Capítulo XII

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Alicia Gusman

— Ai, Maria Joaquina! Eu não aguento mais essas suas... — Valéria fala entrando no quarto de repente, acompanhada da Majo. Ela pausa a sua conversa no momento em que vê eu e Paulo, que nos separamos com o susto. — Ui, ui, ui, Alicinha! Nem pra contar pras amigas que tava de namorico com o Paulo, ein?

— Não enche, Valéria! — Eu digo, dispensando a garota com a mão. Ela faz um sinal de rendição e vai em direção ao banheiro junto com Maria Joaquina, que não falou uma palavra desde que entrou no quarto. Viro para o Paulo, que estava com uma cara de assustado e pego em sua mão. — Vem, vamos sair daqui!

Puxo o garoto, que ainda parecia atônito, para fora do dormitório e o guio em direção a um lugar especial do acampamento, o qual meu avô não permite que todos os campistas visitem.

Vamos até uma estrutura que se assemelha com uma estufa, mas que não possui apenas flores e plantas, mas também borboletas. O tão famoso Jardim das Borboletas.

— Uau. — Paulo fala pela primeira vez desde que deixamos o quarto. — Esse lugar é lindo!

— Eu também acho, Paulo. Costumo vir aqui quando quero relaxar ou esfriar a cabeça. — Eu falo sentando em um banco de pedra. — Não conta pra ninguém sobre isso aqui, ok?

— Nunca, lindinha. — Ele diz, sentando ao meu lado e pegando em minha mão mais uma vez. Ele fica calado por alguns segundos, mas depois franze a testa. — Jura que não vai ficar brava se eu te fizer uma pergunta?

— Juro!

— Por que você passou tanto tempo com o Mário nesses últimos dias? — Ele pergunta parecendo ansioso e preocupado em relação a resposta.

— Eu o estava ajudando a preparar uma surpresa pra Marcelina pra ela perdoar ele por causa da tinta no cabelo. — Eu falo e o semblante dele relaxa completamente.

— Eu sou um idiota mesmo. Pensando que você estava afim daquele magrelo! — Ele fala e eu dou uma risada.

— Que você é idiota eu não posso negar. — Eu digo e ele me empurra fraquinho com o ombro. — Mas agora sério, eu não conseguiria gostar do Mário.

— Por que?

— Por que eu só tenho olhos pra um garoto e ele está aqui na minha frente. — Dito isso, o Paulo abre um grande sorriso e avança em um beijo.

Os arrepios que subiram pela minha coluna e a "eletricidade" que eu senti pelo meu corpo na primeira vez que beijei esse garoto, continuavam presentes agora. E a cada segundo, eu me apaixonava mais pelo dono desse beijo.

Nos separamos do beijo quando o ar faltou e o garoto se levanta, dando uma volta ao redor da estufa. Eu permaneço sentada e, quando ele volta, tem uma borboleta com asas roxas pousada em seu dedo indicador.

Ele segura a minha mão e a borboleta vem caminhando para ela. Eu fico admirada com o animal e Paulo sorri ao ver a minha felicidade.

— Roxo é a minha cor favorita. — Eu digo.

— Acertei a cor da tinta de cabelo, então. — Ele fala, passando a mão em uma mexa roxa do meu cabelo. — Já te falei que você fica linda assim?

Eu coro e ele me dá um selinho. A borboleta se assusta e sai voando, junto com algumas outras que estavam por perto.

— E qual é a sua cor favorita? — Eu pergunto.

— Amarelo!

— Combina contigo. — Ele me olha com um ponto de interrogação na face. — Alegria, descontração, criatividade. Você!

— Tu acha que eu sou tudo isso mesmo? — Ele pergunta, com um sorriso tímido.

— Eu acho que você é tudo isso e muito mais, Paulo Guerra.

Paulo Guerra

Acordo com o sol forte batendo em meu rosto. Por um segundo, antes de abrir os olhos, fiquei com medo de ser tudo um sonho maluco, que eu sem dúvidas desejaria que fosse real. Mas nunca foi um sonho.

Eu abro os olhos e vejo Alicia deitada dormindo em meu peito. A garota fica linda até desacordada, como pode?

Lembrei de ontem a noite e o meu coração bateu mais forte. Ficamos conversando até altas horas e, quando bateu sono, pegamos um cobertor e deitamos ali mesmo, na grama do Jardim das Borboletas.

— Bom dia, flor do dia! — Eu digo quando Alicia começa a se mexer e abrir os olhos. — Dormiu bem?

— Ao seu lado, não seria possível dormir mal! — Ela diz e eu coro. Alicia se senta e me dá um selinho, como se fosse o meu "bom dia". — Vamo, levanta! A gente tem que voltar aos dormitórios antes que todos acordem.

— Quem chegar por último é a mulher do Padre! — Eu grito e saio correndo da estufa, com Alicia na minha cola.

— Aha! Paulo é a mulher do Padre! Paulo é a mulher do Padre! — Ela começo a brincar quando chega no banco entre os dormitórios, apenas alguns segundos antes de mim.

— A Alicia é a mulher do Paulo! A Alicia é a mulher do Paulo! — Eu começo a cantar no mesmo ritmo que ela. A garota começa a corar e eu rio. — Vai lá, Aliciazinha, teremos um longo dia pela frente.

— Ah se teremos, Paulinho. — Ela diz e me dá um selinho, antes de sair correndo para o dormitório feminino.

Fico um tempo parado por ali, pensando na noite anterior e em como eu estou apaixonado por essa garota. Quando volto ao meu quarto, sou surpreendido com todos os garotos acordados, parecendo que estavam me esperando.

— Paulo, Paulo, Paulo... — Jaime fala no segundo em que eu fecho a porta atrás de mim. — Você vai nos contar tudo ou estará encrencado.

— Se prepara que lá vem bomba. — Mário fala, com um sorriso de canto.

— Eu estava com a Alicia. — Eu digo normalmente.

— O QUÊ?

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Eai gente, o que estão achando?
Espero que a história esteja sendo tão boa de ler quanto está sendo se escrever!

Com carinho, R.

Maybe it's love - Paulicia Onde histórias criam vida. Descubra agora