçando-me depois de eu contar o que Paulo tinha feito, mas tinha algo estranho na garota.

Valéria parecia desligada, o que definitivamente é estranho. Ela não me interrompeu nenhum vez durante a história, nem fez um escândalo ridículo como geralmente faria.

— EU VOU MATAR O MEU IRMÃO! — Marcelina disse após alguns segundos de choque. Ela parecia mais brava do que eu tinha ficado quando descobri. — COMO ELE OUSA FAZER ISSO COM A MINHA CUNHADINHA, QUER DIZER, COM A MINHA MELHOR AMIGA? O PAULO VAI VER SÓ!

Depois do surto de Marcelina passar, continuamos conversando, mas agora sobre assuntos não tão desagradáveis quanto o que tinha acontecido.

— Quem apoia fazer uma trilha? — Eu pergunto depois de um tempo e as duas garotas dão de ombros.

— Se tu quiser muito... — Marcelina disse, não parecendo muito animada.

— Eu vou amar! — Valéria diz e eu abro um sorriso.

— Vamos fazer uma trilha, então!

Pegamos algumas garrafas d'água e adentramos a floresta espessa. Já era quase 6 da tarde, então o sol não estava tão forte e, em alguns lugares, as árvores cobriam a sua luminosidade

Ficamos conversando até que vejo uma sombra de relance. Paro no lugar e sou seguida pelas minhas amigas, que também param, esperando alguma explicação.

— É o Paulo e o Koki! — Marcelina fala e eu reviro os olhos quando escuto o nome do garoto, mas meu coração acelera ao mesmo tempo.

— Eles devem estar procurando algum inseto para assustar as garotas... Agora vamos!

Maybe it's love - Paulicia Where stories live. Discover now