Capítulo IX

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Paulo Guerra

Nós ficamos mais de três horas por ali, procurando dentes-de-leão juntos. Eu nunca tinha visto Alicia tão feliz como naquele momento e isso esquentou o meu coração.

— Paulo, estou ficando cansada! — Ela disse, depois de assoprar um dos anjinhos que estavam na sua mão.

— Quer voltar para o acampamento? — Eu pergunto e ela hesita. Depois de pensar por um tempo, concorda com a cabeça. Andamos por uma trilha comprida que levava de volta para o lago. Só agora percebi o quanto havíamos caminhado para encontrar as flores. — Quais foram os teus pedidos?

— Não posso dizer, se não não se realizam! — Ela disse, depois de assoprar a última flor. — E eu fiz só um pedido várias vezes.

— Eu também. — Eu digo e um silêncio se faz entre nós. — Se divertiu?

— Muito! Obrigada por isso, Paulo Guerra. — Ela diz, com um sorriso imenso no rosto.

Ficamos em silêncio o resto do caminho e a garota parecia absorta em seus pensamentos.

Alicia Gusman

Eu nunca estive tão confusa na minha vida. O que o Paulo estava fazendo? Por que ele estava tão estranho comigo ultimamente?

Uma hora o garoto faz de tudo para me agradar e na outra está me evitando pelo acampamento. Todas as ações dele me confundem e eu não faço ideia do que estou sentindo por ele.

Quando chegamos ao acampamento, vou correndo para o dormitório feminino, sem me despedir do garoto que fazia o meu coração bater mais forte.

Entro no quarto e não encontro ninguém, o que era esperado já que o dia estava lindo lá fora. Subo no meu beliche e me deito, encarando o teto.

O que caralhos eu estava sentindo por Paulo?

Sinto o meu celular vibrar embaixo do meu travesseiro e o pego. Eram várias mensagens de Valéria.

Valéria:
Aonde você está, garota?     
Tá todo mundo preocupado.
Responde a porra das mensagens!
Aonde você se meteu, Alicia?
Se você estiver morta, eu juro que te mato!
ATENDE O CELULAR!

Eu:
Oi, amiga.
Eu tava na floresta procurando
dentes-de-leão!
Fica tranquila, eu to bem.

Desligo o celular após mandar essa breve explicação. Óbvio que eu não contaria que eu estava com o Paulo e nem onde eu estava agora, todas as garotas viriam correndo me encher o saco.

Fecho os olhos e coloco as minhas mãos no rosto, lembrando o porquê de eu ter ido àquela clareira antes do Guerra me encontrar. 

Hoje era o aniversário do meu pai e faziam 5 anos que ele tinha fugido de casa sem dar explicações. Minha mãe e eu ficamos abaladas, mas aprendemos a lidar sozinhas com a situação. Eu só queria ficar sozinha para tentar colocar os pensamentos no lugar e tentar esquecer daquele homem que abandonou a minha família.

Sento na cama e tento mudar meu ânimo. Eu estou no Acampamento Panapaná, aqui não há lugar pra tristeza. Coloco um sorriso no meu rosto e um biquíni verde no corpo, me animando e saindo do quarto.

Vou correndo até o lago e, como esperado, encontrei todas as garotas e alguns dos garotos por ali, não incluindo Paulo, Koki e Mário. Aí tem coisa.

— Opa, opa, opa! E por que as senhoritas estão aqui fora ao invés de tomando um delicioso banho de lago, ein? — Eu digo, abraçando a Marcelina pelas costas.

— É que o Jaime soltou um peido na água, estamos com medo de ser radioativo! — Carmen fala e eu caio na gargalhada.

— Eu já falei que meu peido não é tóxico, seu bando de imbecil! — Jaime se pronuncia, me fazendo rir ainda mais.

— Ah, parem de ser idiotas! Vamo logo entrar. — Eu falo e quase todos concordam comigo, menos Maria Joaquina que faz cara de nojo. — Quem apoia competir de quem consegue ficar mais tempo embaixo d'água?

— Vamos lá! — Todos falam e eu abro um grande sorriso. Nada tem graça sem uma competição.

— Esperem por mim, chatinhos. — Paulo diz, chegando com um calção de banho preto que salientava seu abdômen sarado. Mário e Koki estavam ao seu lado.

— Achei que vocês não vinham! — Davi fala e se aproxima dos seus amigos.

— A gente sempre vem. — Mário fala com um sorriso de lado.

— Já deu dessa conversinha, né? — Eu falo revirando os olhos. — No três a gente pula e o último a tirar a cabeça da água vence.

Eu me concentro e quando a contagem regressiva começa, já estava pronta para ganhar. Sinto o choque da água contra o meu corpo quando terminamos de contar e prendo a respiração, eu sou uma mestra nisso.

É só quando o meu pulmão começa a gritar por oxigênio, o que demora no mínimo um minuto, que eu me impulsiono para cima e tiro a cabeça do lago.

Olho ao redor e percebo que todos estavam revezando seus olhares entre mim e Paulo Guerra.

— Nem fudendo que a gente empatou de novo. — Paulo diz, fazendo com que eu concordasse com a cabeça.

— O meu amorzinho tava cronometrando e... os dois levantaram exatamente no 1 minuto e 12 segundos! — Davi fala.

— Paulo você tá sempre roubando nesse jogos! Não duvido que tenha pago a Valéria e o Davi para fazerem isso! — Eu digo, olhando para o garoto que abriu um meio sorriso.

— Ei! Eu e o Davizinho somos honestos, ok? — Valéria fala, abraçando seu namorado de lado.

— Aceita que você não é a melhor em tudo, Aliciazinha! — Paulo fala, revirando os olhos.

— Você que pensa, Paulinho! — Eu digo, nadando para longe dele. Paro ao lado de Mário, esse que tinha uma expressão chateada. Eu o encaro preocupada. — Ei, o que aconteceu?

— Acho que a Marcelina se cansou de mim! — Ele diz e eu o observo ainda mais confusa. — Ela disse que eu pareço mais namorado do Paulo do que dela e que ela não aguentava mais as pegadinhas que a gente faz.

— Você entregou a rosa branca pra ela? — Eu pergunto curiosa, ela sempre perdoava qualquer um de seus ex-namorados quando eles a presenteavam.

— Ainda não... Eu fiquei com medo de ela achar que eu estava tentando "comprar" o perdão dela! — Ele fala e eu abro um pequeno sorriso. Mário parecia estar gostando dela de verdade.

— Bem, acho que vamos precisar de um plano! — Eu digo e ele me olha esperançoso.

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E ai, vocês acham que a Marcelina
e o Mário irão se acertar?
Espero que estejam gostando da
história! Obrigada por terem
lido até aqui!

Com carinho, R.

Maybe it's love - Paulicia Where stories live. Discover now