Capítulo 4| O início de uma jornada

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↞ 𝑨𝒖𝒓𝒐𝒓𝒂 ↠

Pelo que me explicaram o caminho seria difícil e acidentado, evitaríamos caminhos principais e qualquer interação com qualquer raça. A jornada começa e as conversas entre mim e os meus, agora, companheiros de viajem eram quase inexistentes. Depois de algumas horas de caminho paramos para descansar durante a noite. Legolas e Aragorn murmuravam algumas coisas que eu não conseguia perceber.

"Eu posso ficar com o primeiro turno de guarda." Ofereço enquanto pousava os meus pertences junto de uma árvore assim como Legolas e Aragorn tinham feito.

"Não é necessário." Aragorn fala afastando-se de nós.

Sento-me junto dos meus pertences esperando o homem voltar, provavelmente com madeira para começar uma fogueira. O elfo vai até à sua sacola e de lá tira um objeto embrulhado no que parece ser uma folha de uma árvore.

"Aqui tens." Legolas entrega-me o objeto. "É lembas, apenas um pequena mordida para saciar o estômago de um homem."

"Obrigada." Eu conhecia aquela iguaria élfica. Por vezes conseguia comprar este pão na beira da estrada, aguentava por dias, ajudava imenso quando tinha de fazer longas viagens.

Aragorn regressa e ele faz uma pequena fogueira onde o homem cozinha o seu apanhado, um pequeno coelho. Algumas horas depois fez-se noite e a fogueira foi apagada. Legolas tinha ficado com o primeiro turno de guarda e o homem já dormia profundamente.

Mas eu não conseguida, por mais que eu tentasse dormir o sono simplesmente não vinha. Olho o elfo e pondero em juntar-me a ele na esperança de conseguir um pouco de mais informação.

"Sem sono?" O elfo pergunta enquanto me aproximava dele.

"Sim." Respondo e sento-me do seu lado olhando a lua que nesta noite estava cheia e brilhava fortemente.

Nas últimas horas algo vinha constantemente à minha mente. Porque é que ele fez questão de verificar as minhas orelhas?

"O que te ocupa a mente?" Legolas pergunta com a sua voz suave enquanto esculpia algo num pequeno pedaço de madeira com uma das suas adagas.

Eu queria lhe perguntar, mas as palavras simplesmente não saiam. Eu olhava-o com atenção, os seus longos cabelos loiros refletiam toda a luz da lua assim como os meus.

"Posso te fazer uma pergunta?" Falo e Legolas continuava com a sua atenção no pedaço de madeira.

"Claro."

"Porque olhaste as minhas orelhas?" Pergunto sem rodeios e o elfo para o que estava a fazer olhando profundamente nos meus olhos.

"Onde aprendeste a lutar assim?" Ele devolve com uma pergunta e eu não respondo.

"Como me conseguiram encontrar?" Devolvo com mais uma pergunta e ele continuava com o seu olhar perfurante.

"Porque tens o cabelo tão curto?" Legolas devolve mais uma pergunta fazendo-me desviar o meu olhar e alcançar o meu cabelo.

"Para não me atrapalhar enquanto luto." Respondo olhando o vazio e colocando uma mecha de cabelo que caia sobre o meu rosto atrás da minha orelha. Podia sentir o olhar de Legolas sobre mim observando cada movimento que eu fazia.

"Posso?" O elfo pergunta aproximando-se e eu apenas assinto. Eu não sabia o que ele ia fazer, mas por alguma razão eu sentia que podia confiar nele de olhos fechados.

Legolas guia-me para sua frente, fazendo-me sentar de costas para ele no chão ficando um nível mais abaixo. As suas mãos acariciam levemente os meus cabelos e o elfo começa a fazer algumas tranças que impediam o cabelo cair no meu rosto quando menos desejado. Minutos depois ele tinha acabado.

"Obrigada." Agradeço passando as minhas mãos pelo que ele tinha feito.

"De nada, milady."

Fico mais uns momentos na sua companhia e depois regresso para junto das minhas coisas onde adormeço rapidamente.

"Aurora." Ouço a voz suave de Legolas no meu ouvido e desperto no segundo a seguir.

Vejo Aragorn pegar nas suas coisas e em menos de alguns minutos já estávamos a caminho do nosso destino.

"Tem uma vila aqui perto que vende cavalos a um preço justo, penso que diminuiria os dias de caminho." Falo apontando para o lugar e Aragorn e Legolas entreolham-se.

"Indica o caminho." Aragorn fala.

Em cerca de 1 hora já estávamos na vila e vou ter ao encontro de Tilda, a mulher que era dona do negócio dos cavalos.

"Bom dia, Tilda." Falo aproximando-me da mulher que escovava o pelo de um dos seus animais.

"Senhorita Frida. O que a traz mais uma vez ao meu negócio?" Ninguém sabe o meu verdadeiro nome, quando tenho de passar por alguma vila entrego sempre um diferente. Impossível de me seguirem o rasto, ou pelo menos eu pensava.

"Quero comprar 3 cavalos." Falo colocando uma bolsa de moedas fornecida por Aragorn e Legolas.

"Com tudo isto só te posso entregar 2 cavalos." A mulher fala contando as moedas.

"Tilda, não sejas assim. Isto dá para comprar mais do que 2 cavalos." Tento negociar por um preço justo. Não estava com muita vontade de partilhar um dos cavalos com um deles.

"Frida, dois ou nenhum." A mulher fala sem mudar a sua expressão, num momento de frustração rolo os olhos e aceito o negócio.

"Mas eu é que os escolho." A mulher apenas concorda e eu vou ao seu estábulo pegando em Sprinty e Fridel.

Deixo a mulher e o seu negócio para trás e vou na direção de Aragorn e Legolas que me olham confusos.

"Com vosso dinheiro só consegui comprar dois cavalos, este é Sprinty e este Fridel." Falo entregando os animais. Sprinty era castanho com as patas pretas e Fridel era completamente branco.

"Acho que foste roubada." Aragorn fala ao acariciar Sprinty e Legolas Fridel.

"Talvez, mas estes são os melhores cavalos que ela tinha." Falo acariciando Fridel que já tinha sido o meu cavalo por algum tempo. "Com quem montarei?" Pergunto e mais uma vez o homem e o elfo trocam olhares.

"Pode ser comigo." Legolas fala preparando o seu cavalo.

Ele sobe em Fridel estendendo a sua mão para me ajudar a subir no animal. Aceito a sua ajuda e sento-me atrás do elfo, apesar de preferir ser eu nas rédeas. Talvez se eu me portar bem ele me dê essa oportunidade. O seu arco estava nas suas costas assim como o meu e se encontrássemos algo ou alguém inesperado pelo caminho eu estaria pronta para agir.

Agarro-me com apenas uma mão às suas vestes, mas assim que começamos o nosso caminho apercebo-me que uma simples mão não ia funcionar. Então, envolvo as minhas mãos à volta da sua cintura garantindo a minha segurança.

Durante todo o caminho o meu corpo mantinha-se colado ao de Legolas, que de vez em quando pousava uma das suas mãos em cima das minhas, quase como se estivesse a certificar que eu me estava a segurar bem. 

Darkness Within You || 𝐋𝐞𝐠𝐨𝐥𝐚𝐬Where stories live. Discover now