chapter eight

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Acordei sozinho está manhã. Não que eu não esteja acostumado, mas lembro de dormir com Louis. Lembro dele fazendo carinho em meus cabelos e cantando uma música baixinho para eu pegar no sono. Ele estava aqui.

Eu estava prestes a levantar da cama, naquela manhã gelada, quando ouvi a porta se abrir, cogitei ser coisa da minha cabeça, mas ouvi a voz dele. A voz dele cantando I see the light, do filme enrolados, meu filme favorito.

Me cobri com o cobertor e fingi que estava dormindo apenas para apreciar a voz dele. Eu poderia passar anos ouvindo aquela voz, ela traz uma calma, uma paz inexplicável. Ouvir ele falando ou cantando é a mesma coisa que ouvir os anjos.

Devo ter pegado no sono de novo, pois quando acordei, a porta do quarto estava se abrindo e revelando um Louis Tomlinson com os cabelos bagunçados, uma bandeja cheia de comida nas mãos e a mesma música nos lábios.

Ele veio até mim e beijou minha testa antes de se sentar ao meu lado e me olhar com aquelas olhos azuis tão lindo. Sinto que poderia me afogar neles, mesmo não sabendo nadar.
Oceanos, me lembram de alguém do passado.

-Canta de novo. Canta a música pra mim. Por favor.

Eu não esperava que ele fosse aceitar, mas quando estava prestes a falar que não precisava, ele começou. Ele começou a cantar olhando no fundo dos meus olhos, como se me dissesse algo.

"Vejo enfim a luz brilhar
Já passou o nevoeiro
Vejo enfim a luz brilhar
Para o alto me conduz
E ela pode transformar
De uma vez o mundo inteiro
Tudo é novo pois agora eu vejo
É você a luz"

Eu acho que entendi. Ele tá falando que sou a luz dele? Que eu mudei a vida dele? Isso não pode fazer sentido, eu sou só uma pessoa com uma doença mental que com os anos vai afetar meu corpo inteiro e que poderá me matar quando eu menos esperar, eu não posso fazer isso com ele.

Olhei pra ele e encontrei aqueles olhos azuis transbordando em lágrimas. O oceano estava se afogando. Estava em meio às lágrimas. Eu devia salvá-lo não? Eu devia puxar ele pra superfície e dizer que estava ali com ele?

Eu abracei ele. Abracei ele tão forte que meus braços estavam pedindo ajuda, estavam doendo de tanta força. Mas eu precisava, precisava salvá-lo e eu fiz isso. Salvei William.

Estava tão perdido em meus pensamentos, que não notei ele querendo me contar algo, provavelmente iria dizer que me deixaria, que iria embora por não aguentar minhas dores ou minhas crises. Iria embora por não me aguentar mais.

-Ei Edward, quero te falar algo, mas antes que você ache que vou embora, saiba que não vou. Já falei que isso depende apenas de você, que só você pode me mandar embora, porque, se depender de mim, eu fico aqui até o final. Até o último suspiro.

Não esperava por essa, realmente não esperava. Ele devia saber o que se passava na minha cabeça, pois quando terminou de falar, me olhou e sorriu de lado, como se dissesse "eu vivo na sua cabeça querido, eu sei o que se passa aí dentro". Vai ver ele realmente vive aqui dentro.

-Pode falar William. Eu não quero que você vá embora, não seria louco de fazer uma atrocidade dessas. Vamos me fale.

-Desde que te vi na biblioteca eu senti coisas batendo asas dentro de mim, chutaria borboletas, mas não gosto de pensar nelas presas. Eu senti um turbilhão de sentimentos me invadindo apenas por olhar nos seus olhos e enxergar o que você passava e o que você queria passar. Eu me aproximei com a intenção de te fazer conhecer o mundo antes que algo ruim aconteça, me aproximei porque você emana luz. Sinto que estou começando a gostar de você mais do que deveria e mais do que palavras podem descrever. Você não é a pessoa que pensa Edward. Você é luz, é calmaria, é tranquilidade, assim como também é um furacão, tempestade e chuva. Eu tenho medo de tempestades e chuvas fortes, mas amo encarar elas. Amo ficar frente a frente e sentir o que elas passam. Amo sentir o efeito que você tem sobre mim. Você deve estar me achando um louco por falar tudo isso, mas é a verdade amor, somente a verdade. Eu estou começando a ficar apaixonado por você e por suas pequenas coisas Edward Styles.

