Capítulo 34

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POV SOPHIA:

Dizem que quando estamos prestes a morrer, nossa vida passa diante dos nossos olhos durante cinco minutos, e que com esses cinco minutos o medo, a angústia, e tanto outros sentimentos se apossam da nossa alma por completo, como se estivessem penetrando tão profundamente, que você ficasse inerte enquanto recebe o estrago que eles fazem no seu ser.

Já parou para pensar nisso? Todas as cenas nos mínimos detalhes e como se não bastasse, até os sentimentos que sentimos durante cada momento da nossa vida.

Eu podia sentir meu peito apertado, e meu coração acelerado. Parecia que tudo estava em câmera lenta, e a minha respiração no mesmo ritmo. Meu corpo estava preparado para atravessar o outro plano, mas, a única diferença, era que a pessoa atingida naquele momento e que estava entre a vida e a morta não era eu, e sim, o homem da minha vida.

— Eu preciso do desfibrilador agora! — Ouvi alguém gritar um pouco distante de onde eu estava, enquanto meu corpo se mantinha inerte na mesma posição.

Estática.

Sem emoção.

Sem esperança.

Oliver não parecia reagir a nenhum dos esforços dos médicos que passavam para lá e para cá naquela sala branca e fria.

Fria igual ele, fria igual seu corpo imóvel na maca.

— Eu preciso que vocês tirem ela daqui agora, isso é uma ordem! — Um dos homens vestidos de terno, empunhando uma arma disse, para logo em seguida aparecer outro vestido do mesmo jeito e me pegar com força pela cintura, me levantando como se eu não pesasse nada e me retirando da sala.

A ação fez meu cérebro acordar rapidamente e meus braços começarem a se debater, para tentar sair do seu aperto e de algum jeito, ficar próxima de Oliver e nutrir alguma esperança que seus olhos abrissem novamente.

— Eu preciso que você me deixe ficar, por favor! — Implorei, sem saber para onde correr, para onde pedir ajuda.

Olhei ao redor, tentando achar alguma porta que me ajudasse na minha entrada de volta ao quarto do professor, mas as duas de acesso pareciam trancadas e muito bem abarrotadas na entrada por seguranças.

— A senhorita precisa ficar, sinto muito, mas esse é o protocolo! — Olhei embasbacada para o homem alto e robusto na minha frente. Claramente ele não fazia ideia do quanto me manter afastada do homem atrás daquela porta poderia afetar totalmente a minha estrutura, ou melhor, ela já estava afetada.

Pensei em todas as vezes que abaixei minha cabeça para os meus pais, colegas da escola e até mesmo aqueles na qual eu pensei que poderia confiar, e percebi que eu fui um fantoche na mão de todos esse tempo todo. Sempre manipulada e moldada, nunca ouvida e muito menos dada a devida importância.

— Olha, eu não estou em condições de acatar ordens agora. Passei praticamente a minha vida toda fazendo isso e nesse momento, eu não me importo com nenhuma consequência, na verdade, eu não me importo com nada, e sim, com o amor da minha vida do outro lado daquela porta! — Respirei fundo, sentindo as lágrimas se formarem e a vontade de chorar querer vim a tona de forma brusca. — Então, se você tiver pelo menos um pingo de sensibilidade com a minha pessoa e com a minha situação, se você se colocar no meu lugar e procurar entender o que eu estou passando aqui, nesse estado, você vai me deixar passar! — Esbravejei a última parte, sentido minha garganta secar e minhas pernas travarem no lugar, tentando me manter firme para não mostrar o meu abalo.

Na verdade, por dentro, eu não tinha forças. Não tinha como me manter de pé. A única coisa que eu tentava me agarrar e torcia para que pudesse me fazer viver novamente, era olhar para aqueles olhos castanhos claros e sentir que tudo ficaria bem de novo.

{RETA FINAL} Aluna Nota A Where stories live. Discover now