Capítulo VI

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Alicia Gusman

Faziam dois dias desde todo o ocorrido com Nicholas. E faziam dois dias que Paulo não olhava na minha cara.

O Nicholas foi expulso do acampamento e seus pais foram notificados. Hugo também foi embora, aparentemente não entendia o porquê a ação do amigo tinha sido errada.

Mas o que eu não entendia, era o porquê de Paulo ter me evitado por esses dias. O máximo de palavras que trocamos foi bom dia e boa noite, o que surpreendentemente me magoou bastante.

Mas pelo lado bom, Mário chamou Marcelina para um passeio na floresta ontem e, pelo que parece, os dois estão melhores do que nunca. Pensei em pedir pra ela falar com o Paulo pra saber o porquê disso tudo, mas não queria estragar a felicidade da minha amiga com meus problemas ridículos.

Hoje é o dia da primeira prova do acampamento, o que me animou um pouco. As equipes serão sorteadas e a atividade do dia será anunciada. Sinceramente, vou tentar deixar o drama do Paulo de lado e me divertir no magnífico dia que está fazendo.

Saí do dormitório acompanhada de Laura e Maria Joaquina, já que Valéria e Carmen já tinham saído do quarto e Marcelina, Bibi e Margarida ainda estavam se arrumando.

Fomos até o refeitório onde tomamos um café da manhã redobrado. Vi Paulo entrando e nossos olhares se cruzaram, um arrepio sobe pela minha coluna e eu lanço um sorriso para ele, mas ele logo desviou o olhar e sentou em uma mesa distante.

— Espero que a gente fique no mesmo time! — Eu digo para as garotas, tentando focar em algo que não fosse aquele garoto que tem me tirado o sono.

— Eu também! — Maria Joaquina começa. — E espero que o Cirilo não esteja conosco, ele é um bobo e nos fará perder.

— Isso foi tão antirromântico, Maria Joaquina! — Laura fala e eu apenas reviro os olhos para o comentário desnecessário da Majo.

— Bom dia, flores dos dia! — Fala Valéria com seu ânimo impecável, sentando em nossa mesa acompanhada do Davi, Daniel e Carmen.

— Bom dia! Tá animada hoje, né? — Eu falo, fazendo Carmen soltar uma risada. Aí tem coisa.

— Todo o dia é dia de animação, minha querida! — Ela responde, com um sorriso travesso no rosto. — Não é, Davizinho?

— É sim, Valerinha! — Ele responde e dá um selinho na namorada. Eu reviro os olhos junto com a Maria Joaquina.

— Bom dia, campistas! Prontos para a prova de hoje? — Meu avô aparece no refeitório e pergunta. Todos confirmaram animados.— Então vamos lá pra fora!

Quando chegamos lá, Alan nos dividiu em duas equipes: a roxa e a laranja.

  Equipe Roxa                         Equipe Laranja
           Eu                                            Paulo
     Marcelina                                   Adriano
       Valéria                                         Davi
         Mário                                      Carmen
     Kokimoto                                    Daniel
Maria Joaquina                                 Bibi
         Cirilo                                          Jaime
         Laura                                      Margarida
    Prof. Helena                                   Graça

— Certo então vamos para a prova! Cada equipe escolherá um participante para atravessar o lago nadando e pegar o bastão da sua equipe que está no centro dele. — Meu vô começa a explicar. — Então, outro participante deve pegar o bastão do seu companheiro de equipe e ir correndo até a trilha na floresta indicada para cada equipe, esta que vai até um monte de 6 metros de altura. — Alguns dos meus colegas começaram a sussurrar, um pouco assustados. — Lá, outro membro da equipe vai atravessar o pequeno precipício através de um SlackLine e entregará o bastão ao último integrante, esse que descerá uma tirolesa de 10 metros e correrá até a linha de chegada. Podem escolher os participantes!

Juntamos a nossa equipe e ficou decidido que Mário nadaria, Valéria correria, eu faria o SlackLine e o Koki desceria a tirolesa.

— Prontos? — Concordamos. — Equipe roxa, quais são os seus integrantes?

— Mário nadará no lago, — Começou a professora Helena — Valéria vai correr pela trilha, Alicia vai no SlackLine e Kokimoto descerá a tirolesa!

— Equipe laranja, quais são os seus participantes?

— Carmen vai nadar, — Graça começou,  com seus característico sotaque. — Daniel vai correr, menino Paulo no Slack-sei-lá-do-que e Margarida na tirolesa!

— Certo! Vamos nos posicionar. — Alana falou e posicionou cada um dos integrantes no lugar que deveriam aguardar. E então, por último, guiou eu e Paulo até um monte alto, onde colocou o equipamento de segurança em nós dois. — Se cuidem e não se matem.

Alan saiu e ficou um silêncio estranho entre nós. Eu não sabia o que falar com Paulo depois de dois dias sem trocar mais de duas palavras. Ele me encarou por um tempo, então me irritei.

— O que que tem? — Eu perguntei, seca. Ele arqueou uma sobrancelha. — Tem algo no meu rosto? Não estou bonita o suficiente pra você?

— Que merda, Alicia! — Ele falou e passou uma mão pelo rosto. — Se concentra na prova, ok?

— Vai se foder. — Eu falei simplesmente, fazendo-o voltar a me encarar. — Eu passo por uma experiência terrível, me abro com você e você me ignora por dois dias. Uau, que amigo bom que você é!

— Eu não estava te ignorando. — Ele diz simplesmente, evitando olhar pro meu rosto.

— Então estava me evitando, como está fazendo agora! — Eu digo, fazendo-o me encarar novamente. — Qual é o seu problema?

— Qual é o MEU problema? — Ele pergunta, com um sorriso de escárnio. — Quem está surtando aqui é você, não eu!

— Você é a pessoa mais babaca que eu já conheci na minha vida. — Eu falo e logo vejo Valéria subindo o morro correndo. — Vamos, Valéria! Você consegue!

E ela conseguiu, sem não haver nem sinal do Daniel. Eu pego o bastão de sua mão e me concentro.

— Você consegue, Alicia. — Eu sussurro para mim mesma e piso no elástico roxo, andando cuidadosamente por ele.

Depois de uns 3 minutos de pura adrenalina, chego ao outro lado. Olho para trás e vejo que Paulo estava quase na metade do elástico.

Tiro o meu equipamento rapidamente e vou correndo até o Koki, que já estava pronto na tirolesa. Ele pega o bastão e desce sem nem pensar duas vezes.

Vejo Paulo passando correndo por mim e entregando o bastão para Margarida, mas já era tarde demais, Koki já tinha atravessado a linha de chegada.

— Chupa, Paulo! — Eu falo passando por ele, com um sorriso estampado no rosto.

— Quem vai chupar é você! — Ele diz malicioso, piscando um olho. Eu lanço o dedo do meio para ele enquanto reviro os olhos.

Esse garoto está me deixando maluca.

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Paulo nunca deixariam finais felizes acontecerem tão rápido, não é?
O que será que se passa na
cabeça desse garoto?
Espero que estejam gostando
da história! Obrigada por
estarem lendo até aqui.

Com carinho, R.

Maybe it's love - Paulicia Where stories live. Discover now