chapter five

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Acordei um pouco enjoado, talvez seja pelos acontecimentos de ontem e o estranho sonho que tive essa noite. Eu até gostaria de contá-lo, mas não lembro de nada, no momento são só borrões.

Resolvo tomar um banho rápido, pois preciso tomar café e ir pra biblioteca trabalhar. Eu trabalho de manhã e no final de tarde, pois são os horários que não tem muita gente. Pessoas esquizofrênicas tem tendência a não gostarem e não se darem bem com muita gente em lugares, eu não tenho esse "problema", mas as vezes sinto que estou sufocando e por isso, trabalho nesses horários.

Eu fiz uma torrada com queijo e bebi um pouco de suco de laranja. Normalmente não quero nada no café, mas preciso começar a comer bem, até porque os remédios são fortes, e preciso de imunidade alta.

Meu cabelo tá começando a crescer, então, pego uma bandana verde e arrumo de qualquer jeito nesse amontoado de cachos. Eu não tenho um estilo definido de roupas, apenas pego o que gosto e visto, se ficar bom, ficou, senão, bom também.

X

Chego na biblioteca dez minutos atrasado. Tinha um rapaz baixinho na parte de fora, ele estava sentado na calçada com um copo de café e um cigarro nos dedos. Provavelmente estava esperando eu abrir e quando eu percebo que é exatamente isso, me desespero internamente, odeio fazer as pessoas esperarem. 

Abro a porta com cuidado, e vou ligando as luzes conforme vou entrando com o "senhor estranho" atrás de mim. Ele é bem quieto, e se eu não tivesse virado rápido demais e ele estivesse prestando atenção, a gente não teria se esbarrado.

-Oh, me desculpe, me desculpe, eu devia ter prestado mais atenção.- Diz ele.

E pera, eu já ouvi essa voz. Eu conheço ela de algum lugar, mas não consigo lembrar. Que saco.

-Moço?? Oi? Tá tudo bem?- Ele começa a abanar as mãos na minha frente, até porque, eu estava encarando ele a uns minutinhos, credo Harry, se comporte.

-Aí desculpa desculpa, e-eu viajei, desculpa mesmo, o que v-você dizia?- Gaguejei. Odeio gaguejar. 

-Eu perguntei se estava bem e pedi desculpas por esbarrar em voce, não foi de propósito, ok?- Ele fala rápido, meu Deus, não consigo acompanhar esse homem falante.

-A culpa foi minha, eu virei do nada e você não viu, tá tudo bem. Você vai querer algo ou..?

-Oh sim sim, eu queria saber se aqui tem o livro O Retrato de Dorian Gray.

-Temos sim...- Devia perguntar o nome dele né? Não, totalmente não.

-Louis, me chamo Louis, e você?

Pera, Louis? Eu conheço um Louis, na verdade conhecia, ele foi embora, e ele não é meu Louis, não mesmo, eu devo estar ficando louco, não é possível.

-Harry, meu nome é Harry.

X

Louis e eu ficamos conversando por umas duas horas, até ele ter que ir pra casa e eu pra terapia, confesso que estou um pouco nervoso, nunca fiz isso e tenho medo do que possa acontecer.

Eu chego ao consultório do Liam, onde a secretária me indica outra sala. Na qual tem o nome "Doutor Zayn Malik" na porta. Zayn. Eu gostei desse nome. Imagino que ele seja bonito. Ou não. Não sei. Não devia estar pensando nisso.

Eu bato na porta e uma voz grita pra eu entrar, suponho que seja ele, mas na verdade é Liam, provavelmente ele são amigos, já que estão juntos, sei que Liam namora, então não, eles não estavam juntos do jeito que está pensando.

Liam vem na minha direção e me abraça, depois Zayn vem e me estica a mão para me cumprimentar, faço o mesmo e senhor, a mão dele é linda, cheia de tatuagem e uma aliança, já entendi que nenhum dele e solteiro ok? Já entendi.

-Olá Harry, eu sou o Doutor Zayn, e vou trabalhar com você pelos próximos anos, tudo bem?

-Hey Doutor, tudo sim, só estou meio nervoso sabe? Nunca fiz isso, já fui a uma psicóloga mas nunca em um terapeuta, tenho medo de não mudar ou não melhorar entende?- Falei demais. Não tenho costume em falar muito, mas as vezes acontece, principalmente quando to nervoso.

-Não há problemas em questão a isso, Harry, eu quero que entenda que estou aqui para ajudá-lo, não para te assustar ou traumatizar, vamos conversar sobre coisas do seu dia, suas dores, e sobre sua doença. Ok?

-Ok Doutor.- Gostei dele, a voz dele é calma, e ele passa tranquilidade, vamos nos dar bem, eu espero.

X

Niall me chamou para almoçar com ele, então fui direto do consultório para lá. A consulta foi tranquila, falamos sobre minha doença, sobre Louis, e sobre uns textos que escrevo. Nada demais.

Cheguei no restaurante e avistei Niall de longe, ele parecia estar me procurando ou procurando alguém, não sei direito, mas parece que era eu, porque na hora que cheguei perto da mesa, ele gritou "HARRY!" e me abraçou muito forte. 

Conversamos sobre tudo, literalmente tudo, até que chegamos em um assunto delicado, pelo menos para mim. Niall estava namorando. Fiquei feliz por ele, isso era o mínimo que podia fazer, ele é meu melhor amigo e estou muito feliz por ele, mas, ninguém nunca vai gostar de mim desse jeito.

Sinto que nunca vou ser amado do jeito que imagino, do jeito que escrevo ou do jeito que leio.
Mas tudo bem, quem iria gostar de alguém como eu?

Imaginations of the heart. {l.s}Onde histórias criam vida. Descubra agora