Capítulo XIX

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Paulo Guerra

Antes de me matarem, escutem meu lado da história.

Eu estava lá, super tranquilo, procurando a mulher da minha vida, já que as garotas disseram que ela estava meio nervosa por conta do seu pé. E então Clarice me para.

A garota disse que Alicia estaria na enfermaria as 14:20 e que eu deveria encontrar ela lá, por que caso seu pé ainda não estivesse curado, a garota precisaria de apoio emocional.

Quando é 14:20 eu vou para a enfermaria, mas Alicia não havia chegado ainda, o que eu estranhei, pois ela sempre foi muito pontual.
Clarice entra na sala alguns minutos depois e dá um pequeno sorriso, andando na minha direção e me dando um beijo.

Afasto a garota rapidamente, com um misto de raiva e nojo. Mas quando olho para porta, vejo Alicia com os olhos decepcionados. Eu não sabia o que ela tinha visto, não sabia o que ela estava pensando. Fiquei nervoso e quando ela disse para eu deixá-la em paz, o meu coração foi quebrado pela primeira vez na vida. E a culpa era toda minha.

Eu tento correr atrás da garota, mas depois de um labirinto na floresta, perco-a de vista. A preocupação pesa no meu peito e as lágrimas de desespero começam a cair. Eu estraguei tudo! Ou melhor, Clarice estragou tudo!

Contenho minhas lágrimas e tento pensar. Fico a tarde toda no dormitório tentando colocar a minha cabeça para funcionar, mas nada além de "Eu perdi a minha garota" passava por ela.

No final da tarde me rendo e resolvo procurar a única pessoa capaz de solucionar o meu problema: Valéria.

— Você é um idiota, Paulo! Só por você ter feito minha amiga chorar eu não deveria te ajudar, sem imbecil! — Ela fala depois de eu contar o ocorrido. — Mas já que não foi sua culpa, vou abrir uma exceção.

— E ai, qual é o plano? — Eu pergunto desesperado.

— Acalma o coração, capitão! — Ela diz, tentando amenizar o clima, mas eu a encaro sério. — Que agressividade!

— Desembucha, Valéria! — Eu digo e ela ergue uma sobrancelha, como se dissesse "Continua falando assim que você vai ver se eu vou te ajudar". — Você pensou em algo, minha querida amiga Valéria?

— Eu sempre penso em algo! — A garota diz, revirando os olhos. — Câmeras.

— Câmeras?

— Câmeras! — A garota fala. — Se uma foto vale mais do que mil palavras, quanto vale um vídeo então?

— Têm câmeras na enfermaria! — Eu falo, conseguindo seguir o raciocínio da garota.

— Sim, bobão! É disso que eu tô falando.

E é aí que ela começa a me explicar qual seria o plano. Realmente, conversar com ela foi a melhor ideia que eu poderia ter tido.

Quando Alicia não aparece no jantar, começo a me preocupar ainda mais. Já faziam horas que ela tinha corrido para dentro da floresta, será que ela tinha se perdido? Não pode ser, esse lugar é como uma segunda casa para ela. Mesmo assim, a preocupação continua assolando o meu peito.

Passo a noite toda me revirando na cama. Não dormi nem por um segundo.

E se tivesse acontecido alguma coisa com ela? E se ela tivesse se machucado? Seria tudo minha culpa! De novo!

E se o plano se Valéria não desse certo? E se Alicia nunca mais quisesse olhar na minha cara? E se ela tiver percebido a pessoa péssima que eu sou e resolvido esquecer de mim para sempre?

Eu não conseguiria viver sem ela. Não depois de todos os momentos que passamos e de tão incrível que eu percebi que ela era.

Eu prefiro não viver a não ter a mulher da minha vida ao meu lado. (Dramático, eu sei, mas deixa eu viver o meu momento!)

Eu amo ela. Amo ela mais do que já amei qualquer pessoa. E preciso que ela saiba disso.

Quando amanheceu, pulei da cama. Fui o primeiro a tomar banho e ir para o refeitório tomar café da manhã, com esperança de encontrar a garota lá. Mas ela não apareceu.

Fiquei das 6:40 até as 10:30 sentado em uma mesa, mas ela nunca apareceu. A esperança foi substituída pela preocupação e a preocupação pelo desgosto, quando Clarice sentou em minha frente.

— Paulo, sobre o que aconteceu ontem... — Ela começa.

— Sobre você ter me assediado e dado a entender que eu estava traindo a mulher que eu amo? Não quero conversar sobre isso, obrigado.

— Eu sei que você gostou, Paulo!

— Vai se foder, Clarice! Entende de uma vez por todas, EU NÃO GOSTO DE VOCÊ. Não gostava quando eu tinha 13 anos e muito menos agora. Antes, eu mal lembrava de você, agora tudo que eu sinto é ÓDIO e PENA. — Eu falo e ela me olha magoada, saindo batendo o pé depois de alguns segundos.

E é quando Alicia não aparece no almoço também que eu resolvo buscar informações.

— A Alicia está no dormitório? — Eu pergunto para as garotas, que estavam sentadas em uma mesa.

— Não, pensamos que ela estava com você. — Margarida fala.

— Não vejo ela desde ontem de tarde. — Eu digo.

— Nem nós. — Laura fala com uma expressão de desconforto. — Isso não é nada romântico!

— Vamos falar com o Senhor Campos, ele pode saber de algo. — Carmen fala.

Vamos até o vô da garota, que escuta o que tínhamos dizer, mas não demonstra nenhuma expressão de preocupação. Como alguém fica tão calmo quando a própria neta some?

— Ela conhece isso aqui melhor do que eu, crianças! Vocês não tem com o que se preocupar. — Ele fala, simplesmente.

Eu fico ali por mais de meia hora, insistindo para que ele vá procurá-la ou pelo menos permita que nós fôssemos. As garotas já tinham desistido e ido tomar um banho de sol no lago.

— Certo, Paulo, eu mesmo vou procurá-la daqui a pouco. Combinado? — Ele fala, suspirando.

— Combinado. Obrigado, Senhor Campos.

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Eai, gente? Será que o plano da
Valéria vai funcionar?
Espero que vocês estejam gostando
da história! Muito obrigada
mesmo por estarem acompanhando, votando e comentando! Estou amando o apoio e incentivo de vocês.

Com carinho, R.

Maybe it's love - Paulicia Where stories live. Discover now