XXXV

21.5K 1.6K 4.1K
                                    

N/A: Capitulo longo, bastante acontecimentos e é isso. Adeus agora a mamãe vai dormir.
_______________

Terra, vento, uma bola de futebol, risadas, Madison grudada em minhas costas e uma tarde quase em estágios iniciais de noite com todos nós observando Marcus Göretz acender uma fogueira ao lado de Noah Davies.

Estávamos prestes a fazer inclusive, algo bem clichê e visto somente em filminhos de ficções adolescentes, surpreendentemente, a ideia veio de Dinah, que alegou estar preparando um pedido de namoro especial e oficial acerca de Normani.

Ajudaríamos, óbvio.

Richard trouxera o violão na capa amparada em seus braços fortes, hugo trouxe uma mochila com bebidas, Camila carregava nas mãos uma polaroid qual tirava fotos e mais fotos de todos nós o tempo inteiro. Fotos que ficariam guardadas para sempre em uma caixa de madeira, empoeiradas no sotão da casa em detalhes verdes onde viveram por boa parte de suas vidas em Hazlerigg, antes de mudarem-se para Jesmond. Seria o lugar onde, além de manter escondido segredos de seus avós judeus, junto a viagens insanas, manteria também recortes de uma amizade que no futuro viria a ruir por todos os lados, entre desavenças e tensões impossíveis de se lidar.

Remendar.

Sim, sim e sim por parte de Normani Kordei, lágrimas de Dinah Jane Hansen e gritos para o casal se beijando em meio a assovios e alianças — sim, alianças! — prestes a serem trocadas em meio ao som do violão de Richard. Dinah e Normani trocavam carícias discretas enquanto permaneciam abraçadas, o clima amoroso perdurava intenso, tocante acerca até dos mais insensíveis dos seres humanos e eu?

Enxuguei o canto de meus olhos, a fim de disfarçar o quão mole era por dentro.

— Que decepção, cretina. — Allyson debochou aproximando, enquanto Madison fixava o olhar em meu rosto e ria lotada de vontade.

— Ah, olha só que lindo. — Dei de ombros, encenando um bico empurrado nos lábios. — Me deixem em paz, insensíveis. Alias, ainda estou brava com Dinah por não nos ter contado que pretendia pedi-la em namoro.

— Não sou insensível, só achei engraçado você chorando e olha que elas nem casaram ainda. E eu também não entendi o lance dela querer que fosse uma surpresa para nós também. Qual é, eu queria ter ido ajudar a escolher os anéis. — Hernandez deu de ombros, acomodando-se ao lado de Elle Beer e eu, que observávamos a fogueira queimar em meio a uma Lucia Vives que seguia tirando fotos do mais novo casal de Newcastle upon Tyne através de seu celular exuberante.

E assim a noite seguiu, uma roda foi montada, marshmellows espetados em palitos de churrasco derretiam em meio a brasas intensas e eu observava cada detalhe com melancolia, temendo que tudo virasse um simples sonho, mentira, que... Eu estivesse prestes acordar, lá em 2013 com onze anos de idade, um despertador vibrando no criado mudo e uma Clara Jauregui abrindo as cortinas enquanto alegava ver um lindo dia.

Todos os rostos, sorrisos, cantos, piadas, era como estar ali desde sempre, porque eles me deixavam fazer parte, acolhendo-me de braços abertos em meio a suavidades gentis muito longe de todos os clichês associados a grupos como aquele. Haviam obviamente manias que explicitavam traços mimados, enjoados e mal acostumados, mas nem isso era capaz de me colocar em desconfortos latentes.

— Seus olhos são tão bonitos. — A voz de Keana surgiu repentina e só então compreendi que Allyson e Madison não estavam mais ao meu lado e que alguns já espalhavam-se pelo local, dançando e enchendo a cara.

— Os seus também. — Fitei-a calmamente, mordiscando o lábio inferior ao relembrar da conversa com Camila e...

Não pense em nada.

Camila - Camren Where stories live. Discover now