Nos olhamos com os olhos cheios de lágrimas e sentimentos escorrendo pelas bochechas. Posso dizer que a grama estava molhada e o oceano transbordava. Que as flores renasceriam e os peixes nadariam de volta. O mundo voltava a viver como devia conforme não aproximamos.

-Hey William, eu também estou começando a ficar apaixonado por você e pelas suas pequenas coisas.

Cheguei mais perto dele e coloquei minhas mãos em suas bochechas. Encarando aquela imensidão, eu repeti "estou pronto para me afundar, estou pronto para em entregar." E assim que ele entendeu, eu o beijei.

Gostaria de dizer que foi um beijo calmo, mas não foi. Naquela manhã gelada, pegamos fogo. Incendiamos. Ele beijou cada uma das minhas cicatrizes e abraçou minhas inseguranças.

Ele me jurou o mundo e eu falei que já estava olhando para ele. Eu jurei as estrelas e ele disse que elas estavam nos meus olhos. Então, juramos amor eterno.

X

Hoje seria o dia que sairíamos com nossos amigos, confesso que estou nervoso, mas William disse que ele vai estar do meu lado, segurando minha mão e dizendo que está tudo bem e que estou lindo nessas roupas.

Chegamos no bar e ele não estava lotado, haviam poucas mesas e devia ter entre cinquenta pessoas, provavelmente Niall fechou o lugar porque eu iria e porque sabe que odeio lugares lotados.

Niall tinha separado uma mesa em um local mais "reservado", diria que era a área vip, mas não sei se ele tem isso aqui. Gosto desse bar, porque ele resume tudo o que Niall demonstra. Tem jeito irlandês e nova iorquino. Eu gosto.

Cumprimentamos todos com um abraço. Foi meio estranho abraçar Zayn, já que não temos esse costume, mas eu entendo que fora do consultório ele é somente o Zayn, não o Doutor Zayn Malik. O abraço dele é bom, é como se eu estivesse sendo abraço por um anjo ou pela minha mãe. Tipo abraço casa.

Eles pediram cervejas e lanches com batatas. Eu pedi suco e um lanche simples. Odeio ser o "excluído" do grupo. É sempre tão esquisito, diferente. Não sei, todos podem beber e aproveitar como pessoas normais e eu não. Tudo isso graças a essa doença.

O tempo passou rápido até, quando vimos já estava anoitecendo e o bar começando a lotar. Niall insistiu para não pagarmos, mas eu não achei certo, então paguei. Ele provavelmente vai falar que não precisava, que foi por conta da casa ou algo do tipo, mas eu não ligo.

Nos despedimos de Niall e saímos. Liam falou que ia sair com a namorada, Zayn falou que ia pra casa ver sua filha e namorada e Louis falou que ia embora comigo porque sim. Não perguntei o motivo, óbvio, mas sabia que tinha algo por trás daqueles olhos azuis tão lindos.

Não foi isso que aconteceu quando chegamos perto do carro. Um homem qualquer, viu que Louis segurava a minha mão e esbarrou em mim de propósito, gritando que gente como a gente não deveria existir, que nós somos monstro e deveríamos ser presos por pecar.

Ele acertou um soco no meu estômago e eu senti o mundo parar. Já levei um soco, mas não chegou a ser tão forte assim. Mas Louis não deixou ele se livrar, ele voou pra cima do homem e desferiu socos e mais socos nele. Se eu estivesse bem, teria pedido pra parar, mas eu desmaiei e não pude ajudar.

Quando acordei, estava em uma maca. Já falei o quanto odeio hospitais? Pois é.

Escutei a voz de Louis sussurrando vários pedidos de desculpas e eu me senti culpado por não poder ajudá-lo.

-Ei William, eu to bem, está tudo bem. A culpa foi minha, eu devia ter te ajudado ou impedido a briga.

-Não Edward não. Não repita isso. Ele mereceu. Eu estou bem, estamos bem ok? Você só desmaiou por causa da adrenalina, e eu levei uns pontos dos dedos, mas estamos bem.

-William, não. Olha o que você fez por mim. Você levou pontos. Pontos nos dedos. Não. Não. Não.

-Edward, por você eu faria qualquer coisa ok? Qualquer coisa mesmo, tudo que você me pedisse eu faria, não importa o preço ou o que aconteça. Eu faço por você.

-Qualquer coisa mesmo?

-Qualquer coisa!

-Me leve para conhecer o mundo. Me leve até os extremos. Me leve ao céu, e depois me traga a terra. Faça coisas inimagináveis comigo. Me deixe dançar na chuva com você. Pois, eu só sei dançar com você.

Imaginations of the heart. {l.s}Where stories live. Discover now